Sou historiadora e como me lembraram ontem que dia 19 é o meu dia. Bem, não sou muito fã desse tipo de comemoração, mas ja que me avisaram, decidi fazer um micro post sobre o tema. Vou deixar duas citações:
"O que a história não diz, não existiu (...)" - Tânia Navarro-Swain
"A função do historiador é lembrar a sociedade daquilo que ela quer esquecer." – Peter Burke
A primeira citação é da minha orientadora de doutorado, uma historiadora que me ajudou a perceber uma série de questões que me escapavam, ou sobre as quais ainda não tinha refletido adequadamente. Se, por exemplo, não falamos das mulheres, dos homossexuais, dos negros, enfim, eles e elas não existem na História. Se eu não falar das coisas que eu falo no Shoujo Café faz treze anos, quem irá falar? Quantos sites sobre shoujo existiam no Brasil quando abri esse aqui? Quantas pessoas falavam de forma séria sobre o assunto quando eu tinha coluna no Anime-Pró, ou escrevia para a Neo Tokyo?
Eu faço um trabalho de historiadora, aqui, nesse espaço, e de historiadora feminista, porque meu olhar é afinado pelas teorias e categorias que norteiam minha percepção de mundo, junto com outras questões, como ser mulher, ter nascido em um país de terceiro mundo (*Brasil*), em uma periferia (*Baixada Fluminense*), em uma família de migrantes nordestinos (*sergipanos*), evangélica (*batista*), neta e filha de mulheres que trabalhavam fora de casa (*boias frias, operárias, lavradores, professoras*) etc. Tudo isso, serve para modelar a forma como eu vejo a História, seus agentes e organizo as minhas narrativas.
Eu faço um trabalho de historiadora, aqui, nesse espaço, e de historiadora feminista, porque meu olhar é afinado pelas teorias e categorias que norteiam minha percepção de mundo, junto com outras questões, como ser mulher, ter nascido em um país de terceiro mundo (*Brasil*), em uma periferia (*Baixada Fluminense*), em uma família de migrantes nordestinos (*sergipanos*), evangélica (*batista*), neta e filha de mulheres que trabalhavam fora de casa (*boias frias, operárias, lavradores, professoras*) etc. Tudo isso, serve para modelar a forma como eu vejo a História, seus agentes e organizo as minhas narrativas.
Com certeza, já comentei da confusão de uma aluna de sétima série, hoje seria oitavo ano, quando falei homens e mulheres das cavernas. "Professora, mas havia mulheres das cavernas?" Eu nunca esquecerei desse caso. Nunca! Porque como alguém consegue chegar aos 12, 13 anos sem saber que, bem, desde sempre, ou quase sempre, havia machos e fêmeas de nossa espécie? Simples, apagamento. Invisibilização. Meu trabalhk como historiadora em sala de aula e aqui é esse. Espero ter sido clara. Agora, desviando um pouco, mas sem desviar, acabou de me cair a ficha de como esse filme Os Croods foi importante. Ele mostra uma família das cavernas. Claro, nada é realista, mas é muito bom para ilustrar as coisas.
A outra citação é de um dos mais importantes historiadores britânicos de nosso tempo. Ser historiador, ou historiadora, é incomodar. Não por ser você o portador da verdade, o iluminado, mas por ter como responsabilidade sair do senso comum, fazer perguntas que não foram feitas para documentos mais que conhecidos, por dar visibilidade a quem não teve seu valor, ou mesmo sua existencia percebida. E, pasmem, falar de shoujo, de mulheres artistas, de cinema sob uma ótica feminista , incomoda alguns. E, bem, quero continuar incomodando por muito tempo.
É isso! Parabéns aos historiadores e historiadoras que, no Brasil, nem tem a sua profissão reconhecida. E pode piorar, afinal, muita gente nem vai precisar estudar História na escola mesmo... E, para que, não e mesmo? Todo mundo sabe História e quem ministra a disciplina, ou não sabe nada, ou quer lhe doutrinar. País sem História, povo sem memória.
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