No momento, não estou assistindo nenhuma novela, nem estou entrando na questão da qualidade das obras que estão no ar, estou pensando em REPRESENTATIVIDADE, poder se ver e se imaginar naquele lugar. Mas vamos do começo, olha o que diz a matéria do UOL: "Thereza Falcão divide Novo Mundo com Alessandro Marson; Claudia Souto escreve Pega Pega, Gloria Perez é responsável por A Força do Querer; e Angela Chaves e Alessandra Poggi assinam Os Dias Eram Assim. De todas, apenas Gloria é veterana; as outras quatro estreiam como titulares.". Escapa Malhação, que parece estar inovando (*e agradando*) sob o comando de Cao Hamburguer, foi para São Paulo, tem como subtítulo "Viva a Diferença", e conta com cinco meninas como protagonistas.
Enfim, o que quero dizer? A menos que você esteja tão contaminado pela ideia de que tudo o que vem da Globo é, por princípio ruim, é possível perceber o quanto é importante que uma nova geração de autoras de novela, Glória Perez é a única veterana, esteja despontando e conseguindo mostrar o seu trabalho na principal emissora do Brasil e uma das grandes produtoras do gênero no mundo. E há autoras importantes que não estão no ar no momento, como Elizabeth Jhin, Duca Rachid e Thelma Guedes, além das autoras da Record, como Vívian de Oliveira. E, sim, eu gosto de novela e reconheço a importância que este tipo de produto tem em nosso país. Cria modas, discute tendências, lança discussões, reforça e rompe com estereótipos etc. É objeto de estudo acadêmico, assim como o cinema, os quadrinhos, os seriados e tudo o que pertence ao escopo da cultura pop.
Só pensem em quantas vezes, desde a morte da gloriosa Janete Clair faleceu, tivemos todas as novelas de Globo e fora dela criadas por homens em várias temporadas. Normal, né? Eu tenho dois livros de coletâneas de entrevistas com novelistas e em ambas as obras só há entrevista com Glória Perez e Maria Adelaide Amaral, se bem me lembro. Da mesma forma que eu valorizo os mangás, porque, como mulher, me vejo representada pelas autoras, eu me alegro quando temos cada vez mais novelistas mulheres, diretoras mulheres, ocupando espaços importantes. Não estou entrando na questão qualidade, porque, bem, essa discussão parece só se tornar realmente relevante, urgente, quando o assunto é desqualificar as minorias.
De resto, queria ver mais. Queria mais cor nas nossas novelas, parece que Malhação está pontuando alto nessa temporada nesse quesito, enfim, uma maior representatividade étnico-racial. Queria ver novelistas negros, homens e mulheres, e de outras origens produzindo, também. Afinal, somos um país plural.
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