sábado, 28 de outubro de 2017

Adolescente japonesa obrigada a tingir o cabelo pela escola processa o Estado


Uma adolescente japonesa de 18 anos e sua mãe estão processando o Estado, porque a menina, que tem cabelo castanho, foi pressionada pela escola (*pública*) a tingir seu cabelo de preto, porque era o "normal".  Como houve resistência, a moça foi excluída dos festivais da escola e de qualquer passeio, ou visita externa, promovido pela instituição.  Não fosse o suficiente, dois professores a interpelaram de forma grosseira, um acusando-a de mudar sua cor de cabelo, porque era filha de mãe solteira e outro dizendo que se ela não queria se enquadrar nas normas, não deveria mais voltar ao colégio.  Ela terminou não retornando.

As escolas japonesas, ao contrário do que normalmente vemos em animes e mangás, tem regras muito estritas em relação à aparência pessoal dos alunos e alunas.  Aquilo que chamamos de "dress code" pode, inclusive, ser levado até as últimas consequências.  Uma das coisas proibidas é pintar o cabelo.  O problema é que volta e meia aparecem notícias de estudantes obrigados a pintar seu cabelo para se adequarem às normas da escola, ou seja, um absurdo total.

Foto da moça, eu suponho.
O caso dessa moça de Osaka é o primeiro que eu leio que foi parar na justiça e foi bom o Sora News dar detalhes.  Segundo o site, algumas escolas no Japão adotaram nos últimos anos uma espécie de registro de cor de cabelo natural, assim, estudantes que não tem o cabelo preto seriam registrados e checados ao longo do ano. Pois bem, a escola desta menina não tinha o tal registro, mas a mãe, no início do curso, notificou a escola de que ela tinha cabelos naturalmente castanhos.  A foto no IPC Digital parece ser da moça.

A escola estava informada, mas, ainda assim, a menina foi submetida à inúmeras humilhações e ao assédio moral das autoridades que deveriam zelar por sua educação.  A mãe e a moça pedem uma indenização de 2.2 milhões de ienes (*mais ou menos uns 59 mil reais*).  A escola não se pronunciou, mas os advogados da instituição argumentaram que mesmo alunos com cabelo louro seriam obrigados a tingir o cabelo.  Bem, isso não um argumento, não é mesmo?  De qualquer forma, o caso parece estar rendendo, por ser o primeiro a ir tão longe.  Espero que a família ganhe e nenhum adolescente, ou criança, seja obrigado a pintar o cabelo para "não se destacar".  De resto, deixo o vídeo de uma Youtuber brasileira que estudou no Japão comentando o que podia, ou não podia, em sua escola japonesa.



P.S.: Para quem não entendeu, ou não quer entender, o problema, e as fontes citadas são sites japoneses (*o IPC é em português, porque é para a comunidade brasileira lá*), não é obrigar um/a aluno/a que pintou o cabelo a voltar para a sua cor natural.  Isso acontece no Brasil, também.  Sou professora do Colégio Militar de Brasília, um/a aluno/a não pode pintar o cabelo de roxo, ou de vermelho berrante, ou rosa.  Vai receber uma advertência e um prazo para voltar ao normal (*com química você não brinca*).  Simples.  Constrangedor, sem dúvida, mas é muito, muito, muito diferente de você ser obrigado a mudar a cor NATURAL do seu cabelo para se adequar a uma norma de que todo japonês precisa ter cabelo preto, ou castanho escuro.  É por causa disso que o caso está saindo nos jornais japoneses e a moça pode ganhar na justiça.  Fora, claro, associarem a cor de cabelo da menina a uma vontade de aparecer, porque era filha de mãe solteira.  Terrível isso.

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