No dia 12 de março passado fiz um post, acredito que um dos mais sentidos que já escrevi, sobre o assassinato de jovem Louise Maria da Silva Ribeiro por seu ex-namorado, Vinícius Neres, no Instituto de Biologia, no Campus da UnB. Ela havia sido aluna do Colégio Militar de Brasília, onde eu leciono. Não fui sua professora, mas ex-alunos/as eram próximos dela, amigos/as. A comoção foi grande. Lembro que fiquei tão triste, tão abalada, nervosa até, que danifiquei meu carro em uma pilastra, enfim... Não vou repetir o relato, o post anterior está aqui para ser lido.
Para quem estiver interessado, o Correio Braziliense fez um relato passo-a-passo do julgamento. Todos os detalhes sórdidos que Vinícios deu no tribunal. Mais cedo, os repórteres na BandNews FM estavam revoltados com os argumentos da defesa que culpavam Louisie pelo seu assassinato. Ao terminar o namoro e dar um abraço no assassino, ela teria como lhe desferido um tapa na cara. Vocês sabem, né, essas coisas são motivo para massacrar uma pessoa, se mulher então, nem se fala! Como ela pode ser tão fria e acreditar que tinha o direito de romper com um relacionamento?
No fim das contas, o assassino foi condenado à 23 anos e 10 dias pelo homicídio quadruplamente qualificado de Louise Ribeiro (feminicídio, motivo torpe, asfixia e recurso que dificultou a defesa da vítima) e pela destruição parcial do cadáver. Dois atenuantes, no entanto, reduziram sua pena, que deveria ser de 25 anos: confissão e relativa menoridade (*menos de 21 anos*). Por qual motivo escrevi que não é suficiente? Não por acreditar que Vinícius precisasse obrigatoriamente de uma pena maior. Nada, absolutamente nada, irá compensar a perda de Louisie, a sua vida roubada, a dor dos pais e de quem a conheciam. Sim, sim, eu sei que ele não cumprirá esse tempo todo, mas, neste caso, seria importante que nossas leis fossem reformadas. Não é o suficiente, porque os feminicídios continuam acontecendo todos os dias.
Mulheres e meninas são mortas, mutiladas por quem dizia que as amava. O modelo de masculinidade tóxica é que sanciona a violência contra as mulheres, que permite que esse tipo de crime, ou variações dele, se repitam todos os dias. Basta abrir um jornal, um portal eletrônico. O Brasil não é seguro para as mulheres, não por conta de feminicidas pontuais, mas porque há toda uma cultura que permite que eles se reproduzam, posem de vítimas. Está aí o caso Bruno para ilustrar. É isso. O assassino poderá recorrer, mas, não, em liberdade.
1 pessoas comentaram:
O que fazer com gente que é capaz desse tipo de atitude é o grande desafio da humanidade. Prender e soltar? Manter preso para sempre? Matar?
Não é um dilema fácil de resolver.
Postar um comentário