Ontem foi anunciado o nome da atriz chinesa Liu Yifei, ou Crystal Liu, cmo também é conhecida, para ser a Mulan do live action da Disney que estréia em 2019. Apesar de parecer novinha, ela é nascida em 1987, e tem uma carreira sólida dentro do seu país e fora dele. Uma das exigências da Disney - que vem sendo pressionada para evitar whitewashing - é escalar um elenco etnicamente ajustado às personagens, mas a empresa exigia uma atriz que soubesse artes marciais e atuasse em inglês.
Liu Yifei, que atuou em filmes de Jack Chan, é capaz de fazer tudo isso e, provavelmente, muito mais. Além disso, é uma atriz muito popular em seu país e a China vem se firmando como o mercado mais importante para o cinema norte-americano depois do doméstico. Não entendeu? Antes, um filme era um sucesso se rendesse bem nos Estados Unidos, hoje, os americanos estão cientes que o mercado chinês pode salvar uma produção que não renda muito bem em casa. Por exemplo, não sei se deu jeito, mas era o caso do filme Valerian, que não agradou ao público americano, o futuro da personagem do cinema estaria nas mãos do chineses.
Vamos ver se não vão errar em outras coisas. |
Enfim, Mulan, que eu ainda não resenhei, apesar de ter reassistido com Júlia várias vezes, foi lançado pela Disney em 1998 e conta a história de uma jovem, filha única de uma respeitável família, que acaba tomando o lugar do pai doente no exército que tenta impedir que os hunos invadam o país. Ela faz tudo isso escondido, claro, o pai estava disposto a morrer pelo país e pela honra da família. O desenho tornou-se o favorito de muitas meninas, porque apresentou uma "princesa" (*não, Mulan não é princesa, mas é vista como tal*) ativa, que luta contra o pior de todos os vilões, o patriarcado. (^_^)
Mulan é baseado em uma lenda antiquíssima que virou poema escrito no século XI ou XII, contando eventos ocorridos mais de seiscentos anos antes. Passou por diversas reconfigurações posteriores. Pode ter existido uma Hua Mulan, ou várias (*o verbete da Wikipedia fala, pelo menos, de mais uma*), mas a história é encarada como uma lenda que se liga ao mito literário da donzela guerreira, uma moça que, por algum motivo, se traveste de homem, vai para a guerra, ou leva uma vida heroica, eventualmente se apaixona, é exposta na sua "fraqueza" (*ser mulher*), e morre no final. Morrer pode, aliás, ser simbólico, ela pode casar com o amado e terminar abandonando as armas. A Mulan do poema original tem um pai doente e velho, mas tem um irmão que é jovem demais, ela se sacrifica por ambos. Ela, também, não precisou fugir escondida, os pais a haviam treinado para ser uma guerreira, ela se traveste de homem, mas a família se despede dela com orgulho. Segundo o poema, Mulan serviu por 12 anos sem que sua identidade de gênero fosse descoberta. Terminada a guerra, ela surpreende seus superiores e companheiros ao se revelar, recusa uma honraria (*como a Mulan da Disney fez*), e pede somente um cavalo para que possa voltar para casa. É recebida com alegria pelos pais e retorna ao seu lugar de mulher naquela sociedade (*aí a morte simbólica*).
Estátua de ferro de Mulan e seu pai em Xinxiang, China. |
Enfim, resolvido o problema da protagonista, e representatividade é importante, sim, há outros para arrumar. Eu prefiro que Mulan seja um musical como o original. Gostei muito da Bela e a Fera e detestei o que fizeram com Cinderela. Também quero Shang e o romance todo, porque não vejo isso como enfraquecer a personagem, não, simplesmente são coisas que acontecem. No poema original não havia romance e Mulan volta para casa do mesmo jeito. A morte da donzela guerreira, no caso de Mulan não é o casamento, mas a volta ao lar e aos papéis femininos tradicionais.
1 pessoas comentaram:
É de longe minha animação da Disney preferida e quero muuuuito que respeitem a animação, como fizera com a Bela e a Fera, eu quero o MUSHU!!!!
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