Estrelas do K-Pop levam o caixão do astro Kim Jong-hyun. |
O suicídio é a quarta causa de morte de jovens no Brasil, no mundo, é a segunda causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos. Achei no R7 uma matéria mostrando os dados de suicídios no Brasil e que teria havido um crescimento entre 2000 e 2016, com uma estabilização em 2017, que pode ser, simplesmente, uma oscilação. Estima-se que 800 mil pessoas tirem sua vida no mundo todos os anos. Por exemplo, nos últimos meses, vários astros coreanos, a maioria muito jovens, cometeram suicídio (*1-2*). Gente muito jovem, muito famosa, mas vivendo sobre uma pressão absurda. Quando vejo as notícias e as fotos, sinto um aperto no coração.
Uma das grandes sequências do anime da Rosa de Versalhes, é o suicídio de Charlotte. |
Vejam que são países bem diferentes em termos de desenvolvimento social, cultura, economia etc. Não vou discutir que o suicídio é um fato social, é histórico e cultural, porque não quero me estender, mas convém observar a situação dessas sociedades e ver que um país católico até a medula como a Polônia aparece em décimo lugar. As religiões monoteístas abominam o suicídio, o martírio é tratado meio que em separado, mas tirar a vida voluntariamente não é algo aceitável.
Nessas horas, só lembro da Duquesa de Polignag gritando loucamente no mangá da Rosa de Versalhes (ベルサイユのばら) que sua filha, Charlotte, não tinha se matado, que tinha sido acidente. Essa cena não aparece no anime. Por essas e outras, eu sempre me pergunto se em nações muito religiosas, ou hipócritas, esse tipo de morte não é falseada, ou sub-notificada. Acabei encontrando uma página do CVV confirmando minhas suspeitas, pelo menos, para o Brasil.
Oscar, que estava com o ombro ferido, não conseguiu salvar a menina. |
Mas você está aqui e quer as tais sugestões de mangás. Vou sugerir dois que saíram no Brasil pela JBC, Vitamin (ビタミン) e Orange (オレンジ), ambos têm resenha no blog, basta seguir os links. Enfim, são dois shoujo mangá que tratam de um tema que é muito delicado no Japão. Em Vitamin, a situação de bullying sofrida pela protagonista a faz desejar a morte, seria questão de tempo não estivesse a autora, Suenobu Keiko, preocupada em nos levar ao inferno e tirar de lá. Talvez, um pouco de compreensão, atenção da família, da escola, dos amigos e amigas, quando existem, poderiam ajudar muitos adolescentes em dificuldade. Nesse sentido, o mangá é pedagógico e Life (ライフ), da mesma autora, faz um bom trabalho nesse sentido, também, mostra, especialmente, a importância que os amigos podem ter na vida de quem está em sofrimento, mas, infelizmente, duvido que o vejamos lançado em nosso país.
Em Orange, a coisa tem outra dimensão. Aconteceu o suicídio e o grupo de amigos parece ter uma segunda chance, a possibilidade de impedir que Kakeru tirasse sua vida. Há o estigma familiar, afinal, a mãe do garoto se matou e ele sente culpa. Não vou dar detalhes. Orange, especialmente o volume 6 (*resenha*), trabalha muito bem a cura. A gente pode ajudar, mas nem sempre conseguirá evitar. A ajuda dos amigos é fundamental, mas o apoio de profissionais é muito importante. Não adianta ignorar que há terapia, remédios, exames, coisas que podem ser fundamentais para sair de uma situação limite. Isso não está em Orange.
Escrevendo o texto, acabei lembrando de outro mangá que saiu no Brasil e que trata do suicídio sem que seja um tema fundamental: Sunadokei (砂時計). Talvez tenha sido um dos melhores shoujo lançados aqui pela Panini. Na série, a mãe da protagonista, depois de abandonada pelo marido, tem que voltar com a filha para a cidadezinha do interior, voltar para a casa dos pais que nunca apoiaram o matrimônio, e ser vista como uma fracassada. Ela não aguenta e tira sua vida. Pessoas adultas também se matam por vergonha, per sentirem-se incapazes. O mangá, no entanto, não dá ao suicídio da mãe da protagonista o peso que ele merecia, especialmente, porque, mais lá na frente, ela vai morar com o pai. Eu acredito em cura e perdão, mas a coisa precisa ser trabalhada direitinho. Orange, por outro lado, faz bem esse trabalho e mostrar como se processa a cura, o que é muito importante.
Trailer das Cinco Graças. Um dia, eu resenho.
Enfim, é isso. Eu queria escrever sobre a data, mas confesso que achei o texto um tanto pobre. Recomendo, também, um filme, A Single Man (*Direito de Amar, no Brasil*) que discute o tema do suicídio, as motivações e a redescoberta da vida, ainda que, bem, o desfecho talvez não seja o que a gente queria. Sobre ambientes repressivos e suicídio, há As Virgens Suicidas, filme americano sobre cinco irmãs infernizadas por pais ultra-religiosos, que já virou um clássico, e As Cinco Graças (*coincidência no número de irmãs*), filme turco sobre as agruras de cinco irmãs em um ambiente religioso igualmente repressivo e hipócrita, afinal, a questão do suicídio está ligada ao abuso sexual perpetrado por um membro da família... Mas, pelo menos, algumas irmãs se salvam, nem todas morrem. Eu sei, não estou ajudando... Fiquem só com Orange e Vitamin, eles, sim, tem algo de positivo para passar sobre o tema.
1 pessoas comentaram:
Qual a necessidade de usar uma imagem do momento da saída do corpo do Jonghyun para o carro funerário? Poderia ser uma sala de flores. Sério, o assunto é muito importante de ser tratado, mas acho que essa foto de tumb tá bem infeliz.
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