Fazia anos que estava namorando a coleção sobre as cores do historiador francês Michel Pastoureau. Especializado em heráldica e simbologia medieval, a maioria dos seus livros nunca saiu no Brasil. Da sua coleção sobre as cores - Preto, Azul, Verde e Vermelho, até o momento - somente uma saiu no Brasil. E saiu relativamente rápido, Preto: A História de uma Cor (Noir Histoire d'une couleur) foi lançado na França em 2008, aqui, em 2011. Só que ficou nisso.
Capa Francesa. |
A edição brasileira tem capa semelhante à francesa (*as norte-americanas são mais bonitas*), encadernação de luxo, lindas imagens e uma tradução que me pareceu de boa qualidade. Tenho praticamente nenhum livro da editora do SENAC, porque, bem, eles cobram caro, mas o padrão dos livros, o quesito aparência, normalmente, é alto.
As belas capas americanas. |
O estudo sobre o significado do preto começa com Egito, Roma e Grécia, como os antigos percebiam a cor e sua função, tem uma parte considerável sobre o período medieval (séc. V-XV) e segue falando de como o preto se tornou cor da moda (*primeiro corte de Borgonha, mas não de forma hegemônica, mais tarde com os espanhóis*) e como a Reforma Protestante deu um empurrão para que o preto ficasse em evidência (*sobriedade, rejeição da vaidade e do luxo etc.*).
Vídeo mostrando o livro sobre o Vermelho, a cor favorita
do período medieval, seguida do... Preto? Não! Azul!
Há alguma coisa sobre nossos dias, mas é aquilo, livro de medievalista é muito mais centrado na Idade Média e, bem, esse período para a historiografia francesa e a nossa, que a segue de perto, termina no século XV. Séculos XVI-XVII, ainda que considerados Idade Média para os britânicos, para nós, brasileiros e para os franceses, não é. E o que me fez comprar o livro já que eu ficava no vai não vai por anos? A Novela Deus Salve o Rei e a irritante cantilena do "é uma novela medieval", quando faz uma mistura preguiçosa do período com a época moderna, e sua monotonia de cores que muitos passaram a ver como sinônimo da Idade Média.
Monges Cluniacenses (de negro) e Cistercienses (de branco) defendiam suas cores e desqualificavam a dos rivais. |
Os meus livros são menos desorganizados que o do Michel Pastoureau. Essa foto me fez bem, sabe? |
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