Acabei de assistir ao filme do Dr. Estranho (Doctor Strange), agora, à tarde. Aguardava com ansiedade este filme, não por ter alguma familiaridade com a personagem, nunca li nenhuma história do Dr. Estranho e conhecia por alto a sua história, mas por ser filme de herói da Marvel e por causa de Benedict Cumberbatch. Sou fã do ator e é seu desempenho, junto com Tilda Swinton, que fazem valer a pena o filme. Sim, achei Dr. Estranho um dos filmes mais fracos dos produzidos pela Marvel, com um dos vilões mais indigentes e o roteiro mais rarefeito. O filme foi bem cansativo e não fosse o Cumberbatch, acho que meu marido muito resfriado tinha ido embora antes do fim.
Katmandu, Nepal, no santuário secreto de Kamar-Taj, o vilão Kaecilius (Mads Mikkelsen) se apossa de parte de um livro místico pertencente ao Ancient One (Tilda Swinton), uma poderosa feiticeira que parece ter a chave para a vida eterna. Stephen Strange (Benedict Cumberbatch) é um neurocirurgião brilhante, mas egocêntrico e excessivamente preocupado com sua imagem e fama. Dirigindo de forma displicente, Strange sofre um terrível acidente e tem suas mãos esmagadas. Sua colega de trabalho e ex-amante, Christine Palmer (Rachel McAdams) tenta confortá-lo, mas ele se desespera diante da incapacidade da medicina ocidental em devolver-lhe a perfeita mobilidade das mãos. Ao ouvir falar de uma cura “milagrosa”, Strange parte para Kamar-Taj, utilizando-se dos últimos recursos econômicos que lhe restam.
Strange tem muito que aprender. |
Em Katmandu, ele acaba encontrando e sendo salvo por um homem, Karl Mordo (Chiwetel Ejiofor), que lhe leva até a Ancient One. Orgulhoso, Strange é incapaz de aceitar o que é dito pela mestra e termina expulso do santuário. Depois de horas batendo na porta, ele recebe uma nova chance. Apesar das dificuldades iniciais, Strange se mostra competente nas artes mágicas. A vantagem e desvantagem de Strange é que ele lembra muito Kaecilius, que abandonou a Ancient One em busca da vida eterna ao lado de Dormmamu, uma entidade da Dimensão Escura, que devora as dimensões e pode destruir a Terra. Em Kamar-Taj, Strange quebra as regras e aprende a controlar o tempo usando o Olho de Agamotto, mas Kaecilius ataca o Sanctum de Londres e nosso planeta está ameaçado. Agora, os talentos de Strange serão postos à prova, pois se os outros dois Sanctuns (Hong Kong e Nova York) caírem será o fim da humanidade.
Vamos começar com a parte boa do filme, Benedict Cumberbatch e a composição do protagonista. Considero todo filme de apresentação de personagem muito complicado. É preciso dispensar um tempo considerável da película para que o público entenda quem é o herói. Essa parte do filme é excelente. O neurocirurgião brilhante e vaidoso, que pensa mais em sua imagem e feitos notáveis do que na saúde de seus pacientes. A forma como Cumberbatch dá forma ao desespero da protagonista, privado daquilo que dá sentido à sua vida, a capacidade de operar, mas, não, de seu orgulho, poderia estar em um filme convencional comum, daqueles que competem e ganham prêmios oscar. Enfim, um grande ator entregando uma grande interpretação e salvando o filme. As palavras, aliás, são do meu marido. Ele lia os quadrinhos do Doutor Estranho.
Ancient One |
Daí, partimos para a segunda grande interpretação: Tilda Swinton. Sim, eu sei, eu acompanhei a discussão sobre o embranquecimento da personagem. O Ancient One deveria ser um homem oriental e foi transformado em uma mulher celta. Concordo com as críticas a esta escolha, afinal, foi um papel importante no filme e os papéis relevantes para não-brancos em filmes como esse são raros. Agora, Swinton entrega uma Ancient One tão intensa e, ao mesmo tempo, serena, que acredito ser impossível para alguém não perceber que a atriz é uma das melhores coisas de um filme muito limitado. Ela também faz valer o seu ingresso, acredite.
Gostei também de Wong (Benedict Wong), o bibliotecário substituto (*o anterior é assassinado na primeira cena do filme*). Trata-se de uma personagem clichê, o oriental mal-encarado, mas as piadas que envolvem Wong e Strange funcionam. E não falo somente das envolvendo música – e eu seria tão ignorante do assunto quanto Wong – mas das que estão relacionadas com empréstimos de livros e ameaças de morte. ^_^ Ele deve voltar no próximo filme e se forem seguir os quadrinhos, deve tomar o lugar de Mordo como parceiro do herói. Já o resto do elenco...
Os heróis e heroína do filme. |
Chiwetel Ejiofor tem alguma importância na trama como Mordo, que de mestre acaba virando braço direito do herói. Strange aprende tudo muito rápido e supera em muito os outros mestres. Daí, Mordo se torna uma espécie de sidekick do herói (*típico papel para a persoangem negra, não é mesmo?*) e demonstra ter uma personalidade ingênua e maniqueísta. Se forem seguir os quadrinhos, talvez o ator volte como vilão, mas não acredito (*Vide P.S.*). O fato é que qualquer ator com um pouco de talento poderia fazer o papel, não precisava ser um Ejiofor, mas ele, pelo menos, tinha uma personagem decente. O grande desperdício foi Mads Mikkelsen, um grande ator reduzido a um vilão chato em uma trama rala. Mikkelsen pouco fala e suas cenas são praticamente lutas intermináveis (*e chatas*) e frases clichês. Qualquer um poderia fazer esse vilão.
Aliás, essa história de um grande vilão, nesse caso Dormmamu, dono ou oriundo de uma dimensão maligna, sem muito o que fazer com sua eternidade, é algo recorrente nos filmes da Marvel. Não sei se funcionou menos aqui ou em Thor 2. Fora isso, é risível a incapacidade dos mestres de enfrentarem o vilão menor (Kaecilius) e seus asseclas. O Sanctum de Londres é defendido por um mestre – que deveria ser um cara muito poderoso, dada a sua responsabilidade – e o cara é exterminado em dois tempos. Em Hong Kong, um grupo de mestres e discípulos tem o mesmo destino... só sobra Wong, na verdade, vou parar aqui, porque vou acabar soltando muitos spoilers de uma arrumação mal feita. Mas é aquilo, se Dormmamu podia destruir o mundo, o pessoal de Kamar-Taj deveria ter feito muito mais.
Mads Mikkelsen merecia algo muito melhor. |
De qualquer forma, quem montou o roteiro – Jon Spaihts, Scott Derrickson e C. Robert Cargill – ofereceu uma trama preguiçosa, com muitos clichês e que mal cobria 1h de filme. Aliás, Kaecilius espera Strange aprender tudo e mais um pouco antes de tentar destruir o mundo, né? Não era iminente o perigo? As cenas de luta são repetitivas e os efeitos especiais, idem. É como se víssemos, de novo e de novo, a mesma cena, tal e qual o confronto final entre de Dormmamu e o Strange, agora cônscio de seus poderes e de sua responsabilidade. Sabe a frase do Homem-Aranha? “Com grandes poderes vem grandes responsabilidades”, ela se aplica aqui.
Enfim, o filme cumpre a Bechdel Rule? Não. Temos uma mulher de grande destaque, a Ancient One, e outra que é o amor do herói, Christine Palmer, além de várias mulheres fazendo figuração. Por exemplo, um dos lacaios de Kaecilius é mulher e há várias mulheres em Kamar-Taj. Só que elas não conversam entre si, a maioria sequer tem falas, ou nomes. Mas não é um filme machista, neste caso, é o filme sobre um herói masculino, um filme de apresentação, ainda por cima e os holofotes estão nele. Ter a Ancient One já foi algo além do esperado.
E há algo interessante sobre Christine Palmer, segundo a Wikipedia, ela era originalmente uma enfermeira de uma série chamada Night Nurse. Assim como Jane, a namoradinha de Thor, ela sofreu atualização e upgrade, virou médica. Só que é uma personagem bem genérica, sem uma história própria. Uma excelente atriz que poderia render mais, mas que não sofreu nas mãos dos roteiristas como o pobre do Mads Mikkelsen. De repente, em um próximo filme.
Sherlock e Irene Adler... Ou não... Ou... |
Agora, houve uma hora em que meu cérebro quase bugou. Irene Addler e Sherlock Holmes... Só que eram encarnações das personagens de mídias diferentes. McAdams foi Irene nos filmes com Robert Downey Jr.. Já Cumberbatch é o Sherlock moderno da BBC. Foi impressão minha, ou quando Strange atravessa o portal e cai em Londres, ela não está em um endereço conhecido nosso? Não, eu devo ter visto errado, afinal, não achei referência a este easter egg em lugar algum. Agora, fiquem para as cenas pós-créditos. Eu só vi uma, não sabia que havia outra...
Sexy. E eu adorei a capa, uma das melhores coisas do filme. |
P.S.: Vi a segunda cena pós-créditos. Enfim, Mordo artificialmente transformado em um vilão psicopata. Achei forçado, mas vai que desenvolvem melhor o roteiro e explicam essa revolta toda em relação à quebra das regras por parte da Ancient One? Veremos, porque, bem, quando sair o novo Dr. Estranho, pretendo assistir ao filme. Benedict Cumberbatch sempre merece ser visto.
4 pessoas comentaram:
Gostei muito do filme, não vejo porque querer um filme super denso e sério sendo que se trata de um personagens dos quadrinhos clássicos da Marvel. E porque deveria ter mais personagens femininas? Só o fato de terem colocado a Tilda a meu ver já causou impacto suficiente e ela atua de forma muito competente como sempre. Crítica chata, típica de quem desconhece as HQs em geral.
HaHaHa! Crítica típica de fã revoltada que não consegue ler um texto (*Quem pediu mais personagens femininas????*) que não seja derrame de elogios e deslumbre. Mas não vou pedir que leia de novo e tente entender, acho que você pode e investir melhor seu tempo. Bom fim de semana! Continuarei aqui resenhando filmes (*Quase 100% dos da Marvel*), animes, quadrinhos em geral. Aliás, já são quase doze anos de blog. ^_^
Também não li os quadrinhos e gostei do filme em geral. Achei diferente dos outros filmes da Marvel. As cenas mais sérias eram bem mais sérias e densas do que o normal.
Mas acho que filmes de origem tem problema de ser filme de origem. Pouco tempo pra apresentar porque já tem que ir pra ação... Por isso as coisas ficam atropeladas. O treinamento dele foi muito rápido. Acho que ele poderia ter ido pra lá quando o tal vilão ainda estava treinando também e fazer passar uns anos porque ele dominou as artes misticas do dia pra noite! E o vilão... Mal trabalhado. Só dizem que ele perdeu todos que amava e aí? Quer ser imortal por isso?
Fora isso, eu gostei. Mas tem uns exagerados por aí dizendo ser "o melhor filme da Marvel"... Todo filme da Marvel é isso agora aí ler uma critica mais pé no chão é legal :)
Só discordo da parte em que diz que o filme é um dos mais fracos da Marvel, apesar dos defeitos que mencionou, dos recentes filmes ele é o melhor. Acho que o último que realmente curti foi Os Guardiões da Galáxia, mas não gostei do final da dança e a união a la Capitão Planeta. Nesse caso, gostei do final do Doutor Estranho e seu loop temporal. Mas como a Bianca falou, há um problema por ser um filme de origem, se parar para pensar em Homem de Ferro, que é um dos filmes mais adorados pelos fãs da Marvel, as coisas demoraram a acontecer, como Capitão América e Thor.
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