Nunca tinha parado para me informar, ou assistir, DC's Legends of Tomorrow série da Warner que está disponível, também, na Netflix. Já tinha ouvido falar, mas meu conhecimento, e interesse, devo acrescentar, era zero. Só que minhas amigas fãs de Jane Austen estavam curiosas para ver como a escritora inglesa seria tratada. A isca era suficiente para que eu fosse olhar. Primeiro, veio o trailer do episódio, ele está aí embaixo:
O 11º episódio da 4ª temporada de Legends of Tomorrow, exibido esta semana, se chama Séance & Sensibility. Trata-se de um trocadilho com o livro "Sense & Sensibility" (Razão & Sensibilidade) de Jane Austen, seu primeiro trabalho publicado (1811) e a palavra "séanse", que significa sessão espírita. São duas histórias em um mesmo episódio, a de Jane Austen e outra que parece unir vários outros capítulos do seriado. Vamos lá, assisti ao episódio antes de ir olhar detalhes do que a série é, ou era, nas suas origens, porque eu parei para ver o episódio piloto anteontem antes de dormir. Só com o episódio da Austen, achei que era uma série de humor, de qualquer forma, esse episódio, pelo menos, foi.
Nate e Zari se gostam. Isso eu percebi, o motivo da mentira para a mãe do rapaz, não faço ideia.
Temos de um lado os funerais do pai de uma personagem chamada Nate (Nick Zano), os dois não se davam bem, ou estavam com as relações estremecidas. No velório estão todas as personagens principais da série, com destaque para Zari (Tala Ashe), que gosta do rapaz e, por algum motivo que desconheço, fingia para a mãe do moço que era sua namorada. Dentre os presentes, Ray (Brandon Routh), é o que está mais aflito, porque todos acreditam que Nora (Madeleine Arthur), a moça (8ou entidade, ou super-heroína, sei lá*) de quem ele gosta, matou o pai de Nate. Durante o velório chega um chamado da nave-mãe (*eles tem uma nave máquina do tempo, ela aparece no episódio piloto*) para que todos, menos Nate, claro, sigam para uma missão. OK.
De cara reconheci Constantine.
Na nave mãe, uma personagem chamada Mona Wu (Ramona Young) percebe que os nomes dos livros de Jane Austen estão desaparecendo de sua camiseta. Ela é fã da escritora, aquele tipo de janeite que adoram colocar na ficção, vide Austenland. Enfim, daí, as moças - Zari, Sara/Canário Branco (Caity Lotz), Charlie (Maisie Richardson) e Mona - vão para o passado dispostas a pegar uma entidade que estaria bagunçando a vila onde Jane Austen (Jenna Rosenow) estava e fazendo com que a autora perdesse a fé no amor e na humanidade, ou assim, elas acreditavam.
Charlie carrega a sombrinha com toda a graciosidade. SQN.
Havia de fato uma entidade mexendo com a libido das pessoas e causando grande confusão, a reencarnação do deus hindu do desejo, do amor e da lúxuria, Kamadeva (*nem o conhecia*). O ator que encarna o deus, Sachin Bhatt já entra em cena impactando as moças, especialmente, Zari, que estava fugindo de uma conversa com as amigas sobre Nate. Daí, ela disse algo assim: "Se começarmos a falar de homem, a gente não cumpre a Bechdel Rule.". Sim, tem umas tiradas ótimas no episódio. De qualquer forma, Zari fica um tanto balançada pelo sujeito que, efetivamente, tem muito sexy appeal. Aliás, é muita gente "interessante" em um seriado só...
Jane Austen, a própria.
As moças investigam a origem do distúrbio e vão até a casa de Jane Austen, sendo apresentadas a autora por sua irmã Cassandra. Aliás, colocaram uma Cassandra muito antipática e meio que reprimindo a irmã. Realmente, foi um detalhe que não gostei. O encontro com Austen não é tão caloroso como Mona desejava, mas a autora convida ela e Sara para passearem pela sala, como em Orgulho & Preconceito. É uma delícia ver as várias referências aos livros de Austen e a empolgação da fofa da Mona, até que ela se decepciona com sua autora favorita e, literalmente, vira bicho.
Um passeio pela sala com Jane Austen.
Não faço ideia do processo, mas a mocinha se transforma em uma espécie de lobisomen. Na verdade, Kamadeva nada tinha a ver com o desaparecimento dos livros de Austen, a autora simplesmente tinha desistido, decepcionada com o machismo do mundo editorial. É Mona que salva o dia, porque termina convencendo Austen de que, sim, suas obras são importantes e foram fundamentais para a vida de muitas pessoas em mais de dois séculos. Não que Mona seja um bom exemplo de fã, mas, como eu pontuei, ela faz a linha de fã doidinha que vemos em vários livros e filmes que homenageiam Jane Austen. De qualquer forma, Austen aparece pouco, o centro da história é Kamadeva.
Zari termina enredada pelo deus Kamadeva.
Quando capturam Kamadeva pela primeira vez, ele é colocado em uma cela campo de força e confessa para Zari que, na verdade, é um sujeito chamado Sunjay, que se apropriou indevidamente das cinzas da divindade depois que ela foi incinerada por Shiva. Curioso eu nunca ter ouvido faar desse deus que tem tantos pontos em comum com eros/cupido. Kamadeva, o deus, não o do seriado, é um arqueiro e suas flechas tem o efeito que vocês já imaginaram. No episódio, ele traz consigo um frasco com as cinzas da divindade e são elas que deixam o povo meio doido.
O "sonho" de Zari.
Ele joga as cinzas no duto de ar da nave e os efeitos sobre os tripulantes são os mais variados. Sonhos eróticos, masturbação e Ray (*que é o sujeito mais bonitinho do elenco*) se transformando totalmente. Ele estava escondendo Nora em seu quarto e mantendo uma distância ultra-casta em relação à moça, mas as cinzas do deus acabam virando sua cabeça. Há uma cena entre Kamadeva e Zari em que as cinzas são usadas como metáfora para cocaína inclusive. E a moça embarca em um romance com a entidade, ou sei lá o que seja Kamadeva/Sunjay.
As pessoas perdem a samarras graças às cinzas do deus.
No passado, de novo, o cenário deixa de ser a Inglaterra regencial e se transforma em um filme de Bollywood e coloquei um monte de imagens logo abaixo. As roupas são lindas, o clima entre Sunjay/Kamadeva e Zari é interessante. Temos música, dança e cor, além de um quase casamento. De novo, cabe à Mona trazer alguém de volta à razão. Assim, eu veria de novo e de novo essas partes legais do episódio.
Mona estraga o casamento de Zari e Kamadeva, ao chamar todo mundo à razão.
Porque, sim, há a outra parte, a da sessão espírita. A única personagem que eu conhecia e reconheci de imediato em DC's Legends of Tomorrow foi Constantine, que, pelo menos na minha cabeça, é uma espécie de detetive espiritual. Acertei? Ele descobre que o pai de Nate, seu espírito, na verdade, está vagando pela casa. Temos, então, o encaminhamento da reconciliação entre pai e filho, assim, algo bem comportado e cheio de bons sentimentos, para que o espírito do sujeito se apazigue e certas injustiças sejam desfeitas. Nora não era a única que estava sendo acusada sem nada ter feito nesse caso, mas é uma trama que depende do que veio antes e eu desconheço.
Ray acredita na inocência de Nora.
No fim das contas, há um inimigo maior, um demônio que confronta Constantine no final. O detetive espiritual termina se apequenando e bebendo para esquecer o que descobriu. Enfim, terminando, porque comecei e parei essa resenha várias vezes, foi um episódio bem divertido e relativamente fácil de acompanhar para quem não conhece a série, como eu. Como olhei o piloto, achei o Ray do início e o do episódio bem diferentes, como se ele tivesse se tornado ingênuo e meio atrapalhado, mais para o fofo do que para o idiota. Pode ter sido somente impressão. E quanto aos poderes, bem, só vi Mona e Constantine mostrando os seus, mais ninguém.
A divindade hindu estava tocando fogo na Inglaterra do início do século XIX.
Não sei se teria pique para pegar e assistir Legends of Tomorrow, teria que pegar desde o começo, ou da terceira temporada, sei lá. De qualquer forma, como um amigo me disse uma vez, todo seriado norte-americano que se preza tem um episódio musical. Acredito que o desta série tenha sido esse. E foi inusitado que juntassem Bollywood e Jane Austen dessa maneira. Melhor ainda, o resultado foi bom e bem divertido e caliente.
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