Como estou de férias e fora de casa (*isso quer dizer que minha internet só funciona de manhã ou na madrugada e depois, bem...*), só fui tomar pé em uma matéria/entrevista com o Maurício de Sousa hoje. "Se depender de Mauricio de Sousa, Cebolinha não usa losa nem blinca de boneca", começo escrevendo que considero o título da matéria da Folha de São Paulo bem sensacionalista e desnecessário, mas se o objetivo era produzir desconforto e discussão, o objetivo foi atingido. Por outro lado, se você lê as respostas do Maurício de Sousa se depara com um sujeito que parece ser super-reacionário e não falo somente da questão de gênero, mas do que ele fala sobre bullying, também, além de desconectado do material que é produzido pelo seu próprio estúdio. Ao que parece, ainda que sejam criações dele, quem está no comando da empresa de fato é sua filha Mônica, sim, a que inspirou a personagem mais famosa de seu pai, e a visão dela é muito mais moderna que a dele.
O que eu quero dizer com esse primeiro parágrafo? Não se deve relevar o que o Maurício disse, devemos fazer a crítica, sim. Agora, salvo se houver uma guinada repentina naquilo que os estúdios do Maurício de Sousa vem produzindo faz mais de uma década, já temos discussões de gênero aos montes, inclusive meninos brincando de boneca, assim como a presença de temas feministas em várias histórias. Tudo diluído, tudo em doses homeopáticas, mas eu não espero que seja diferente. E, não, o fato do estúdio ter feito material louvando as Forças Armadas não é sintomático de mudança, é coisa que eles sempre fizeram. Tem gente lendo essa entrevista do Maurício de Sousa que não pega um gibi da Turma da Mônica faz 20 anos, que não conhece Mônica Jovem, que nunca viu um desenho animado da turminha do Limoeiro, ou sabe dos projetos do estúdio, e fazendo um escândalo enorme.
Prova viva de que Maurício está por fora do que é feito pelos seu estúdio. |
Crianças brasileiras no Japão tiram coragem dos quadrinhos
De Rikako Takada
Terça-feira, 25 de dezembro de 2018
O governo japonês está no meio de um esforço para recrutar pessoas de fora do país para trabalhar em uma ampla gama de áreas onde a escassez de pessoal é um problema contínuo. Entre eles estão muitos brasileiros - uma comunidade que tem sido um dos maiores grupos de estrangeiros no Japão desde os anos 90. Mas algumas crianças brasileiras acham difícil se adaptar às escolas japonesas. Eu conheci um artista brasileiro que está incentivando-os através de seus quadrinhos.
Mauricio de Sousa e seu quadrinho “A Turma da Mônica”
Mauricio de Sousa é um quadrinista brasileiro popular. Ele foi apelidado de Walt Disney do Brasil por causa de seu sucesso no negócio de quadrinhos e pela criação de personagens populares.
Mauricio de Sousa é o cartunista de maior sucesso no Brasil. Ele visitou o Japão em novembro de 2018. |
Mauricio visitou comunidades brasileiras no Japão para incentivar as crianças que vivem em uma cultura completamente diferente de seu país de origem. |
Mauricio nasceu e cresceu em um subúrbio de São Paulo, onde moram muitos nipo-brasileiros. Ele esteve no Japão muitas vezes e construiu uma conexão profunda com o país por meio de mangás ou histórias em quadrinhos. Ele era amigo do lendário cartunista japonês Osamu Tezuka. A Mônica de Mauricio já apareceu em uma história colaborativa com o célebre Astroboy de Tezuka.
Mauricio era amigo do lendário cartunista japonês Osamu Tezuka, à direita. Eles compartilhavam da paixão e da filosofia dos mangá antes de Tezuka morrer em 1989. |
Livros e carimbos para crianças brasileiras no Japão
No ano passado, Mauricio criou um livro para ajudar as crianças brasileiras a aprender sobre a vida escolar no Japão. Ele mostra a Mônica experimentando novas atividades que não são comuns nas escolas brasileiras, como almoços escolares comunitários ou limpeza das salas de aula.
Mauricio diz: “A vida escolar será o primeiro contato com a sociedade japonesa para a maioria das crianças brasileiras. Então, usei o livro para apresentar as regras da sociedade que eles encontrarão quando vierem ao Japão ".
Ele também ajudou a fazer carimbos com Mônica e mensagens encorajadoras, como "Boa sorte!" ou "Tente de novo!" em português e japonês. Os carimos e livros foram entregues às escolas em todo o Japão.
Um professor dedicado aos estudantes brasileiros
Os carimbos eram originalmente a ideia de um professor do Ginásio Hie na cidade de Konan, na província de Shiga. É uma área industrial que abriga muitos brasileiros e outros trabalhadores estrangeiros. Mais de 10% dos alunos da escola são não-japoneses.
Yoshimichi Aoki, do Hie Junior High School, ensina estudantes brasileiros com aulas especiais. |
O carimbo à esquerda é a invenção original de Aoki. Agora ele usa os carimbos de Mônica e outros personagens. |
Menina brasileira encontra tranquilidade nos desenhos de Mauricio
Sarah Kusumoto, de quatorze anos, é uma grande fã dos desenhos de Mauricio. Ela consegue desenvolver conversas do cotidiano em japonês, mas ela vem para a aula de Aoki para aprender assuntos que requerem habilidades linguísticas mais profundas, como estudos sociais. Ela se mudou de Brasília para o Japão há dois anos, quando seus pais começaram a trabalhar no Japão. Ela lembra que a vida escolar não foi fácil no começo.
Sarah diz: "Quando eu estava no sexto ano, meus colegas tentavam conversar comigo. Eu entendia que eles estavam tentando fazer amizade comigo, mas eu não sabia o que eles estavam dizendo. Não ser capaz de fazer amigos me fez realmente triste." Naquela época, uma coisa que a animava era assistir A Turma da Mônica. Ela adorava o desenho porque Mônica podia fazer amizade com qualquer um.
Sarah diz: “A Turma da Mônica é toda sobre amizade. Há um personagem chamado Cascão, que não gosta de água ou tomar banho. Ele fede, mas Mônica não o deixa fora do grupo, porque ela sabe que não ter um amigo é mais difícil do que qualquer coisa. ”
No ano passado, algo memorável aconteceu - Mauricio visitou a cidade onde Sarah mora. Ela recebeu uma cópia do mangá que Mauricio fez para crianças brasileiras no Japão. Sua parte favorita é onde Mônica incentiva uma criança que é nova no Japão. Ele descreve como uma nova língua pode ser difícil no começo, mas com o tempo e a ajuda de novos amigos, tudo funciona no final.
Sarah gosta da página onde os personagens dizem que ninguém precisa ficar sozinho, já que isso pode acontecer com qualquer criança em um novo país. O livro de Mauricio lhe ensinou que ela pode pedir ajuda a seus amigos. Então, ela começou a perguntar a seus colegas quando ela tinha perguntas. Ela também ajuda outros estudantes brasileiros que são novos no Japão.
Para contar a mais pessoas sobre o apoio de Mauricio para estudantes brasileiros no Japão, Sarah fez uma apresentação chamada "Um Presente Especial do Exterior" em um concurso de fala em inglês. Ela foi bem recebida e ela ficou em segundo lugar.
Sarah Kusumoto teve a chance de conhecer Mauricio e contar o quanto ela foi encorajada por seus quadrinhos, assim como pelos livros e carimbos que fez para as crianças brasileiras no Japão. |
Mauricio vem divulgando sua mensagem sobre a importância da amizade através de seus quadrinhos e emocionou muitos jovens brasileiros, tanto em casa quanto no exterior.
As aventuras de Mônica no Japão podem ser lidas on-line em português, espanhol, inglês e japonês.
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