domingo, 19 de março de 2017

Super produção sobre o Genocídio Armênio será lançada este ano com Oscar Isaac e Christian Bale como protagonistas


Eu não sabia que estavam produzindo um grande filme sobre o Holocausto (*sim, eu vejo dessa forma*) dos armênios, mais ainda, que ele está para estrear em 21 de abril em alguns países.  O nome do filme é The Promise  – não sei que título terá por aqui – e tem como protagonistas Oscar Isaac (*que eu adoro desde Alexandria*) e Christian Bale.  Oscar Isaac faz o papel de um jovem armênio, estudante de medicina brilhante, mas apegado às tradições de seu povo, e que se vê dividido entre suas fidelidades culturais e a paixão por uma mulher moderna e sofisticada, Ana (Charlotte Le Bon).  A outra ponta do triângulo é ocupada por um foto jornalista norte-americano trabalhando para a Associated Press, Chris (Christian Bale) e namorado de Ana.  


Para quem não sabe, o Genocídio dos Armênios foi um dos primeiros do século XX e começou (*oficialmente*) em 24 de abril de 1915 e se estendeu até 1923.  As cifras de mortos costumam ser infladas para além de 1 milhão e 500 mil mortos.  A Armênia, a mais antiga nação cristã do mundo, estava sob o domínio do Império Turco Otomano e, enquanto todo mundo olhava apreensivamente para a guerra na Europa, os turcos promoveram uma limpeza étnica.  

Não foi o único massacre de minorias cristãs dentro do Império Turco Otomano à época, cristãos gregos e assírios foram igualmente atacados, só que os armênios eram mais numerosos e estavam associados a uma determinada região desde muito antes do surgimento do Islã ou da constituição de do Império Árabe e posteriormente do Turco Otomano.  Os turcos, depois de muito negarem decidiram contar sua própria história do ocorrido, acusarem os armênios de conspirarem com os russos, admitem, somente, que aconteceu uma guerra civil com as implicações terríveis que eventos assim podem ter.  


Durante o massacre continuado, são relatados abusos de toda sorte contra os civis desarmados (*estupros, mutilações, decapitações, desmembramentos, crucificações etc.*), meninas e mulheres armênias foram vendidas e promoveu-se as chamadas marchas da morte deslocando vilas inteiras para morrerem no deserto, obviamente, você poderia morrer no caminho.  Não preciso dizer que nessa história, eu tenho lado.

O filme começa antes da guerra, em 1914, e apresenta Constantinopla (Istambul) como uma capital multicultural  e cheia de vida, apesar do Império Otomano estar vivendo os seus últimos dias.  Oscar Isaac quer aprender e retornar para a sua vila natal, Siroun, onde por séculos, turcos muçulmanos e cristãos armênios convivem em paz.  A personagem de Bale está na Turquia trabalhando, afinal, as tensões geopolíticas estavam se agravando.  Ana é uma artista francesa de origem armênia, é por isso que a personagem de Isaac começa a ter segundos pensamentos a respeito da moça, segundo as informações do site Coming Soon.  Apesar da tensão entre o jovem protagonista e o jornalista americano, o médico se apega a sua promessa de voltar para casa.  E, aí, vem a guerra e o genocídio e eu tenho aquela sensação de que vai ser meu segundo Silence (*Silêncio, resenha aqui*) este ano, porque, bem, o diretor desse filme é Terry George, homem que gosta de genocídios, afinal, dirigiu Hotel Ruanda.  


Torço para que seja um grande filme, assistirei de qualquer forma.  Imagino que a escolha de colocar Bale como um foto jornalista tenha sido bem acertada, porque há muitos registros do genocídio feitos enquanto ele estava ocorrendo.  Havia muitos missionários protestantes dos EUA atuando na região dos massacres.  Em 1917, o governo norte americano já cobrava explicações, outras nações europeias da Entente fizeram o mesmo.  

O primeiro filme sobre o genocídio, "Ravished Armenia", foi feito em 1919, com base nas memórias de uma sobrevivente,  Arshaluys (Aurora) Mardiganian.  Vejam que memórias são seleções, mas juntando vários relatos oriundos de pessoas de origens, formação, idade, sexo até de regiões diferentes do Império Otomano o resultado não é muito diferente: a ordem foi matar homens, velhos e crianças; guardar as meninas e mulheres para a prostituição ou tráfico; as terras dos armênios foram confiscadas por ato do Estado.  Os armênios acusam os turcos de tentar apagar as evidências do genocídio, já os turcos argumentam que não se pode dar como verdade as recordações subjetivas de caráter individual.  


Até hoje, quem reconhece o Genocídio oficialmente é ameaçado de sanções pelo governo da Turquia.  Se você está acompanhando o caso diplomático entre a Holanda e a Turquia, ou lembra da confusão quando da derrubada do avião russo meses atrás, sabe que o governo turco é meio especialista nessas coisas.  Enfim, uma das primeiras nações a se posicionar foi a França e com um acréscimo, quem nega o genocídio é passível de multa e até prisão.  Muitas organizações e instituições reconheceram oficialmente o genocídio no seu centenário, 2015, e o Papa Francisco deu um empurrão nesse sentido ao se posicionar oficialmente.  O Brasil reconheceu o genocídio oficialmente em 2015.

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