O Japão é um país com altas taxas de suicídio. A gente lê e ouve falar disso desde a infância. Não há travas culturais (*muito pelo contrário*), nem tabu monoteísta, como no caso das grandes religiões monoteístas, que desestimule a prática e as tensões da vida moderna – desemprego, dificuldades econômicas, depressão, estresse, bullying etc. – tornaram a questão ainda mais dramática. Mas há boas notícias e más notícias a respeito do tema. O Sora News trouxe um post analisando os últimos dados liberados pelo governo. Ano passado, houve registro de 21,140 suicídios no país. A oitava queda consecutiva, menos de 3.5% comparado com 2016. Segundo o SN, é o menor número desde que as taxas se tornaram públicas, em 1978. As taxas de suicídio continuam elevadas se comparadas com outros países, 16.7 pessoas para cada 1000 mil habitantes. O problema começa quando começamos a destrinchar os dados gerais.
2017 teve a menor taxa de suicídios entre as mulheres. Pela primeira vez, tivemos menos de 10 mulheres se matando por 100 mil habitantes. 9.9 é quase 10, mas não é 10. Ente os homens, a taxa é de 23.8 para o mesmo número de pessoas. O post também comenta as prefeituras japonesas com os maiores índices de suicídio (*Akita, no norte do país, onde fica Aokigahara, um dos lugares mais populares entre os suicidas*) e os menores (Osaka, Kanagawa, e Nara).
O problema é que as taxas de suicídio cresceram em uma única faixa etária: os adolescentes, isto é, pessoas de 19 anos, ou menos. (*Essa de adolescência até os 24 anos não colou ainda e espero que não cole*) Segundo os dados, 516 menores de idade (*a partir de 20 anos entra na estatística dos adultos*) cometeram suicídio em 2017, um crescimento de 6% em relação ao ano anterior. Segundo a notícia, o ministro da Saúde, Trabalho e Bem-Estar, Katsunobu Kato, anunciou que o governo vai concentrar esforços na prevenção do suicídio entre os adolescentes. Me pergunto, se não seria assustador separar adolescentes de crianças, enfim...
No Brasil, ainda é um tabu discutir abertamente o problema. Pergunto-me quantos casos de suicídio não são registrados como tal a pedido da família, por questões religiosas, enfim. De qualquer forma, tem crescido a pressão para que o suicídio seja tratado como questão de saúde pública. As taxas entre os jovens são preocupantes, “a BBC Brasil divulgou, recentemente, que, entre 1980 e 2014, a taxa de suicídio entre jovens no País aumentou 27,2%” (*Artigo na página da USP, aqui*). É preciso fazer mais do que o setembro amarelo.
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