O que dizer nesse micropost? Maternar continua muito difícil e muito interessante. Difícil, porque, pelo menos no meu caso, é um trabalho quase solitário, difícil, por causa das oscilações de humor de Júlia. Um amigo, que tem três filhas, me alertou que 3 anos é uma fase complicada, eu estou plenamente de acordo. É meio enlouquecedor e, no sábado, me peguei pensando que não ser mãe nem era tão ruim assim. Daí, vem as partes interessantes, gostosas mesmo, vê-la crescer, aprender coisas, se tornar mais independente, rir com ela, rolar na cama, fazer cosquinhas, torcer para que o tempo demore a passar e eu a tenha pequenininha por muito tempo para poder carregar no colo, brincar, enfim...
Ser mãe, para mim, é divertido boa parte do tempo, com alguns momentos estressantes. O estresse, muitas vezes, nem vem da Júlia. Agora, essa minha experiência, não é universal, nem natural. Não é o destino das mulheres. Dia das Mães é bom para marcar isso, ser mãe é escolha e privilégio, ser mãe é mais do que gestar e parir, pode ser adotar, acolher, mas nem todas as mulheres desejam experimentar a maternidade. E como feminista, sempre é preciso marcar isso. No último episódio do Conto da Aia (*The Handsmaid's Tale), o Comandante diz que em Gileade as mulheres são protegidas e podem cumprir seu destino biológico. Não, não existe destino, existe, ou deveria existir escolha.
Ser mãe implica em sacrifícios e novas prioridades. Não há escapatória. Por isso mesmo, ninguém deveria ser empurrada para uma maternidade compulsória, por vezes traumática. Coisas boas não deveriam ser transformadas em vivências ruins, em castigo, punição. Crianças deveriam ser amadas por suas mães e mulheres deveriam ser senhoras de seus corpos e vontades. Mas quando isso será possível? Só com uma sociedade mais justa que comece com respeito aos direitos reprodutivos das mulheres, que passe por redes de apoio à puérpera e além, que termine com o suporte do Estado.
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