sábado, 15 de junho de 2019

Morreu Franco Zeffirelli que dirigiu montes de filmes que poderiam ser um shoujo mangá


Sigo alguns jornais italianos no Twitter e acabou de sair a informação de que Franco Zeffirelli acabou de falecer em sua casa aos 96 anos de idade.  É uma longa vida.  Ele dirigiu filmes para o cinema, óperas e peças de teatro.  Acredito que poucos sabiam criar filmes tão dramáticos, românticos e bonitos como ele.  Se ele tivesse alguma vez tido a oportunidade de colocar as mãos em um Orpheus no Mado (オルフェウスの窓), ou em um Coração de Thomas ( トーマの心臓), ou  Waltz wa Shiroi Dress de (円舞曲は白いドレスで), ou outra obra histórica da Chiho Saito, ele faria uma obra de arte.  

Essa música é um grude.  A trilha sonora inteira é.

Não vi todos os filmes do Zeffirelli, ele tem um currículo muito extenso.  De qualquer forma, ele fez a versão mais linda de Romeu e Julieta (1968), escalando adolescentes para os papéis e com uma trilha sonora marcante e que ficou gravada na memória das pessoas por anos.  Eu tinha lido a peça aos 13 anos e chorado copiosamente, ao assistir o filme era como as personagens ganhassem vida em todo o seu esplendor trágico.  Ele também fez a versão da vida de Francisco de Assis (1972) linda, respeitosa e dialogando com as premissas do movimento hippie.  Não é minha versão favorita (*escrevi um post sobre filmes sobre Francisco de Assis uma vez, coloquei, inclusive, que acho o filme chato, talvez, seja hora de revê-lo*), mas é, com certeza, a mais bonita e a que eu poderia exibir para meus alunos e alunas sem susto, sem medo, e com a certeza de que eles sairiam encantados.

Zeffirelli conseguiu fortalecer ainda mais essa imagem do
Jesus branco na cabeça das pessoas.
Seu Jesus of Nazareth (1977) era obrigatório na Semana Santa e ajudou a eternizar no imaginário aquela ideia de que Jesus era branco e de olhos claríssimos, mas prefiro o Cristo de Zeffirelli ao espetáculo sensacionalista reacionário sanguinolento de Mel Gibson.  Mas Zeffirelli também dirigiu uma das melhores versões de Hamlet (1990) com o próprio Gibson no papel título.

Storia di una Capinera: Zeffirelli no seu melhor.
Ele dirigiu um dos meus filmes favoritos, Storia di una Capinera (1993), baseado em um livro Giovanni Verga, maior nome do romantismo italiano.  Falei desse filme no Shoujo Café, em um post sobre os filmes que eu deveria rever.  Agora, Zeffirelli me decepcionou bastante uma vez, quando soube que ele iria dirigir Jane Eyre, eu vibrei.  Vai ser espetacular!  E, bem, ele poderia ter usado toda a sua mão pesada para o drama e foi tão contido que produziu um filme morno, com um Rochester depressivo.  Ele errou logo com um dos meus livros favoritos, mas acertou tantas e tantas vezes, que eu só tenho a agradecer.  A resenha está aqui.

A escalação de Jane foi correta, mas o Rochester...
Enfim, parece que Zeffirelli viveu bem sua longa vida e deixou um grande legado para todos nós.  Eu sou grata, muito grata, pelos filmes e preciso correr atrás do que ainda não assisti.  e, não, não estou ponderando aqui sobre as ideias políticas de Zeffirelli, que eu nem sei direito quais são, mas sobre sua contribuição para o cinema. 💜

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