Esta semana começou fervendo por causa da propaganda do Personal Black, papel higiênico preto e caro da Personal, que pertence ao grupo Santher. Nem ia falar nada, mas tropecei nessa matéria do UOL "Acusada de racismo, Marina Ruy Barbosa pede desculpas por propaganda". Os comentários que li na matéria comentavam que "Agora, tudo é racismo!" ou "Se não pode papel higiênico preto, devem proibir o feijão preto, a coca-cola..." e por aí vai.
Pessoal, o problema todo, o grande rolo, o motivo da grita, não foi o lindo papel higiênico preto, ou o fato de Marina Ruy Barbosa ter emprestado sua beleza (*eu a considero muito bonita*) branca e ruiva para o anúncio, mas o uso do “Black Is Beautiful”. Trata-se de um slogan histórico que começou a ganhar visibilidade nos anos 1960 e está ligado diretamente à lutas dos negros e negras norte-americanos pelos seus direitos civis, pelo direito à terem sua beleza reconhecida dentro de seu próprio grupo e fora dele. Mais tarde, o slogan ganhou o mundo e foi utilizado por Steve Biko na luta contra o Apartheid na África do Sul.
Resumindo, a treta toda, para usar uma palavra que eu acho engraçada, foi o uso desrespeitoso do slogan, esvaziando o seu significado. Soou como deboche, chacota. Mais um daqueles deslizes de publicitários que não tem uma cultura geral mais ampla, ou bom senso mesmo. Daí, o ensaio com a atriz, que ficou lindo, o produto, que é interessante (*ainda que para mim, papel higiênico não precise ser bonito, só não pode arranhar a gente*), ficaram eclipsados por esta lambança.
Enfim, antes de embarcar nessa história de que as pessoas vêem racismo em tudo, pesquise sobre o “Black Is Beautiful”, sobre luta pelos direitos civis, sobre a crueldade do Apartheid. E lembre que até a Marina Ruy Barbosa sacou rapidinho que tinha embarcado em canoa furada. Não seja bobinho, não caia na armadilha de acreditar que o problema é o produto em si.
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