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domingo, 16 de outubro de 2016

Júlia e o dilema do futebol de sabão


Ontem, houve uma festa de Dia das Crianças na minha igreja.  Basicamente, brincadeiras e aqueles lanches que crianças gostam (*pipoca, cachorro quente, suco açucarado, sacolé etc.*).  Júlia ainda não tem três anos e foi na cama elástica, piscina de bolinhas (*único brinquedo sem fila*) e até no touro mecânico.  Havia futebol de sabão, mas estava muito cheio e só crianças maiores e adolescentes acabaram usando.  Normal, mas ela queria ir.   Confesso até que foi bom que não entrasse mesmo, porque ela iria ficar toda molhada e eu teria duas alternativas: deixar secar no corpo, ou voltar para casa.

Hoje, falando com o avô ao telefone, ela reclamou que não deixaram ela ir, porque "era só para meninos".  Como assim?  Ela viu um monte de meninas brincando.  Como é que se explica que ela possa processar a informação dessa maneira?  Futebol = Meninos?  Corrigi, reforcei a informação de que ela não foi, porque nenhuma criança pequena foi.  

Bate um medo de que ela absorva, à revelia do que ela vê em casa, ouve, vivencia, esses papéis de gênero horrorosos.  Não é suficiente, e não é mesmo, repetir que não existe brinquedo de menina e de menino, que tudo é brinquedo.  O mundo ao redor, as imagens, tudo é muito forte.  Enfim, como a mesma menina que é capaz de responder na lata (*e eu fico sem graça, mas fazer o quê?*) quando lhe chamam de boneca que "Eu não sou boneca, eu sou menina, não brinquedo", me saia com uma dessas?  Enfim, cada dia de uma vez, que eu nunca me enganei que seira fácil... 

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