sábado, 27 de julho de 2019
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7:07 AM
Mais de uma semana atrás, finalmente assisti Homem-Aranha: Longe de Casa. Quando o filme estreou, estava no Rio e as sessões perto de mim eram todas dubladas. Para a minha sorte, em Brasília, havia muitas opções de sessões legendadas com e sem 3D em horário acessível para mim. Pois bem, trata-se de um bom filme, Tom Holland continua uma simpatia como Homem-Aranha, mas o filme é super dependente do último filme dos Vingadores, tão dependente, que parece uma continuação dele. Mas qual é a história básica do filme?
Terminado o ano letivo, o primeiro depois dos cinco anos em que permaneceu no limbo depois do estalar de dedos de Thanos, Peter Parker (Tom Holland) está em uma viagem de duas semanas pela Europa, ao lado de seus amigos de colégio, quando é surpreendido pela visita de Nick Fury (Samuel L. Jackson). Convocado para mais uma missão heroica, ele precisa enfrentar vários vilões que surgem em cidades-símbolo do continente, como Veneza, Londres e Praga. Na falta dos Vingadores, cabe ao Homem-Aranha assumir a responsabilidade, Parker tenta se esquivar, afinal, seu único desejo é curtir as férias e se declarar para MJ (Zendaya), mas o dever vem atrás dele, por assim dizer. Só que o Homem-Aranha não está só, ele será ajudado pelo enigmático Mysterio (Jake Gyllenhaal), que afirma ter vindo de um universo paralelo ao nosso.
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Festival beneficente para as vítimas do estalar de dedos de Thanos. |
Olha, tata-se de um filme difícil de resenhar, porque se eu detalhar demais, entrego muitos spoilers. Por exemplo, o fato da discussão sobre Multiverso estar no filme, e isso já se remete ao Aranhaverso, que foi um filme muito melhor, diga-se de passagem, não quer dizer que ele tenha função na película. O que temos é somente uma explicação dada por Parker sobre o possível funcionamento desses múltiplos universos. Enfim, a ideia desse novo Homem Aranha é ser um "o dia seguinte" de Vingadores Ultimato com algumas pitadas de comédia juvenil. Funciona em ambos os casos, mas cria-se um problema, pois se você não assistiu aos filmes dos Vingadores, é difícil compreender a narrativa. Existe até uma certa dependência em relação ao filme da Capitã Marvel. Achei um exagero.
"Ah, Valéria, deixa de ser chata, os filmes da Marvel são todos interligados!" Sim, eu sei. O MCU tem uma coerência interna e é essa uma das razões do sucesso dos filmes da Marvel. OK, não estou disputando essa questão, o problema é que não tinha visto ainda um filme de herói tão dependente de outros para existir. Se você pegar esse segundo Homem-Aranha para assistir somente com o primeiro filme com o Tom Holland de bagagem, ele não vai funcionar, porque além de discutir, ainda que de forma superficial, a questão do lapso de cinco anos e do impacto sobre os adolescentes do filme, temos o luto, em especial, pela perda de Tony Stark. Na verdade, o filme gira em torno da personagem de Robert Downey Jr.
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Mysterio não é o que parece ser. |
No filme anterior com Tom Holland, desenhou-se um elo pai-filho entre Peter Parker e o Homem de Ferro. Mas não é somente isso, mesmo a trama dos vilões, e não darei detalhes, está ligada a Tony Stark. Precisava? Acredito que não. O filme foi desagradável? Não. Mas queria um vilão menos gigantesco, ou megalomaníaco, e uma trama que reforçasse o papel do Homem-Aranha como um super herói "amigo da vizinhança". Eu sabia que dificilmente teríamos um vilão tão bom como o Abutre, mas o problema nem é esse, parece que não vão deixar o jovem Peter Parker voltar para sua vidinha, ele é um dos Vingadores, agora.
Já a parte adolescente do filme, que eu vi alguém (*perdi o link*) comparando com Malhação (*deve ser gente jovem, eu só consigo lembrar dos filmes dos anos 1980 da Sessão da Tarde*) fica por conta da viagem de férias de Parker e seus colegas de escola. O "Longe de Casa" se remete ao fato de estarem na Europa. A viagem, claro, acaba sendo sequestrada por Nick Fury e nada acontece do jeito que o garoto queria. Parker pretendia se declarar para MJ e, além de ter que se desvencilhar de um rival (*o bonitinho Remy Hii*), que era somente uma criança quando ele desapareceu cinco anos antes, precisa lidar com Nick Fury e os vilões. É muita pressão e ele acaba fazendo bobagem com um valioso presente dado por Tony Stark (*Aliás, que ideia infeliz do Homem de Ferro dar aquilo para um adolescente, mas abafa o caso*).
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Roubaram as férias dele. |
Como em outros filmes de adolescente, e o Homem-Aranha com Holland tenta ser um filme juvenil mesmo, os professores são dois idiotas. Poderiam ser carrascos, mas opta-se pelo outro estereótipo. As piadas funcionam comigo, porque, bem, eu tenho muita simpatia por esse Home-Aranha. Gosto do elenco, especialmente Tom Holland e Zendaya, e eles estão bem no filme. O melhor amigo do herói Ned Leeds (Jacob Batalon) também é simpático e acaba tendo uma trama própria desenvolvida ao longo do filme. Fora isso, há ainda a relação da tia de Parker (Marisa Tomei), que parece mais jovem que no outro filme, com Happy (Jon Favreau), braço direito de Tony Stark e que tem um papel importante no filme.
De qualquer forma, mesmo com um monte de personagens femininas com nomes, não sei se o filme cumpre a Bechdel Rule, mas eu gosto muito da MJ da Zendaya. É legal perceber que romperam não somente com a questão racial, e o novo Homem-Aranha é cheio de diversidade como o primeiro, mas o padrão de gênero no qual o rapaz precisa ser mais alto que a namorada. Agora, um problema, Tom Holland amadureceu muito de um filme para o outro. No primeiro Homem-Aranha, ele parecia adolescente, neste segundo, os traços de seu rosto, a linha do maxilar em especial, já denunciam que ele não é mais. Não sei de dá para esticar muito a high school dele.
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Ele até consegue se declarar, mas não do jeito planejado. |
Fechando, há duas cenas pós-créditos, a primeira está relacionada a Nick Fury e meio que mostra por qual motivo a personagem parece menos inteligente do que a média nesse filme; a segunda atira o próximo filme com Tom Holland em uma situação difícil. Espero que a Marvel consiga lidar com o que decidiu desencadear. Enfim, saí feliz do filme, mesmo que gostando muito menos do vilão e com sérias dúvidas sobre algumas escolhas feitas. De novo, trata-se de uma mistura de filmes de super-herói com os filmes adolescentes dos anos 1980, com um acréscimo de películas ao estilo "Férias Muito Loucas". Diverte, enfim. Desculpem por uma resenha tão curta.
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