Eu acompanhei o caso da acusação de assédio da figurinista Su Tonani contra José Mayer. E acompanhei desde o início, afinal eu leio a coluna de fofocas do Leo Dias, o primeiro a noticiar, já que o único jornal do Rio que acompanho doariamente é o Jornal O Dia. Pois bem, não comentei, porque estava sem tempo à época. Comecei o texto e não segui adiante com ele, está nos rascunhos, mas se comentasse, iria na mesma linha da maioria dos sites feministas, como o da Lola, sem claro, ser tão empolgada, já que eu não vejo o momento que vivemos hoje como positivo ou progressista, mas como uma ante-sala do Conto da Aia.
Enfim, agora, o mesmo Leo Dias fez o seguinte artigo "Reviravolta no caso Zé Mayer: Saiba por que Su Tonani não quis processar o ator". Já vi gente reacionária e antifeminista comemorando por aí, mas o que mesmo o Leo Dias diz na matéria? Tonani teve, sim, um caso com José Mayer, um homem casado, mas eles tinham terminado antes do início das gravações da novela A Lei do Amor, quando ocorrera o assédio. Isso era sabido por todos no Projac. Ora, o que eu, Valéria, uma mulher feminista, posso dizer sobre esse caso?
Mayer admitiu o assédio e pediu desculpas. |
Outra coisa, a moça, por ter mantido relacionamento com um sujeito casado, passa a ser vista como má sem apelação, a "destruidora de lares". Fora isso, ela mentiu (*sim, mentiu*), quando disse que tinha recusado os avanços dele inclusive argumentando que poderia ser sua filha. Certamente, isso pesa contra ela. De resto, vítima boa é vítima absoluta. Sabe, aquela sem mancha? Por isso, muita gente, só para lembrar outro caso contemporâneo que não comentei, não considera a Emily, do BBB17, talvez nem mesmo ela se considere, uma vítima de agressão. Afinal, ela fazia sexo com o sujeito, ela tinha um relacionamento com ele. Voltando ao caso Tonani/Mayer, enquanto isso, o adúltero, coitadinho, nem é levado em conta. Corre-se o risco de virarem os canhões contra a esposa, afinal, como ela admite esse tipo de coisa??? É uma amélia essa aí! Ou não quer perder as "mordomias" de esposa! Ou o cara é muito gostoso! Ou...
Atrizes mobilizadas. |
A maioria não duvidou que Mayer pudesse assediar uma funcionária (*e mesmo uma colega de trabalho*), normal isso. Ele é homem, primeiro fator; galã cuja imagem foi construída em torno da idéia de que ele era irresistível a qualquer mulher, dos 13 aos 90 anos. Fora, claro, outra das pérolas machistas, o meio artístico é promíscuo mesmo, ainda mais no Brasil. Assim sendo, quem lá entra sabe o que vai encontrar. Só os fortes sobrevivem e pare de mi-mi-mi. Até não muito tempo atrás, era difícil separar as profissões artísticas femininas da prostituição, para a sociedade, na média era tudo a mesma coisa. Moça de família não podia ser atriz.
O BBB17 mostrou cenas de violência explícita contra as mulheres. |
De resto, pena que ela tenha recuado, mas eu entendo perfeitamente os motivos. Um acordo talvez seja mais interessante do que se colocar na berlinda e ser queimada na fogueira. Gostaria de esperar que o caso fosse o ponto de partida tanto para que se repensasse a função de vítima, quanto a sociedade que é complacente com o agressor. Inegável, que algumas reflexões e ações interessantes ocorreram, só que não vivemos um momento dos mais positivos para os direitos das mulheres.
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