Semana passada, postei aqui a tradução a entrevista do The Guardian com o diretor do filme When Marnie Was There e seu produtor, Yoshiaki Nishimura que, segundo o jornal britânico, estaria no país representando o Studio. Quero frisar isso, porque, agora, ele virou ex-funcionário desde 2014. Pois bem, para quem não se lembra, quando perguntado se alguma mulher poderia um dia dirigir um filme da Ghibli, ele respondeu: "Depende de que tipo de filme que seria. Ao contrário de um live action, com a animação nós temos de simplificar o mundo real. As mulheres tendem a ser mais realistas e gerenciar dia-a-dia muito bem. Homens, por outro lado, tendem a ser mais idealistas – e filmes de fantasia pedem uma abordagem idealista. Eu não acho que é uma coincidência que os homens sejam os escolhidos. "
Apesar de muita gente começar a resmungar, porque muitas feministas estavam reclamando, afinal, Ghibli é o máximo e o sujeito é um profissional que deve estar falando baseado em ampla experiência, sim, o cara é machista e falou uma grande bobagem. Pior ficou, porque a Ghibli baseia muitos de seus filmes em livros, contos, mangás feitos por mulheres, incluso aí o When Marnie Was There produzido por este senhor. Agora, essa fala infeliz não transforma o material da Ghibli em filmes machistas que a gente tem que jogar no lixo. É preciso separar as coisas.
De qualquer forma, provavelmente por pressão da própria Ghibli, mas, talvez, por ter colocado a mão na consciência, Yoshiaki Nishimura se retratou no seu Twitter (1-2-3), estou usando como base a tradução do Kotaku, mas vários sites brasileiros já postaram traduções. Vamos ao que ele disse: "Eu gostaria de pedir desculpas para o que foi dito em um artigo de 06 de junho no The Guardian. O artigo foi baseado em uma entrevista feita no Reino Unido em 28 de setembro de 2015 e, com certeza, foi isso o que eu disse. Primeiro de tudo, eu deixei Studio Ghibli no final de 2014, e não sou mais um funcionário da Ghibli. Eu gostaria de pedir desculpas por fazer todos que amam a Ghibli se sentir desconfortáveis devido ao mal-entendido de que o que eu disse representava o pensamento da Ghibli. Em segundo lugar, como em relação ao comentário de que os homens tendem a ser mais idealistas e mulheres tendem a ser mais realistas, trata-se um ponto de discriminatório e unilateral, e eu certamente pensava assim. Eu refelti, e aprendi uma lição. Sexo não tem relação com fazer filmes. Eu realmente sinto muito. "
Sendo Nishimura sincere, ou não, ele se desculpou de forma correta, na medida em que não negou o que disse, não fez aquelas alegações comuns tipo “distorceram minhas palavras”. Admitiu o caráter discriminatório de suas palavras, livrou a Ghibli, e disse que está revendo seus conceitos. Pudera ser sempre assim. O comunicado foi publicado no perfil do Studio Ponoc, que Nishimura fundou no ano passado.
3 pessoas comentaram:
Menos mal. O mundo está evoluindo aos poucos...
Pelo menos não disse "desculpe se ofendi". Esse se é não admitir a culpa.
É tão difícil ver um homem pedir desculpas sinceras por comentários sexistas que fica até esquisito de ver, parece que as "regras" do mundo mudaram de repente.
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