Para algumas questões, a língua japonesa é muito mais complexa que a nossa. Um dos casos, o que conheço melhor, mas nunca é o suficiente, já que não sou falante da língua, é o do pronome "Eu". Esse pronome pode variar de muitas formas, há as questões ligadas à formalidade, há as questões de gênero, há as geracionais. Por exemplo, Watashi (わたし/私) é um "eu" neutro, serve para homem, ou mulher, gente de qualquer idade, mas há a forma mais polida do pronome que é Watakushi (わたくし/私). Washi (わし/儂) é um "eu" que, quando aparece, será usado por idosos. Já as crianças podem usar Atachi (あたし), as mulheres também usam essa forma. Há mangás em que a mocinha forte e guerreira usa Atashi quando fala com o seu amado. Isso acontece, por exemplo, em Anatolia Story, é como se ela descesse vários degraus e se infantilizasse.
No dia-a-dia, as mulheres normalmente usam Watashi, Boku (ぼく/僕) é um "eu" masculino, mas que pode aparecer na boca de uma personagem feminina forte como Utena (*ainda que com uma peculiaridade extra*), já Ore (おれ/俺), é um eu masculino absoluto. Riyoko Ikeda disse em entrevista que abandonou o anime da Rosa de Versalhes quando colocaram Oscar falando Ore, e é bem no primeiro capítulo. No mangá, a personagem só usa Watashi, ou Watakuchi, a depender com quem esteja falando. Fora que, na época da série e para a geração de Ikeda, usar Ore era coisa de homem mal educado. Mas vamos para a pesquisa.
Oscar sempre usa Watashi. |
O Sora News publicou uma pesquisa feita pelo site Joshi Spa entre mulheres de 30-39 anos, pedindo que ordenassem as formas de “eu” usada pelos homens que mais agradam a elas. Foram cem mulheres participantes.
6º. Wai (わい)/Oira (おいら) – 1% – Segundo o SN, são formas de “eu” usadas em certas áreas rurais do Japão. Fazendo uma aproximação, seria o “eu’ caipira que denunciaria que você não é de Tokyo, por exemplo.
5º. Uchi (うち) – 2% – Este seria um “eu” usado por mulheres e homens, PORÉM, na região de Kansai, especialmente, em Osaka, seria muito usado por mulheres assertivas e seguras de si. Enfim, não é uma versão atrativa quando na boca de um homem.
4º. Jibun (自分) – 3% – Se entendi bem, seria uma maneira educada e formal de referir-se a si mesmo. Fica bem em uma correspondência, no ambiente profissional, mas em uma conversa com mulheres faria o sujeito parecer um nerd, ou metido.
ビバリーヒルズの映画館で一番爆笑をかっさらっていったシーン(たたみかける字幕に注目)#君の名は pic.twitter.com/LI3bfBdjzt— 石松拓人🛰 (@notactor) January 23, 2017
Em Your Name (Kimi no Na wa。), há uma cena que ficou incompreensível, porque ela faz piada exatamente em relação ao uso do "eu" pela garota que está no corpo de um rapaz. Isso se perde, porque só no japonês temos tantas variantes.
3º. Watashi – 12% – É o “eu’ padrão, o que está nos livros de japonês. É polido, é adequado, mas pode soar frio emu ma conversa informal com as mulheres.
2º. Boku – 30% – É o “eu” masculino informal, seria uma forma de quebrar o gelo do Watashi. Agora, segundo o SN, em Osaka, o Boku pode parecer infantil demais, coisa de adolescente que quer mostrar que não é mais criança. Pontuou alto, mas não é o favorito.
1º. Ore – 50% – É o “eu” indiscutivelmente masculino. O sujeito mostra virilidade e confiança. No entanto, o SN adverte que no ambiente corporativo pode soar inadequado e deve ser substituído por Watashi, ou Jibun.
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