segunda-feira, 30 de abril de 2018

Comentando Orange #6 ~Mirai~ Um grande acerto da JBC



Adiando a resenha dos Vingadores, queria fazer um texto curto sobre o volume #6 de Orange (オレンジ), mangá de Ichigo Takano, que foi publicado no Brasil pela JBC.  Eu não chorei durante minha leitura, mas derramei lágrimas na mensagem de despedida da autora, muito sensível, muito humana, muito pertinente em nossos dias de ódio e falta de empatia.  Este último volume, que espero que não seja o último, porque adoraria ver a mesma história pelos olhos dos outros amigos do grupo, conta os mesmos acontecimentos narrados na série original, a partir da perspectiva de Suwa e, não, de Naho.  

Na série original, que começou shoujo em 2012 na revista Betsuma, e terminou como seinen na revista Manga Action, lemos a história de um grupo de amigos que escreve cartas para o passado.  Eles estão com 27 anos e sentem-se culpados por não terem conseguido impedir o suicídio de um colega de escola, Kakeru.  No original, começamos com Naho, uma garota de 16 anos, recebendo a carta do seu eu do futuro.  Nessa continuação de Orange chamada de "Mirai" ( 未来), futuro, temos o foco mudado para Suwa, o mais barulhento e atlético dos seis amigos, e que desenvolve particular amizade por Kakeru, apesar de amar profundamente Naho.  Suwa, mais do que ninguém, sente-se culpado, afinal, a morte de Kakeru possibilitou-lhe a concretização de seu maior sonho... 


Bem, se já era fácil gostar de Suwa na série original, torna-se ainda mais fácil amá-lo, aqui, em Mirai.  O jovem sacrificaria seu amor por Naho para que Kakeru sobrevivesse, para que ele pudesse estar junto com eles, todos juntos, vendo o pôr do sol laranja (*cara, é por isso que o mangá tem esse nome!!!!!*) de Matsumoto bem do alto do mirante.  Ele se sente culpado por ter aproveitado oportunidades, mesmo que, acredito eu, nós leitores e leitoras acabemos vendo somente um adolescente tentando acertar e um jovem que fez o possível para superar o luto, o seu e o da mulher amada.  

Suwa teve que aprender a andar com suas pernas, sem depender dos toques de Kakeru. Aquelas conversas entre os dois garotos, conversas de amigos homens que não estão nos volumes originais, estão neste aqui.  E vemos muito de Kakeru nesse volume, inclusive o sonho dele adulto e junto com os amigos.  Vemos muito de Naho e é possível apreciar a arte da autora, especialmente, na delicadeza e expressividade colocada nas nos rostos das personagens.  Vemos pouco de Asuza, Hagita e Takako, por isso mesmo, insisto que há espaço para contar a perspectiva de cada um deles.  


Falando da narrativa, segundo a autora, isso está nas notas e agradecimentos do final, ela escreveu primeiro o roteiro do anime para o cinema (*está no meu HD para assistir*) e, depois, transformou em roteiro de mangá.  Ela até pontua que pensou o primeiro capítulo para ser o último de Orange, mas mudou de ideía, pois queria deixar mais forte a mensagem de ajuda a quem precisa, de atenção em relação aos sinais de depressão e intenções de suicídio, que não seria respeitoso introduzi-lo lá.  De qualquer forma, ficou ótimo do jeito que ficou.

Ah, mas e a narrativa?  O volume não é linear.  Ele trabalha em três temporalidades, a do colegial, com as protagonistas aos 16 anos; a de dez anos no futuro, com as personagens aos 27 anos; e uma nova, intermediária, que é a dos 20 anos, a re-aproximação com Naho e os outros amigos, a do luto mais intenso.  Não é tão fácil de ler, esse tipo de narrativa pede alguma atenção aos detalhes.  De qualquer forma, o rolo das cartas ao passado, se era real e se produziu nova linha temporal, ou não, fica em aberto.  No final, a autora diz que inspirou este volume em uma música da dupla Kobukuro.  Ela deve gostar muito do trabalho deles, porque outra música da dupla foi o ponto de partida do mangá atual da autora, Kimi ni Nare (君になれ).


Terminando, para quem quiser, as outras resenhas de Orange estão aqui (*1-2-3-4-5*).  Recomendo muito a compra do mangá, na Amazon, estão por um bom preço (*1-5* e *6*), mas é possível achar o último volume na banca mais próxima de sua casa, quer dizer, se ainda houver banca próxima de sua casa... De qualquer forma, agradeço muito à JBC pelo volume.  A editora escolheu muito bem o título e não nos deixou na mão em relação a este gaiden.  Ele é muito bem cuidado, a despeito das opções de tradução/adaptação (*ve-te-ra-no*) que possam me desagradar.  Com Orange e A Rosa de Versalhes, a JBC está com créditos comigo por um bom tempo, se bem que adoraria se eles pudessem adiantar o volume #7 de Orange.  Sim, a autora produziu mais material.

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