Em 2014, eu comentei sobre um lançamento no Japão chamado Dansen Mozun Hen Daisuki Datsuta! Shoujo Manga 70 Nendaihen ~Girl’s Comics in the 1970~ (完全保存版 大好きだった!少女マンガ70年代篇~Girl’s Comics in the 1970~). Curiosamente, descobri que nunca tinha comentado a edição desse guia dos shoujo mangá na década de 1970.
Mês passado chegou a minha edição do Daisuki Datta! Shojo Manga '80 Nen Dai Hen (完全保存版 大好きだった! 少女マンガ80年代篇), o guia para os anos 1980, uma década que eu comento muito pouco aqui no Shoujo Café. Esse deve ser o primeiro post, mas não esperem muito de mim, porque, bem, o livro tem muita imagem, mas tem muito texto, também, daí, muita coisa eu consigo inferir. Decidi que não poderia deixá-lo passar sem comentar alguma coisa. A primeira parte do livro traz uma lista - comentada, com muitas imagens, guias para entender as personagens, algumas entrevistas até - sobre os shoujo mangá que melhor representam a década de 1980.
Algumas autoras estão representadas por uma obra só. Normalmente, há boxes pequenos falando de uma ou várias de suas obras. Em alguns casos, há duas obras escolhidas como representativas da década ou do trabalho da autora no período. Senti falta de mangá histórico, mas eles aparecem na parte 2 do livro, quando listam todas as grandes mangá-kas do período. De repente, eu faço um post sobre esta parte, também. Coloquei a lista das obras abaixo:
1. Tokimeki Tonight (ときめきトゥナイト) – 1982-94 – Ikeno Koi – Publicada por mais de uma década, a série se estende por três gerações da família Etou. A primeira parte é sobre Ranze, uma colegial relativamente normal, exceto pelo fato de seu pai ser um vampiro, sua mãe é uma lobisomem, e que ela mesma ter poderes extraordinários. Sua família foi banida do mundo mágico para viver entre os humanos, e agora eles guardam a porta entre os dois reinos. A história de fato começa quando Ranze se apaixona por um garoto humano e seu romance é proibido pelos pais. Os outros arcos de história posteriores focam no irmão de Ranze e na filha da protagonista. A série publicada na revista Ribon teve anime para a TV, continuações, séries alternativas e derivadas.
2. Asaki Yumemishi ~Genji Monogatari~ (あさきゆめみし 源氏物語) – 1980-1993 – Waki Yamato – Trata-se de uma versão para mangá daquele que é considerado o primeiro romance da história, Genji Monogatari (源氏物語). O livro, escrito no séc. XI pela dama Murasaki Shikibu conta a história de Genji, um dos filhos do imperador Kiritsubo. Sua mãe, apesar da origem humilde, é a concubina favorita do imperador e, por isso, é perseguida pelas outras mulheres da corte. Ela torna-se depressiva e termina de morrer três anos depois do nascimento do protagonista. Apesar da morte da amada, o imperador não abandona seu filho que cresce para se tornar um homem belo, corajoso e cheio de virtudes. A primeira parte da história (volumes 1 a 10) segue os contos de amor de juventude gloriosa Hikaru Genji e as mulheres que estavam ao seu redor. A segunda metade da história chamou os episódios "Uji Jujo" (volumes 11 a 13) ocorre depois da morte de Genji, com foco na juventude de dois príncipes imperiais relacionadas com Genji.
3. Izaron Densetsu (イズァローン伝説) – 1982-1987 – Takemiya Keiko – A série de fantasia segue história dos dois herdeiros do trono de Izaron: Teiokia e Rukishu, que eram muito próximos quando crianças, mas foram se afastando por questões políticas. Ambos têm poderes de algum tipo: Teiokia, por exemplo, é homem e mulher ao mesmo tempo. Difícil escolher uma obra só dessa autora. Curiosamente, escolheram uma que praticamente não se acha informação, ou resumo decente para traduzir. Imagens, no entanto, tem muitas. Queria informação mesmo.
4. Cipher (サイファ) e Alien Toori (エイリアン通り) – Minako Narita – Nesta época a autora preferia colocar suas séries se passando fora do Japão, nos EUA, especialmente. Em Alien Toori, ou Alien Street, seu nome mais conhecido, aliás, temos Gerard, um estudante universitário que é ajudado por Sharl quando estava sofrendo bullying. Gerard não sabe, porém, Sharl é o filho de um magnata do petróleo do Oriente Médio. A história trata de sua amizade e seu caminho na compreensão de si mesmos. Cipher tem como protagonista Anise uma adolescente que acaba descobrindo que tem como colega em sua nova escola um jovem ator e modelo chamado Shiva. O que Anise acaba descobrindo é que Shiva tem um irmão gêmeo, Cipher, e que os dois ao longo da vida tem se alternado no colégio e no trabalho sem que ninguém saiba. Anise faz um acordo com ele, ela guardaria o segredo se, durante duas semanas, eles permitissem que ela frequentasse sua casa. Se ao final desse período ela fosse capaz de distinguir entre um e outro, eles lhe contariam o motivo de todo esse segredo. Gosto do trabalho da Narita nessa época, porque ela é uma das poucas autoras que conheço que desenha personagens de mangá multirraciais e o faz muito bem. Em uma escola norte americana e Nova York, desenhar somente suas personagens padrão de mangá seria empobrecedor.
5. Yuukan Club (有閑倶楽部) – 1981, 19 volumes e em hiato – Yukari Ichijo – Shouchikubai Miroku, Kenbishi Yuuri, Kikumasamune Seishirou, Hakushika Noriko e Kizakura Karen são ricos e frequentam uma escola de elite. Juntos eles formam o Yuukan Club e se dedicam a resolver mistérios e investigar crimes. Tudo, claro, para passar o tempo e vencer o tédio. Teve dois OAV (Anime direto para vídeo) em 1991 e um dorama em 2013. Parece ser a obra do coração da autora que, nos anos 1970, e ao longo de sua carreira que se estende até hoje, publicou vários trabalhos excelentes, mas é lembrada, normalmente, por Pride (プライド) e Yukkan Club, uma é um drama denso e a outra é uma comédia bem maluca e descompromissada.
6. Itsumo Pocket ni Chopin (いつもポケットにショパン) – 1980-1989 (?) – Fusako Kuramochi – Asako é uma menina solitária que tem uma mãe cruel e poucos amigos, seu refúgio é a avó que a incentiva a tornar-se uma pianista. Um dia, Asoko compete com um outro aluno, um menino parece ser bastante talentoso e fica impressionada. Após a morte de sua avó e uma passagem de tempo de alguns anos, Asoko e o menino (agora um jovem) se reencontram novamente em um concurso de piano.
7. Boku no Chikyuu wo Mamotte (ぼくの地球を守って) – 1987-1994 – Saki Hiwatari – Alice é uma adolescente solitária que tem estranhos sonhos com um outro mundo que parece ser a lua. Ela tem um vizinho, Rin, um pestinha de nove anos, que sempre torna sua vida difícil. O que Alice acaba descobrindo é que outros adolescentes têm os mesmos sonhos e que, provavelmente, eles são a reencarnação de um grupo de alienígenas que, muitos anos antes, estavam encarregados de observar o planeta Terra. O problema é que Rin também tem sonhos de uma outra vida, mas ele é mais jovem que o grupo e sua presença traz lembranças desconfortáveis e desperta estranhos sentimentos no resto dos adolescentes. O significado disso obrigará Alice a se posicionar entre salvar Rin, ou deixá-lo se perder de novo... A série é um clássico da ficção científica em mangá, teve uma serie OAV em seis episódios (*muito boa, mas que cobre a história de forma corrida*) e continuações. Trata de temas complicados como estupro e a diferença de idade muito grande entre o casal protagonista. Isso é explicado na história dentro da lógica de reencarnação que é central na narrativa, mas, ainda assim, certamente deve haver quem se incomode.
8. Banana Fish (バナナフィッシュ) – 1985-1994 – Yoshida Akimi – A natureza premiou Ash Lynx com a beleza; o meio fez dele um assassino cruel e frio. Um fugitivo adotado e criado como o herdeiro do mafioso "Papa" Dino Golzine, que o usa, também, como brinquedo sexual. Ash, agora com a idade de dezessete anos se rebela, tentando fugir de seu "pai" e dos negócios dele. Mas o segredo horrível que levou o irmão mais velho de Ash à loucura na guerra do Vietnã, de repente, caiu nas mãos insaciáveis de Papa Dino, trata-se de uma droga chamada "banana fish". Este é exatamente o momento errado para Eiji Okamura, um jovem fotógrafo japonês, um sujeito de bom coração, encontrar com Ash Lynx. Banana Fish conseguiu grande atenção na sua época e rompeu o nicho do mangá feminino por seu conteúdo violento e ação, isto é, a história é excelente, mas agregou componentes que muita gente acha que só existe em mangá para garotos. Foi um dos primeiros shoujo a sair nos EUA e muita gente não acreditava que era shoujo...
9. Boyfriend (ボーイフレンド) – 1985-? – e 3-Three – 1988-? – Souryo Fuyumi – Essas são as duas séries mais importantes de Souryo antes de criar sua obra maior, Mars (マース). Em Boyfriend, o protagonista, Takatou Masaki, é o segundo mais novo de quatro filhos, e aparentemente um delinquente por natureza. Seu temperamento explosivo terminou por criar um abismo entre ele e seu rigoroso pai. Expulso de uma escola, terminou jogado em outra notoriamente horrível para a única coisa em que é realmente bom, basquete. Um encontro casual com a voluntariosa Yuuki Kanako, uma moça mais velha, pode servir como um catalisador para a mudança. A série venceu o Shogakukan Manga Award em 1988. Já 3-Three conta a história de um casal de adolescentes, Kishimori Rino e Nakanone Kei, apaixonados por música e desejosos de formar uma banda de rock. Só que eles precisam de uma terceira pessoa... Esse é o ponto de partida para a história.
10. Hot Road (ホットロード) – 1985-1987 – Taku Tsumugi – Kazuki Miyaichi é uma menina de 14 anos que sente que ela não recebe qualquer amor de sua mãe. Ela também não gosta do namorado da mãe e se sente sobrando em sua casa. Como ela carrega a ansiedade sobre não ser necessária na vida de qualquer pessoa, começa a se sentir atraída por um delinqüente juvenil chamado Hiroshi Haruyama. O rapaz faz parte de uma gangue de motociclistas, os "Nights". A série foi adaptado para o cinema no ano passado. Na sua época, Hot Road causou forte impressão ao abordar temas como divórcio, tabu na sociedade japonesa, e as gangues de "rebeldes" que se multiplicavam na época.
11. Curry no Ouji-sama (カレーの王子さま) – 1984 – e Koushien no Sora ni Warae! (甲子園の空に笑え!) – 1984 – Kawahara Izumi – Foi difícil achar algum resumo sobre Curry no Ouji-sama, mas o que consegui e traduzi muito mal fala de um jovem casal que não tem dinheiro e decide montar um pequeno restaurante. A esposa cozinha um curry muito bom que termina por atrair a atenção até dos indianos. Imagino que tenha sido o trabalho de estréia da autora. Eu a conhecia por uma obra que é considerada importante nos anos 1980, mas só é citada no final do livro Warau Michael (笑う大天使). Já em Koushien no Sora ni Warae!, uma nova professora estimula seus alunos (*e alunas? tão difícil achar informação...*) a sonharem com o Koushien.
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