sábado, 11 de agosto de 2018

Editoras japonesas se unem em campanha on line para acabar com a pirataria de mangá

O Sora News trouxe matéria sobre uma campanha movida pelas editoras Shogakukan (Weekly Shonen Sunday), Shueisha (Weekly Shonen Jump), Kodansha (Weekly Shonen Magazine), e Kadokawa (Young Ace) usando suas personagens shounen populares.  Curiosamente, como o SN ressaltou, um pirata (Luffy) está comandando uma campanha contra a pirataria.  Um tanto nonsense, vamos combinar... 

No Tweet do site oficial da campanha, o Shuppan Koho Center, se lê mais ou menos isso: “Vamos parar de visitor sites ilegais de pirataria de mangá!  Este é o anúncio para a campanha “STOP! As versões piratas” em que muitas editoras estão participando.  Ela está ligada ao empoderamento e proteção dos autores de mangá para que eles e elas continuem produzindo conteúdo novo.  Nós pedimos a sua cooperação.” 



O site da campanha explica que a indústria do mangá ilegal normalmente lucra com propaganda e assinaturas de usuários.  E para quem não acredita nas perdas da indústria de mangá, das editoras e autores, o site oferece vários dados e suas fontes, tais como:
  • As perdas estimadas no Japão são de 50 bilhões de ienes (448.9  milhões de dólares).
  • As perdas estimadas nos EUA são de 1.3 trilhões de ienes (11.7 milhõs de dólares).
  • Dano estimado causado pelo maior círculo de pirataria do Japão, Haruka Yume no Ato, é de 73.1 bilhões de ienes.
  • Dano estimado causado pelo site pirata Manga Mura é de 320 bilhões de ienes.
O site da campanha descreve em um quadrinho chamado  “Os mangás estão tendo problemas por causa das versões pirata.  Proteja-os!  O ciclo de criação!" como a pirataria atinge o processo de criação de mangá e como a pirataria age:



Quadro 1: Os mangá-kas
As vendas estão declinando por causa da proliferação das cópias piratas.  Os artistas não conseguem sobreviver. "Eu não tenho dinheiro para comer!"

Quadro 2: ditores
Novos talentos não podem ser cultivados pela indústria de mangás cheia de esperanças e sonhos.  "Eu não consigo encontrar nenhum novato!'

Quadro 3: Funcionários das livrarias
Por causa do declinio das vendas e lucros, a situação das livrarias está em risco.  "Mangá não está vendendo mais, uhu."

Quadro 4: Leitores
Se o ciclo de criação de mangá é rompido, então, em última análise, os leitores são os afetados. "Não há mais mangás interessantes!"


Vamos proteger o ciclo de criação. STOP! Versões piratas”

Depois, há uma descrição das formas mais comuns de pirataria (*P2P, sites de leitura on line, mangás colocados em formato vídeo etc.*), mas não vou resumir esta parte.  A  matéria do Sora News termina citando o Shuppan Koho Center "Mangá é uma parte da cultura japonesa que nos orgulhamos de dividir com o mundo.  é um dos símbolos do 'Cool Japan' (*Campanha do Governo Japonês*).  Pelo bem dos fãs ao redor do mundo, vamos apoiar os artistas e assegurar que nossas amadas histórias possam continuar a ser produzidas no futuro."

Kimi ni Todoke, que sai no mundo
inteiro, é um dos shoujo pirateados.
Olhando a matéria e a campanha, a gente percebe que o objetivo é o pirateiro japonês, é o mercado doméstico.  O SN explica inclusive que o tal mangá em formato vídeo é coisa tipicamente japonesa.  Não acho que a gente, no Brasil, precise entrar em pânico.  Agora, é uma realidade que nosso mercado de mangá, e preciso falar da crise das livrarias e do setor editorial como um todo, mas ainda não tive forças, está encolhendo.  E não é culpa somente das editoras que não querem trazer o mangá que eu gosto. Há muitos fatores estrangulando o mercado de mangá em nosso país.  Começando, talvez, pelo preço co papel... Tudo é em dólar e o real vem se fragilizando há meses e no horizonte não se vê grande perspectiva de melhora.

Enfim, pude rastrear notícias desde 2013 sobre repressão à pirataria interna no Japão.  Achei uma campanha semelhante de 2014!  Normalmente, os caras que são pegos estão pirateando material shounen e seinen popular que, não raro, saem até no Brasil.  Que necessidade alguém tem de piratear Dragon Ball ou One Piece?  Ou, quando pegam um shoujo, um Kimi ni Todoke?  De pegar o capítulo da semana da Jump e colocar no Youtube?  Não estamos falando daquele mangá muito bom, mas obscuro, que você e eu queremos ler em uma língua que entendemos, mas, normalmente, do mais mainstream (*e lucrativo, claro*) possível.  Agora, pensem bem, você mora no Japão, domina a língua, mangá é relativamente barato para o residente no país e você se dedica a piratear mangá para o mercado doméstico.  Para mom, é algo difícil de digerir.  

Justifica um japonês piratear ONE PIECE?!
Só que há outro ponto, imagino que as editoras estejam fazendo um drama, também, mas o fato é que cada vez mais as pessoas lá no Japão parecem estar preferindo material digital ao papel.  Há um crescimento do mercado de mangá digital e um declínio das vendagens das antologias de papel. Se antes a lógica era comprar o volumão e descartar, agora, muita gente vai lá e lê on line.  De papel, você só quer o seu mangá do coração.  Mesmo antologias como a Jump estão em declínio e veja que estão usando basicamente personagens de shounen mangá nesta campanha.  

Há a pirataria, mas o mercado está mudando e acredito que as duas coisas estão acontecendo ao mesmo tempo, resta saber se as antologias shounen vão passar incólumes pelo processo de encolhimento e prevalecer.  Eu, que estou aqui acompanhando de longe, acredito que chegará um dia em que a antologia de papel será a exceção, não a regra.

1 pessoas comentaram:

O paradoxal foi colocarem Luffy na campanha anti-pirataria !!
Conheço 1 forma de combaterem a pirataria!! expandir o mercado de mangpa pra mais países tentar vender a preços módicos !!

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