Uma pesquisa, o título é bem sugestivo, aliás, SuperPowering Girls, foi patrocinada pela BBC e pelo Women’s Media Center apontou uma série de questões sobre a representação feminina no cinema e na TV. Algumas delas, a gente já sabia, de muito tempo, aliás, mas é sempre bom ter um levantamento mais extenso com 2,431 pessoas entre meninos e meninas (5-9 anos), pré-adolescentes e adolescentes (10-19 anos) e pais de meninos e meninas. Os resultados completos estão aqui e são bem interessantes.
Um dos aspectos importantes é que entre 2/3 das meninas de 10 e 19 anos entrevistadas apontam que tem poucos modelos nos quais se inspirar na TV e no cinema. Por exemplo, se comparamos os dados das meninas e dos meninos entre 15-19 anos, temos o seguinte:
Um dos motivos para essas diferenças estaria ligado a falta de modelos na TV e cinema. Em outro gráfico, é mostrado que a maioria das meninas sejam crianças (5-9 anos), ou pré-adolescentes e adolescentes (10-19 anos), tem a mãe/madrasta como principal modelo. No caso do gráfico das maiores, não aparece a figura da super-heroína, mas para as menininhas, as super-heroínas aparecem com 18% da preferência como modelo. Entre os meninos da mesma idade, 36%. Entre os garotos mais velhos, os heróis têm 12% da preferência. As meninas mais velhas, se espelhariam com mais frequência em celebridades.
“Foi realmente surpreendente, para mim, o fato de que meninos e meninas, além de adolescentes ambos os sexos, reconheceram que há menos oportunidades para mulheres e meninas", disse a presidente do Centro de Mídia para a Mulher, Julie Burton, à THR. "Isso é em uma idade precoce, e isso está definindo o caminho para todo o futuro do que eles elas escolhem e o que eles e elas pensam que podem ser. Mas o fato de que os garotos estavam reconhecendo que há uma diferença de gênero nas oportunidades é extremamente poderoso. São notícias deprimentes, mas esperançosas. O reconhecimento é o primeiro passo para tentar fazer ajustes e mudanças ".
O estudo apontou que ¾ das meninas de 10-19 anos dizem que sua super-heroína favorita as faz se sentirem mais fortes, corajosas, ou inspiradas. Quase 6 em 10 diz que assistindo as super-heroínas elas sentem que podem fazer qualquer coisa, quando pegamos as meninas de cor, a quantidade que concorda com a afirmativa é ainda maior. Outro ponto é que se os meninos não são expostos a mulheres em posição de poder na ficção, eles mostram mais dificuldade em aceita-las como tal no dia-a-dia. E isso influencia, também, nas escolhas de carreira, apontando para uma grande diferença entre homens e mulheres nas carreiras do chamado STEM (science, technology, engineering, and mathematics), isto é, as engenharias, a matemática, as áreas de tecnologia etc.
Outro gráfico aponta que 85% das meninas entre 10-19 anos querem mais super-heroínas e protagonistas de ficção científica, 69% dos meninos dizem desejar o mesmo, enquanto 80% dos pais de crianças de ambos os sexos entre 5-9 anos manifestam-se da mesma forma. O problema é que o gênero super-heróis ainda é muito centrado nos homens e meninos.
"Tem havido histórias desde tempos imemoriais de heróis do sexo masculino salvando o mundo ... Por causa desse alicerce do herói masculino, podemos introduzir nuances, podemos introduzir vulnerabilidade, podemos introduzir escuridão, todo tipo de reviravoltas sobre o que isso significa" Barnett disse. "Então você olha para as mulheres no espaço da representação de super-heróis, [e] ainda não há base suficiente, uma solidez fundamentada das mulheres salvando o mundo... Ainda não há suposição suficiente de que as mulheres possam solidamente ocupar esta posição de herói, de ser o salvador".
O estudo vai além e aponta que 81% das meninas estão felizes em ter uma mulher como Dr. Who. A nova temporada estreou esta semana. Quando a gente abre para ver os heróis e heroínas favoritos, lá está a Mulher Maravilha Solitária disputando com Batman, Super-Homem e Homem Aranha entre as meninas mais velhas, as mais novinhas, percebem, também a Supervirl. Será por causa da animação? Veja o gráfico abaixo:
Agora, se pegamos as meninas e meninos de cor, uma surpresa, porque o segundo lugar para ambos é sempre o Pantera Negra.
Enfim, há muitos dados na pesquisa. Peguei a própria, a matéria do Hollywood Reporter e a do UOL sobre ela. Espero que as informações tenham sido válidas. É interessante perceber a compreensão das crianças sobre o tema. A minha aprendeu desde cedo a reclamar da falta de representação feminina, estimulo da mãe, claro, mas acho muito importante lembrar as meninas de que, sim, elas podem. Agora, em tempos de fascismo crescente, é bom estimulá-las a se empoderar. Por essas e outras, estou aguardando os efeitos que a nova She-Ra terá sobre a minha Júlia.
0 pessoas comentaram:
Postar um comentário