Eu dormi mal. Eu sonhei com o Museu Nacional. E este post expressará meu desalento e minha raiva. O Museu Nacional era lugar que para quem é do Rio de Janeiro fazia parte da infância. Ir até a Quinta da Boa Vista, normalmente, de trem, no meu caso, descer na Estação de São Cristóvão, atravessar, visitar o Zoológico, rolar na grama, andar de pedalinho, visitar o Museu, comer cachorro quente que só tinha aquele sabor naquele doce lugar, beber Mineirinho, ou Grapette. Não sei quantas vezes fui, com pai e mãe e irmão, com igreja, sozinha, com meu irmão (*que fez mestrado em Paleontologia na UFRJ, no complexo do Museu e me mostrou suas entranhas*), com meus colegas de faculdade...
Pensem em um Governo que extinguiu o Ministério da Cultura e tentou fazer disso uma bandeira de moralização dos gastos públicos. Pensem em um governo que cortou brutalmente as verbas para cultura, saúde, educação, não faz questão de mexer nos mega salários e privilégios e conter a corrupção. É isso que rouba dinheiro daquilo que é importante e leva o país à da bancarrota. O deputado Chico Alencar do PSOL, que foi meu professor na UFRJ, estava se lamentando que mesmo aquelas emendas que os deputados podem mandar praticamente para onde quiserem, estavam sendo bloqueadas. 200 mil reais para ajudar o Museu. 200 mil. Esse é o (des)governo atual. O mesmo que venda a EMBRAER, que entrega a Base de Alcântara aos EUA. Não são só os museus, como se pouco fosse, repito, é a soberania nacional.
E não me venha falar "Ah, Dilma cortou verbas!" Cortou, sim, 10% do orçamento do MEC, por exemplo, se foi. Fez errado, a gente tacou pedra, mas releia "cortou brutalmente". Quem está dentro de uma instituição pública HOJE talvez entenda. Quem faz pesquisa, certamente entende. Talvez, quem frequentou o IFCS (instituto de Filosofia e Ciências Sociais) no tempo de FHC, como eu, tenha uma ideia do que seja. Nós com entulho no claustro central do instituto, com dois banheiros femininos públicos (*havia um e outro em laboratórios, mas nem todo mundo podia usar*) abertos para quatro pavimentos, e os homens não tinham mais que isso, também, sem papel higiênico (*fomos à Reitoria protestar*) fiação à mostra. Em determinado momento, a escadaria monumental, que era feita de madeira, foi interditada.
Lembro de um amigo belga de uma colega que foi visitá-la e brincou que nunca tinha estado em um prédio bombardeado da 2ª Guerra tamanho o desmazelo do nosso prédio. Nosso prédio, inaugurado em 1811, era mais antigo que o do Museu Nacional que completa este ano 200 anos. Era um pouco assim e a gente ainda tinha falta de professores, mas lutamos, continuamos, e quem não viveu a época, que se formou no governo do PT, não sabe o que é sofrimento, não, quem está na universidade, ou nos institutos de pesquisa nesse momento, talvez esteja descobrindo. E pode piorar.
Agora, o Museu Nacional foi destroçado. Suspeita-se de um balão, o cúmulo do acaso e da irresponsabilidade, mas se houvesse água nos hidrantes, talvez, desse para evitar a tragédia generalizada. Nào foi ACIDENTE, é PROJETO. Roubaram um pedaço do passado do nosso país, do futuro de tantas pesquisas e da minha história pessoal, das minhas memórias afetivas. E tem candidato prometendo acabar mais uma vez com o Ministério da Cultural. Mais uma vez.
P.S.: Mas, aí, você lê um negócio DESSES e começa a perder a fé na humanidade..
Agora, o Museu Nacional foi destroçado. Suspeita-se de um balão, o cúmulo do acaso e da irresponsabilidade, mas se houvesse água nos hidrantes, talvez, desse para evitar a tragédia generalizada. Nào foi ACIDENTE, é PROJETO. Roubaram um pedaço do passado do nosso país, do futuro de tantas pesquisas e da minha história pessoal, das minhas memórias afetivas. E tem candidato prometendo acabar mais uma vez com o Ministério da Cultural. Mais uma vez.
P.S.: Mas, aí, você lê um negócio DESSES e começa a perder a fé na humanidade..
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