Assisti ao último filme dos Vingadores na quinta-feira de estreia, estava sozinha e fiz uma resenha sem spoilers. Na quinta-feira seguinte, consegui convencer meu marido a ir ao cinema ver o filme. O único filme dos Vingadores que eu tinha assistido duas vezes, tinha sido o primeiro. Aliás, é raro nos últimos anos, conseguir assistir um filme mais de uma vez nos cinemas. Primeiro, falta de tempo; segundo, os ingressos se tornaram muito mais caros do que eram quando eu estava lá nos anos 1980-90. Talvez, o texto tenha vindo já muito tarde, afinal, muita gente já comentou inclusive coisas que eu devo comentar, mas trabalhei até no sábado e estou corrigindo provas, realmente, não tive tempo ainda para sentar e escrever um texto robusto.
Pois bem, primeira coisa que tenho a colocar é que gostei muito de assistir de novo, especialmente, em um cinema melhor, com uma tela decente. Pude ver bem, coisas que não tinha percebido da primeira vez. As lágrimas vieram aos olhos mesmo sabendo o que iria acontecer. Observei melhor certas questões, também. Outra coisa, meu marido gostou do filme, muito mesmo, e foi a primeira vez que o vi demonstrando euforia e alegria em muitos meses. Ele sofre de depressão (*além de outras coisas*) e, nesses últimos tempos, a situação geral do país só tem feito o seu estado geral de saúde piorar. Perceber o efeito benéfico do filme sobre ele já valeria pela sessão inteira. E, sim, este texto que já demorou muito a sair, talvez seja um tanto desordenado, espero que isso não incomode a muita gente.
No final, ela fez pouca diferença. |
Quem assistiu ao primeiro filme e não é ingênuo já sabia que todos os que viraram pó iriam voltar. O que não tínhamos ideia era de como os heróis conseguiriam ressuscitar os amigos e todos os outros desaparecidos. Aliás, nem sabíamos se isso seria possível. Ao longo do filme, tivemos que lidar com um detalhe doloroso, porque foi, nem todo o mal que Thanos tinha feito, pode ser desfeito. algumas personagens morreram de fato e acredito que o MCU (Marvel Cinematic Universe), não irá se trair nesse aspecto. Começo citando dois exemplos, Visão (Paul Bettany) e Gamora (Zoe Saldanha) estão definitivamente mortos. Ambos foram sacrificados para que Thanos tivesse acesso a duas das jóias, ele pela jóia da mente, já Gamora, a da alma.
O Homem de Ferro se sacrifica por todos. |
Fãs de anime e mangá precisam aprender a lidar com o luto e com a necessidade do recomeço, sei disso desde que Anthony caiu do cavalo e quebrou o pescoço em Candy Candy. Pessoas morrem, a gente sofre, guarda as boas lembranças. Por isso mesmo, quando cheguei para assistir Ultimato, uma morte estava certa para mim, a de Tony Stark (Robert Downey Jr.). O que sempre me pareceu o mais importante é o como o roteiro iria me entregar esse momento. Não podia ser da forma abrupta e sem significados maiores como a morte de Tasha Yar na primeira temporada de Jornada nas Estralas: A Nova Geração. Era necessário fazer justiça à trajetória da personagem, a primeira a estrear no MCU, em 2008. E assim foi feito. Da segunda vez que assisti, conseguindo enxergar o filme direito, umas lágrimas brincaram nos meus olhos. Ver Ultimato pela segunda vez, me emocionou mais do que da primeira.
Algo que incomodou muita gente e que, para mim, engrandeceu o herói. |
Dentre os sobreviventes em destaque, afinal, o filme tinha como objetivo fechar a saga dos Vingadores originais (*do cinema*), o Capitão América (Chris Evans) e a Viúva Negra (Scarlett Johansson) eram os mais engajados, cada um da sua maneira, em tentar ajudar aqueles que sobreviveram e conseguir superar sua própria dor que não era pequena. Os demais, nesse caso, o Homem de Ferro, o Hulk (Mark Ruffalo) e Thor seguiram em frente, ou, no caso deste último, permaneceram doentiamente atrelados ao passado, mas volto a isso mais adiante.
Natasha sofre por ter falhado e se esforça por proteger os que restaram. |
Vejam bem, convivo com um depressivo, conheço vários dos sintomas mais comuns dessa doença, acredito que a representação do Thor foi muito próxima daquilo que eu vejo perto de mim. No caso do Thor, com um agravante, a culpa. "Ah, mas ele precisava ser gordo?" Olha, o Thor não estava obeso, porque este é o seu biotipo, sabemos bem que não era o caso. Ele engordou e se tornou alcoólatra, para mim um traço determinante nessa equação toda, porque acabou sendo arrastado pela doença. Nada no seu ambiente doméstico era saudável. Havia sujeira. Havia muita bebida alcoólica e o que de comida vimos, era pizza. Eu amo pizza, mas a gente sabe que não é lá muito saudável comer essa iguaria todos os dias.
As palavras certas, ditas pela pessoa certa. |
Thor continua gordo no final do filme e não menos poderoso. |
Como você viu o filme, sabe que a trama envolveu viagem no tempo como forma de conseguir reverter o que Thanos tinha feito, localizando as joias no passado. Tivemos citações a vários filmes e mesmo a um dos meus seriados favoritos, Quantum Leap. Segundo meu marido, que entende muito mais da parte científica da coisa do que eu, teoricamente é possível viajar no tempo seguindo essa teoria de redução ao nível de partículas quânticas. Obviamente, ninguém deve se torturar sobre essas questões. Primeira coisa, eu ADORO historias com VIAGEM NO TEMPO, teria que ser muito ruim para não me agradar. E vejo a coisa da seguinte forma, viagem no tempo raramente não produz uma boa história, seja apelando para conceitos científicos mais sólidos, e foi esse o aporte que a ideia do Homem Formiga (Paul Rudd) trouxe para o filme, ou de lances mais absurdos.
Coisas que só uma boa viagem no tempo podem fazer por você. |
O filme ofereceu para Thor, Homem de Ferro e Capitão América a grande luta que os três heróis mereciam em sua última (*aparente*) participação no MCU. O confronto com Thanos foi dramático, heroico e bem impactante. O momento em que o Capitão América consegue erguer e usar o martelo do Thor em especial. Mau marido estava esperando por isso desde o primeiro filme e reclamava bastante, muito mesmo. E ele ficou vibrando. Também foi bem coerente, dentro da lógica do filme, devolver o Mjolnir ao passado, assim como a jóias, restaurando o fluxo temporal. E, sim, a única participação de Loki criou a possibilidade de vermos Tom Hiddleston, mas o irmão de Thor que sobreviveu, não foi o que tinha passado por uma série de experiências importantes que permitiram que ele se tornasse alguém melhor. Dito isso, o Loki que vai voltar em algum filme futuro, talvez, no próximo Guardiões da Galáxia, é aquele lá do primeiro filme dos Vingadores. vamos ver no que vai dar isso...
A melhor personagem feminina do filme. |
Nebula, irmã de Gamora, uma personagem secundária nos filmes dos Guardiões da Galáxia, teve o melhor arco dentre todas as mulheres do filme. Ela salva o Homem de Ferro, ela atua como membro efetivo da equipe que tenta derrotar Thanos, ela faz as escolhas certas, inclusive eliminando seu "eu" do passado. Sim, Karen Gillian fez duas personagens, a fiel servidora do vilão, a filha maltratada, usada, ofendida e, ainda assim, fiel, e a do presente, transformada por uma série de experiências, mas, ainda assim, com uma personalidade coerente.
Nebula cresceu e apareceu nesse filme. |
Aliás, algo importante aqui. A Gamora que fica na história não é a mesma que viveu uma série de experiências com os Guardiões, da mesma forma que o Loki não será, mas algo que o filme deixa em aberto e era muito importante, é como os renascidos irão lidar com o retorno. Se gente como o Gavião Arqueiro (Jeremy Renner) ficou com a vida parada após a morte de sua família, outraas pessoas seguiram com sua vida. Cinco anos é muito tempo. Quantas pessoas casaram de novo? quantas pessoas se suicidaram? Quantas vidas seguiram em frente? Sei que não dava para lidar com esses temas dentro de um filme enorme, mas fiquei com minha cabeça trabalhando em cima disso. E, bem, se falamos do Gavião, vamos direto para Natasha e o sacrifício da Viúva Negra.
Natasha e o Arqueiro formam uma dupla, seja por serem amigos de verdade, seja por serem as personagens mais frágeis dos Vingadores. |
Mais do que isso, temos uma repetição, ainda que não movida pelos mesmos sentimentos, da morte de Gamora. Idêntica cena, tal e qual um duplo invertido. A Viúva Negra, uma mulher sem família, sem laços definitivos, por assim dizer, se sacrifica pelo amigo e por metade do universo, elevando-se; já Gamora, é sacrificada pelo pai, uma criatura cheia de defeitos e contradições, um monstro de egoísmo, um indivíduo que se arvora o direito de ser um deus, para que ele possa eliminar metade do universo. Com certeza, poderíamos ter seguido outro percurso, feito outras escolhas, mas matar mulheres é aquela forma mais preguiçosa de empurrar um herói para a ação.
Os roteiristas sacrificaram três mulheres por este homem. |
Em relação a isso, uma coisa que a Mikannn pontuou e que eu não tinha pensado, foram três mulheres sacrificadas para que ele pudesse crescer. Natasha, a esposa e a filha. Prestem atenção que ele dá pouca ênfase à perda de seus meninos, ele fala da esposa e da filha. Por elas, ao que parece, ele se torna um exterminador. Elas morrem, ele vai ao inferno e se torna o Ronin. Natasha morre, ele tem sua elevação final. Não, não foi justo. Até o Rocket (Bradley Cooper) teve mais crescimento que a Natasha nesse file. Viram ele protegendo o Groot (Vin Diesel) no campo de batalha? E, sim, o filme foi ótimo com isso tudo, também.
O filme é dos homens, não importa quantas mulheres eles coloquem para preencher a tela. |
Vocês sabem que eu gostei do filme. Eu poderia ficar citando tudo o que amei, começando com o uso de Nebula, seu crescimento, e o papel do Homem Formiga; a representação do Thor depressivo; a luta de Tony Stark com ele mesmo, seu crescimento como herói. Gostei, também, de terem dado ao Capitão América a chance de ser um sujeito comum, porque, bem, ele sempre foi o sujeito comum, de bom caráter e sentimentos puros, elevado à herói. E o Homem Aranha (Tom Holland), fofo e confuso, sem entender muito bem o que estava acontecendo, mas feliz por estar vivo. Mesmo o Hulk foi muito bem utilizado e quem acompanha o MCU sabe o quão acidentada é a carreira do herói em seus filme solo. E eu espero que o Dr. Estanho (Benedict Cumberbatch) dos Vingadores cresça e apareça em seus filmes solos, tirando a decepção que o primeiro filme do herói me deixou.
Ah, Marvel! Vocês precisam tratar melhor as suas personagens femininas. |
Foi um filme de muitos altos e poucos baixos. Só que alguns dos pontos baixos estão relacionados às mulheres. Ainda é muito difícil questionar velhos clichês quando se trata da representação das mulheres. Fala-se muito em diversidade, cogita-se um próximo filme com um (*ou uma*) super-herói gay. Será bem-vindo, ou bem-vinda, mas eis que a Marvel anuncia que irá revelar que um de seus grandes heróis atuais é homossexual. Os dedos de muita gente estão cruzados para que seja a Capitã Marvel.
Sim! E ela sozinha poderia ter detonado Thanos, mas a gente sabe que os roteiristas não deixariam. |
De resto e concluindo, parei para prestar atenção nos olhares entre o Bucky (Sebastian Stan) e o Capitão América quando o herói viaja para o passado. Sim, entendo que o povo ship os dois e vou tomar vergonha na cara e assistir ao Soldado Invernal, porque o Blu-ray está aqui em casa e não assisti por preguiça. Segundo li, os atores revelaram em entrevista que a cena dos dois, os olhares e tal, estão ligados ao fato do Capitão ter revelado antecipadamente para o amigo que não pretendia voltar, que iria ficar no passado. Whatever... Também prometo ver finalmente os dois filmes do Homem Formiga para resenhar. Já os do Hulk, apesar do Eric Bana, não, não tenho vontade.
E o Capitão América usa o martelo de Thor. |
(Postado em 12/05)
1 pessoas comentaram:
Primeiramente, feliz dias das mães!
Em relação ao filme em si, fui uma das pessoas que não gostaram do longa no geral, mas acredito que seja mais por uma questão subjetiva do que por problemas, por exemplo, de coerência no roteiro.
Acho que o ponto principal é o quão você simpatiza com a personagem do Tony. Embora os outros vingadores originais tenham sua respectiva relevância dentro da narrativa - especialmente o Steve e o Thor, cada um com seu arco definido no longa -, para mim ficou claro que o filme é indiscutivelmente uma espécie de ode a trajetória do Tony ao longo do MCU, onde os seus relacionamentos pessoais (Pepper, Morgan, até personagens extremamente secundárias como o Happy e aquele garoto do 'Homem de Ferro 3' reaparecendo neste filme) tendo quase a mesma importância de tempo de tela quanto o resto do desenrolar da trama.
E é até certo ponto compreensível, uma que ele é o ponto de partida do MCU - desconsiderando aquele filme solo do Hulk coletivamente ignorado. Mas para muitos como eu (e acredite, tem muita gente) que sempre detestaram o Tony, com pouca ou zero empatia para com ele, é extremamente frustante ver uma personagem que eu não me importo nem um pouco sobressair e ofuscar um encerramento de uma saga em detrimento do desenvolvimento de outras personagens e a descaracterização de tantas outras.
Enfim, teve muitas outras coisas que eu não gostei no filme (Natasha também merecendo um funeral em tela, a decisão do Steve no final do longa implicando que ele irá ignorar as revelações e eventos de Soldado Invernal, etc), e eu poderia escrever por horas exemplificando os motivos, mas no final das contas o filme me pareceu insatisfatório porque a personagem principal não me convenceu e/ou não me comoveu. Se o foco do filme tivesse sido, por exemplo, o Steve, aí sim acredito que teria tido uma reação conpletamente diferente.
Mas fico contente que você e seu marido tenham gostado do filme, e como eu disse antes é uma questão mesmo de afinidade com as personagens apresentadas. Não gostei muito de Homecoming também, mas pretendo ver o filme porque gosto do trabalho do Tom Holland e para esclarecer essas dúvidas em relação ao salto temporal (o amigo dele também foi dizimado no estalo, não?). Enfim, veremos.
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