Uma das notícias da semana passada que eu gostaria de comentar é a do pioneirismo da foto das "primeiras-damas" da OTAN que, pela primeira vez, trouxe um "primeiro-cavalheiro", o marido do primeiro-ministro de Luxemburgo, o arquiteto Gauthier Destenay. Vejam bem, para efeito de visibilidade LGBT é magnífico, sem dúvida. Representatividade é fundamental, se ver e ser visto, é algo que fortalece o grupo e a autoestima. Em tempos tão retrógrados e tristes, foi um sopro de ar fresco. Agora, já pararam para refletir sobre a própria idéia de "primeira-dama"?
Bem, uma pessoa não gostou quando eu comentei isso, mas acredito que os maridos das chefe de estado nunca tenham posado na foto das "primeiras-dama" por puro machismo. "Ah, mas quantas mulheres são chefe de estado nos últimos anos?". Mais uma pessoa que acredita que eu faço comentários feministas desnecessários. ^_^ Não vamos voltar para Margaret Thatcher, OK? Vale até assistir ao filme Dama de Ferro e ver como o marido de Thatcher se sentia fora do lugar. Pensemos em Merkel. Faz quanto tempo que ela é chanceler da Alemanha?
Enfim, Merkel tem marido, um cientista, se não me engano, professor universitário. Ele deve ter mais o que fazer do que andar por aí acompanhando a esposa em todas as reuniões, eu suponho. Teresa May também é casada. Não fui ver a profissão de seu marido, mas imagino que ele não siga com ela. Acredito mesmo que para boa parte das poucas chefe de estado seja importante estar só, mostrar-se autossuficiente, forte. E nem todos os chefes de estado homens levam suas consortes, veja a foto abaixo. Nem todos os líderes homens são casados, ou saem por aí arrastando as esposas para as reuniões. São 28 países membros, nove consortes estão na foto das "primeiras-damas".
Agora, o que é uma primeira-dama? É um acessório, quase um objeto de exibição, algo que parece fundamental e, efetivamente, não é. Um chefe de estado sem primeira-dama parece um sujeito largado, sem rumo. Quem vai ouvir seus problemas? Arrumar sua gravata e roupas? Ver se ele está direitinho? Pobres homens! Como se viram sem uma esposa? Aliás, se não as tem, tornam-se prontamente alvo de fofoca... De qualquer forma, é preciso reforçar o caráter doméstico das esposas dos presidentes, o sacrifício da carreira (*quando tem uma*), ao mesmo tempo que se exige que não sejam por demais "recatadas e do lar". Mas ai da primeira-dama que tente sair muito do "seu lugar"!
Os norte americanos que praticamente inventaram essa coisa de primeira-dama em destaque, criticam muito as que tentam sair da sua função de relações públicas, promotora de jantares, festas e caridades, além de enfeite no braço do marido presidente. Hilary Clinton que o diga. Michelle Obama também levou pedradas. Melania Trump é criticada por outros motivos, mas, um deles é deixar que a filha do presidente cumpra parte das funções protocolares que deveriam ser responsabilidade dela. Enfim, até parece que as pessoas votam para primeira-dama.
Os norte americanos que praticamente inventaram essa coisa de primeira-dama em destaque, criticam muito as que tentam sair da sua função de relações públicas, promotora de jantares, festas e caridades, além de enfeite no braço do marido presidente. Hilary Clinton que o diga. Michelle Obama também levou pedradas. Melania Trump é criticada por outros motivos, mas, um deles é deixar que a filha do presidente cumpra parte das funções protocolares que deveriam ser responsabilidade dela. Enfim, até parece que as pessoas votam para primeira-dama.
Resumindo, essa foto é fantástica, o marido do chanceler de Luxemburgo não está errado de querer estar nela, marcar seu lugar, mandar mensagem para o mundo, mas esta foto e situação precisa ser analisada. Agora, o escândalo foi a Casa Branca omitir Gauthier Destenay da legenda da foto no seu site oficial. Para a comunidade LGBT é mais uma confirmação de que o objetivo da nova administração é apagá-los, se não o podem fazer fisicamente, há outras formas. E, não, não venha ninguém dizer que "foi esquecimento", porque ninguém esqueceria algo assim, tão excepcional, tão novo, fora que é um homem grande demais para ser ignorado. Aliás, normalmente, homens não são ignorados.
4 pessoas comentaram:
É interessante como a instituição do "primeiro-damismo" não se limita aos Estados. Nas próprias denominações protestantes raramente se vê, por exemplo, um pastor sem esposa (e se possível, filhos) e como ela se torna uma primeira-dama da igreja sem dever nada às esposas de presidentes.
Bem, essa imposição de pastores serem casados pode ser percebida como uma forma de marcar diferença em relação ao sacerdócio católico. Se padres não podem casar, pastores precisam casar. Há, também, o olhar para o velho testamento. Sacerdotes hebreus precisavam ser casados, quanto mais cedo, melhor, aliás. São dois motivos fortes, eu diria.
Curioso, Pedro (considerado o 1º papa) era casado!!!
Acho que a imposição do pastor casar também deve ser pra ele deixar herdeiro.
Sobre maridos de mulheres governantes!! você sabe algo sobre o marido de Benazir Buto?
Ou algo sobre Isabelita Perón?? Ela virou presidente depois da morte do marido.
Para quem acredita na tradição, Pedro foi o primeiro papa. Eu, como historiadora, sei que isso não faz sentido e é irrelevante. Quanto à pastores casarem, herdeiros é o de menos. Tradição, controle da sexualidade, imagem pública, tudo isso trabalha junto.
Quanto às duas Bruto e Perón, eu realmente não sei.
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