O Comic Natalie trouxe a informação de que a última edição da Hana to Yume veio com um drama CD de Azufareo no Sobayounin (蒼竜の側用人), de Shiki Chitose, como brinde. É uma história em duas partes. Como eu fiquei curiosa, porque volta e meia vejo esse mangá na capa da Hanayume, fui procurar scanlations. Achei somente os dois primeiros capítulos, a série já está no volume #5.
Julius e Lukull. |
O resuminho da série é o seguinte: o monarca de Azufareo foi enfeitiçado e este é um segredo que poucos conhecem e que pode colocar em perigo a segurança do reino. Lukull pertence a uma linhagem de sacerdotisas com poderes de cura (*e o resto do pacote, provavelmente*), mas sua irmã gêmea acaba sendo a escolhida para ser a herdeira daquela geração. Em sua vila não há lugar para ela e Lukull é vista como alguém que não conseguiu ser digna de ser a escolhida. Ela se oferece para trabalhar no palácio real, pois havia grande demanda por jovens que pudessem cuidar de um hóspede precioso. Nenhuma durava muito tempo, na verdade, a maioria não conseguia suportar um dia de trabalho.
A capa da Hana to Yume. |
Lukull tem medo, mas ela não tem para onde voltar, assim, ela não se intimida diante do dragão mal humorado que está aprisionado em uma câmara fria e triste. Na verdade, ela termina gostando dele, apesar das grosserias iniciais e descobre o segredo guardado a sete chaves, Julius, o dragão, é, na verdade, o rei de Azufareo sob o efeito de uma terrível maldição que passa de geração em geração.
Lukull tem que dar banho e tirar as escamas velhas do dragão. É um mangá inocente, mas há algo de erótico nisso, sem dúvida. |
Enfim, comentando o pouco que eu li da série. Lukull, a mocinha, é gostável desde o início. Ela é nossa protagonista típica de shoujo mangá, tímida, porém corajosa, quando precisa ser, um tanto desastrada, mas persistente e cheia de energia. Aliás, para se relacionar um um dragão agressivo - que parece ser em alguns momentos um ore-sama guy, mas que descobrirmos ter lá suas razões - ela precisa dessas características. Ela é, também, absolutamente inexperiente no amor e acaba, curiosamente, parecendo gostar mais de Julius em sua forma dragão do que da sua forma humana. Sim, sim, ele se transforma por alguns minutos graças ao sacrifício de Lukull, que estava disposta a morrer com ele e lhe dá um beijo. Assim, é um mangá fofo e com possibilidades, eu diria, mas estou atropelando as coisas...
A mocinha parece preferir o rei na sua forma dragão. |
Falando de Julius, o primeiro capítulo foi muito competente em apresentar os dois protagonistas, o rei-dragão e a donzela que irá salvá-lo (*imagino, eu*), porém, foi um tanto raso em apresentar a situação do dragão, isto é, ele estava preso e havia um usurpador. Como este sujeito tomou o poder, e se foi somente preso ou dele se livraram no fim do primeiro capítulo, não fica muito bem explicado. Talvez, a tradução não tenha sido competente. A maldição de Julius, a sua incapacidade de voltar a forma humana, ou controlar sua transformação para dragão, deve ser explicada ao longo dos volumes, mas o complô foi mal arranjado, ainda que a sequência da tentativa de assassinato, com Lukull se sacrificando pelo dragão, tenha sido bem feita.
Mas não achei Julius muito bonito na sua forma humana. |
O segundo capítulo mostra Julius reocupando o seu lugar como rei, mas sem poder se mostrar para a população. Ele não pode ser visto, só quem trabalha no palácio e diretamente ligado ao rei conhece o segredo. O drama deste capítulo é a animosidade que esses funcionários, especialmente, o camareiro-mor do rei, Leinz, que é muito jovem e bishounen para presidir um conselho de anciãos, enfim, em relação à Lukull. Eles querem que ela vá embora, ela se recusa, afinal, ela não tem para onde ir, e Julius não permite.
A revelação. A cena é do primeiro capítulo. |
O jogo, então, passa a ser fazê-la se sentir inadequada. Ela passa a tratar Julius com toda a deferência, mas ele a repreende, quer que ela o trate como antes, sem honoríficos (*sama*), ou mesuras. Por fim, Julius, que é extremamente inteligente, identifica uma armação para tentar incriminar Lukull. É o desfecho do capítulo 2, ele não viverá sem ela.
Essa cena é de um volume mais avançado. |
Há ecos de A Bela e a Fera em Azufareo no Sobayounin. Ambos, o rei enfeitiçado e a donzela sem função, são dois marginalizados a sua maneira. Lukull não é uma prisioneira, está longe da condição inicial de Bela, mas como não tem para onde ir, ela se apega ao dragão com todas as suas forças, mas não se dobra, nem é subserviente, ou medrosa. Ela é doce, verdade, tem uma aparência frágil, mas é competente e, pela primeira vez isso é reconhecido em sua vida.
Julius meio humano, meio dragão aqui. |
Outro mito que ecoa em Azufareo no Sobayounin é o do Rei Pescador das Lendas Arturianas, na verdade, um mito muito mais antigo e que atravessa várias culturas. Resumindo, o rei mantém um elo físico com a sua terra. Se o rei adoece, a terra adoece com ele. O usurpador mantém Julius vivo, porque sabe disso, mas ao encarcerar o dragão, ele adoece e a terra, também. A ideia do falso rei, então, é se livrar do dragão, porque ele não teria mais função e se estrepa. De resto, não deve demorar muito para Lukull convencer Julius de que ele precisa ver a sua terra e conhecer o seu povo, mesmo sem confessar sua identidade.
O Drama CD. |
Terminando, Azufareo no Sobayounin é um mangá simpático, leve e bem desenhado. A ambientação do reino branco com influências árabes estilizadas, sem, contudo, fugir do lugar comum dos materiais de fantasia japoneses estilo RPG ou jogos virtuais que pululam por aí. Se tem dragão, deve ter outros seres mágicos, também, claro. Queria ler pelo menos o primeiro volume, mas só achei esses dois capítulos. Azufareo no Sobayounin poderia virar anime, talvez, efetivamente vire. O teaser do drama CD está aí embaixo:
0 pessoas comentaram:
Postar um comentário