Dona Leopoldina presidindo sessão do Conselho de Estado, por Georgina de Albuquerque. |
Não sou monarquista, nem sou pessoa interessada em caçar heróis e heroínas para venerar, mas acho que é válido divulgar essa campanha. Enfim, existe uma coisa, aqui, em Brasília, chamada Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves. Fica na Esplanada dos Ministérios e serve de memorial para cidadãos que se destacaram por seu civismo, ou serviço prestado ao país, resumindo, os tais "heróis e heroínas da pátria". Dentro do Panteão está o chamado "Livro de Aço", vulgo "Livro dos Heróis da Pátria". O número dos que tem seus nomes inscritos no tal livro são poucos e, claro, mulheres praticamente nenhuma. O engraçado é que procurando, achei listas divergentes em relação a elas. Em todas as listas, somente o nome da patrona (*porque matrona quer dizer outra coisa*) da enfermagem brasileira, Anna Nery, aparece sempre. Há listas (*Ex.: 1 e 2*) que tem Anita Garibaldi, outras onde ela não está. Achei uma com Zuzu Angel (!!!), a estilista que lutou com sua arte e sacrificou a vida, porque foi assassinada, para encontrar o filho, preso e morto pela ditadura militar, mas acredito estar errada, embora ela merecesse. Enfim, o fato é que D. Leopoldina não está lá. É certeza.
O tal livro. |
Leopoldina, princesa austríaca que casou-se com D. Pedro antes que ele fosse imperador, teve papel preponderante no processo de nossa independência e foi a primeira mulher a governar o Brasil, ainda Reino Unido e já independente, quando na ausência do marido. Por seu papel destacado em todos os acontecimentos que conduziram a nossa ruptura com a metrópole, ela merece um lugar no livrinho VIP dos heróis e heroínas da Pátria. E, não, não estou dizendo que sem ela, ou sem D. Pedro, não haveria independência. Haveria, mas seria outro processo, outro Brasil, ou brasis a surgirem. Daí, é relevante incluí-la, porque há uns homens nessa listinha que nada de muito relevante fizeram, mas estão lá, e várias mulheres que mereciam, não estão. Maria Quitéria, por exemplo, se quisermos manter a coisa naquela definição mais básica de heroísmo pátrio, a moça que vestiu-se de homem para lutar por nossa independência, nossa Mulan, por assim dizer, não está.
Dona Leopoldina e sporophila beltoni por Natterer Walmor Corrêa, 2016. Col. do artista |
Bem, espero que esse post não seja percebido como uma patriotada tola, mas se você quiser votar, clique nesse link. Vai cair direto no "sim", mas você pode mudar o voto para "não", se desejar. E, sim, eu aprecio muito Leopoldina e acho que D. Pedro não a merecia, ou melhor, ela não merecia ter sido dada em casamento para ele. Mas arranjos dinásticos, são arranjos dinásticos, e ela, na medida do possível, cumpriu seu papel com toda a dignidade.
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