segunda-feira, 11 de abril de 2016
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2:15 PM
Abri agora o blog da Patrícia Kogut e encontrei esta nota: "Luís Melo vai interpretar o patriarca da família japonesa de “Sol nascente”, próxima novela das 18h. Nascido e criado no Japão, Tanaka, seu personagem, será neto de um americano. Na história de Walther Negrão, Julio Fischer e Suzana Pires, ele virá para o Brasil nos anos 1960. A direção caberá a Leonardo Nogueira." Como encarar isso aí?
Eu gosto do Luís Melo, acho uma ator fantástico e subaproveitado pela Globo, agora, isso não me faz ver como aceitável que o escalem para fazer um oriental. A comunidade japonesa no Brasil é imensa, mais concentrada em São Paulo, Paraná e Pará, é verdade, mas presente no país inteiro. Certamente, temos vários atores e atrizes de ascendência oriental disponíveis para fazer papéis nessa novela. No entanto, o que já está sugerido é que a preferência será dada para um elenco caucasiano passando-se por japoneses e descendentes.
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Daniela Suzuki estará na novela Sol Nascente. |
Acho muito justo que se faça uma minissérie ou novela sobre a imigração japonesa no Brasil. Foram tantas novelas sobre italianos e muito mais atenção foi dada a outros grupos de imigrantes, os japoneses são pouco visíveis na dramaturgia nacional, agora, da mesma maneira que black face é abominável, isso deveria ser, também. Fosse nos Estados Unidos, a Globo seria bombardeada por mensagens condenatórias. Aqui, muita gente (*normalmente gente socialmente branca e muito bem representada nas telas*) acha um absurdo apontar o absurdo. Enfim, se haverá um núcleo japonês, ou vários, será necessário, para que a novela seja, no mínimo, crível, buscar elenco que seja compatível. A Globo quando quer - basta olhar Velho Chico - vai ao teatro em busca de novos (*e velhos*) talentos. Basta procurar.
A partir daqui, estou retomando o texto, porque recebi dois comentários curiosos. Um da querida Tanko, do Blyme e do antigo Shoujocast, dizendo que depois que Tony Ramos foi indiano, tudo é possível. Bem, Tony Ramos fez um grande trabalho de composição e muitos brasileiros e brasileiras médios poderiam ser indianos e vice-versa. Minha mãe, por exemplo, coloquem um sari nela e ela parecerá indiana desde que ela não fale, ou ande. O que mais me surpreendeu em relação à Caminho das Índias foi constatar, conversando com um indiano, aqui, em Brasília, o quanto eles conseguiram apreender os trejeitos, os tiques culturais. Isso é um grande trabalho de ator. Dia desses, seguindo a mesma lógica, me espantei de ver que o Chico Diaz é mexicano, filho de pai paraguaio e mãe brasileira. Bem, ele se parece com muitos nordestinos e como excelente ator, faz um grande trabalho de composição.
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Tony Ramos em Caminho da Índias. |
De qualquer forma, convocamos a Tabby - outra amiga do Shoujocast - para comentar a história do Tony Ramos. Para quem não sabe, ela é fã de cinema indiano e a especialista em Bollywood para todas as horas. Ela simplesmente concordou que qualquer um do elenco indiano de Caminho das Índias poderia estar no cinema bollywoodiano, simplesmente, porque o racismo por lá é tão forte que indianos e indianas de pele escura - traço associado à pobreza, inferioridade social e feiura - só aparecem na tela como figurantes. As estrelas de Bollywood - e a Índia é um país tão ou mais plural que o nosso, são sempre atores e atrizes com traços finos e a pele mais clara.
O outro comentário foi naquela linha de "vocês reclamam demais". A moça falou de Narcos, elogiadíssimo mais que criticado seriado protagonizado pelo Wagner Moura, e 47 Ronins, um filme descartável com o Keanu Reeves. O fato é que Wagner Moura poderia ser colombiano, como poderia ser norte americano, ou mexicano sem grande problema. Não vi a série, mas o que escrevi sobre Tony Ramos vale para ele. Talvez, as críticas sejam motivadas por Moura não ter conseguido absorver os tiques culturais, os trejeitos que marcam as pessoas de um país ou região.
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Audrey Hepburn como índia. |
Obviamente, também acho justo que colombianos reclamem de um ator colombiano ter sido preterido para o papel. Podemos usar mil argumentos para justificar, mas, ainda assim, a reclamação seria legítima. Percebem a diferença? Não se trata de acusar de ser um lixo, mas pontuar aquilo que é problemático ou passível de polêmica. Quanto ao filme 47 Ronin, nem vale a pena comentar.
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Katharine Hepburn fazendo papel de chinesa. |
O fato é que quando Hollywood quer, ela consegue escalar um elenco oriental. Vide O Último Samurai. Isso, obviamente, não garante um bom filme, mas é mais justo do que empurrar um ator branco fazendo "yellow face". Por décadas, índios eram interpretados por brancos. Audrey Hepburn já foi uma mestiça em O Passado não Perdoa (The Unforgiven, 1960) e Rock Hudson foi índio em Winchester '73 (1950), só para citar dois exemplos. Por vários anos, atores brancos eram pintados de preto. Atrizes de ascendência européia, como Katharine Hepburn, fizeram papel de chinesas. Motivo? Racismo e preguiça de ir atrás de um elenco que expressasse a diversidade. Aliás, a maquiagem de Hepburn em A Estirpe do Dragão (Dragon Seed, 1944) era mais convincente que a do falso coreano da novela Geração Brasil da Rede Globo.
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O "coreano" de Geração Brasil. |
Minha mesma crítica vai para escalarem atrizes jovens demais para papéis de mulheres maduras. Sim, estou falando de Jennifer Lawrence, mas, também, de Camila Pitanga na segunda fase de Velho Chico. Quanto mais velha a atriz, mais difícil conseguir bons papéis. Muitas vezes, uma atriz de 30, 35 é considerada velha demais para par romântico de um cara de 50 ou mais anos. Lawrence parece não se importar mesmo, já Camila Pitanga foi usada para tapar buraco, afinal, Letícia Sabatella, a primeira escolha, desistiu do papel. Só que, na mesma novela, há Dira Paes que poderia, sem problema, ser Maria Tereza e fazer um trabalho maravilhoso.
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O vergonhoso black face de A Cabana do Pai Tomás. |
Sem me desviar muito, e voltando à Globo, ela continua pisando na bola. Aliás, uma de suas primeiras grandes produções - A Cabana do Pai Tomás (1969/70) - celebrizou-se não pela qualidade, mas por apresentar um ofensivo black face, exigência do patrocinador, que queria um ator consagrado, Sérgio Cardoso, como a personagem título. Ele fazia três papéis, dois brancos e o protagonista negro. E antes que alguém diga que não havia atores negros para o papel, recomendo uma pequena pesquisa. Como disse Viola Davis, "A única coisa que separa mulheres de cor de qualquer outra pessoa é oportunidade. Não se ganha esse prêmio sem um papel", isso vale para qualquer (dita) minoria, aliás. Só que há momentos em que eles existem, mas o racismo estrutural fala mais alto e o papel cai no colo errado, ainda que seja de um grande ator ou atriz.
Dito isso, ninguém me faz engolir a Serena índia branca de Alma Gêmea. Colocar a Priscila Fantin no papel foi um absurdo tão grande que é difícil comentar. Ela consegue fugir até do estereótipo do pegar um ator/atriz, bronzear e pintar de tintas pretas e vermelhas. A índia de Alma Gêmea está fora de qualquer escala. O fato é que as novelas da Globo mostram um Brasil muito mais branco do que nosso país realmente é. Isso pode não ser problemático se pegarmos uma novela sobre imigração italiana, mas ao falar de japoneses é justo colocar atrizes e atores caucasianos em papel de destaque? Não existem artistas brasileiros de ascendência oriental para fazer os papéis? Se não existe gente para compor um elenco de 20, 30, que tal mudar o foco da novela?
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Serena, índia branca, de matar de vergonha. |
Exagero meu? Pode ser, mas embora goste bastante de Senhora do Destino nunca consegui ver meus parentes e conhecidos naquela família nordestina liderada pela grande Suzana Vieira. Da família inteira, só o Nelson Xavier me convencia. A novela era boa, mas poderia ser melhor e dar visibilidade aos talentos que fossem nordestinos, descendentes ou carregassem os traços variados que são vistos na região. Aliás, o nordestino típico normalmente aparece no papel estereotipado: pobre, analfabeto, sertanejo, fugindo da seca, sendo objeto de humor. É possível ir um pouco além disso, ainda que possamos, também, conviver com os estereótipos mais clássicos.
62 pessoas comentaram:
Gente, é 2016. Tanto se fala em representatividade nas obras de ficção, e tanto se fala na necessidade de escalar não apenas atores brancos, e de repente a Globo é conivente com um retrocesso desses?
Quando era mais nova, ouvia minhas colegas descendentes de japoneses reclamarem da discriminação contra asiáticos no Brasil, que é pouco discutida mas muito real (no caso dos asiáticos do leste, vide "Coreano, chinês e japonês é a mesma coisa", "tudo igual é um caminhão cheio de japoneses", "pastel de flango" etc...). Como não sou descendente não cabe a mim dizer se estou ofendida ou não, mas que é um descuido e um retrocesso, é. Obrigada pela notícia!
- Chell @ Blog Not Loli
A Globo é racista d carteirinha há anos, e infelizmente salvo protesto seguido d forte boicote não irá mudar. Eu larguei d vez qualquer esperança em alguma novela ou mini série dela q volte a prestar. Negros q o digam, a emissora se orgulha d ter feito a primeira novela com protagonista negra, MAS sempre q tem uma novela d época faz a negra/mulata da novela encarregada da iniciação sexual dos filhos do patrão, e finge q escravidão jamais existiu e era todo mundo bonzinho e amigo. Fora o preconceito regional com os próprios brasileiros eu diria q em primeiro lugar com os nordestinos d forma escancarada e exagerada, mas com gaúchos não fica tão atrás, e bom ou mal ator jamais vi uma mini série com folclore gaúcho q sotaque não fosse exagerado e falso.
Não é a primeira vez que a globo faz yellowface, tinha uma novela ,que não me recordo o nome, que pegaram um ator não-asiático para interpretar um coreano, botaram uma fita adesiva para puxar o olho dele e ele fez um sotaque ridículo que ele mesmo admitiu que não sabia como era um sotaque coreano e improvisou total, ficou medonho.
Curioso que se isso acontecesse nos estados unidos haveriam um repudio enorme, não sei porque isso ainda acontece no Brasil
Eu te entendo completamente. Lembro de uma das "super produções" da Record (que não nego terem uma grande qualidade) com gente branca fazendo papel de egípcios, os poucos negros que tinham no elenco não tinham tanto destaque, como uma serva do palácio, seu filho, uma mulher que deixou de ser sacerdotisa e virou dama de companhia da rainha (uma rainha egípcia branca. Blz.) e um nobre de uma terra distante lá. Isso me deixa profundamente irritada. Seria tão bom deixar a produção mais "realista" com tanto ator e atriz negros aí com o mesmo tipo físico que os egípcios tinham...
Eu sou branca, se eu já me sinto irritada por isso e nem é com a minha cor de pele, imagina os negros, indígenas e orientais que olham esse "branqueamento" e não se sentem representados em coisas que são tão tradicionais como novelas :/
Eita racismo heinh. Um exemplo clássico foi o coreano fabricado na novela. Esperam o que?? Que possamos engolir esse absurdo.
Devemos ter discernimento no que assistir.
Nossa vai ficar muito estranho, globo stop
Valéria, aqui a Takako-sensei
Fiquei um tanto surpresa com essa notícia e nem sei o que comentar... Não ficaria muito à vontade em ver alguém não descendente fazendo um japonês. O que me dá medo é se a coisa degringolar para o estereótipo.
Como a Chell disse lá no primeiro comentário, há um racismo velado contra asiáticos no Brasil. Detesto ouvir piadinhas e fora aquele engraçadinho que finge que está falando japonês e ainda imita o sotaque. Acho o fim!
Ou a pessoa posta um vídeo coreano e coloca nos comentários que é japonês. Aí, gentilmente, falo que está errado e a pessoa responde que dá na mesma pois ela não entende a língua mesmo...
Depois dizem que sou privilegiada, que os japoneses não sofrem preconceito e não tenho direito de reclamar... Isso cansa!
Já sofri agressão na rua. Uma mulher começou a xingar minha mãe e eu (na época, uma criança) de lixo do mundo e para a gente voltar para a nossa terra (?). Tinha um saco de lixo estourado jogado no meio da rua e ela foi até lá dizendo que iria tacar o que a gente merecia. Só lembro da minha mãe puxando pelo braço e correndo sem olhar para trás. Isso foi na década de 80.
Com a vinda dos animes para cá, deu uma melhorada mas mesmo assim... Não estamos livres de piadinhas infames!
Acabou virando um desabafo, peço desculpas...
Takako, que saudade de você! Quanto tempo! Obrigada por ter escrito. Aliás, eu escrevo olhando de fora, você pode falar com toda a propriedade.
uito triste, pois o desprezo vai muito além, somos invisíveis perante a arte. Um oriental nunca vai ser protagonista, nunca vai ser um serviçal, resumindo nunca terá um papel em nada, então não me venham falar em preconceito, discriminação racial, pois o que sofremos é o que ?? Eu como oriental sofro isso desde pequeno, pois não bastava ser bom, como oriental tinha que ser melhor e por melhor que fosse, eu via outros meninos sendo escolhidos e eu não era escolhido porque era oriental. Ser oriental virou um fardo. Mas carreguei esse fardo com muito orgulho, porque hoje tudo o que eu conquistei foi com muita luta, dedicação, e sei que não se mudará esse conceito, mais apenas não me falem de preconceito, pois eu sei o que eu sofri e continuarei sofrendo.
A muitos anos deixei de assistir novelas da Globo cansei de ser aquela que reclama é da audiência por vício em porcaria graças a Deus hoje tenho tv a cabo é posso escolher o que assistir sem ficar alienada a uma emissora facista que prega uma coisa é faz outra sou negra e estou cansada de ver negros fazendo papéis secundário sempre na dramatúrgica para agradar a elite que não suporta ver um negro na tela a não ser nas favelas como fachineiros e servireis me cansei de só ficar na reclamação é não ter atitude hoje em dia novelas de Globo é puro barraco é senas de sexo pra dar audiência só isso é deixar o povo alienado feliz daqueles que são livres e podem fazer suas propias escolhas é pra isso que lutamos mas infelizmente o povo ainda não sabe a força que tem
Mas Isaura, no livro, era branca.
No início da matéria fiquei 'xôcada'. Como poderia a Globo fazer isso nessa altura do campeonato...tantas lutas em busca de igualdade e 'esáporra' fazendo isso. E quando fui lendo os outros exemplos anteriores e fiquei mais 'xô' ainda.
Eu como atriz e branca nunca havia pensado nisso...já me perguntei às vezes por que não haviam japoneses em novelas pq tive muitos amigos japoneses, mas como não me atingia e era criança, meio que não "fazia diferença". Ver como eu assistia e aceitava uma nordestinos cariocas, india branca e indianos brancos sem ao menos questionar me deixou alarmada. E é isso o que acontece. E por outro lado vejo acontecendo coisas do tipo pegarem modelo que nunca atuou e colocar pra protagonista. Existem lindas meninas no perfil modelo e BOAS atrizes...mas preferem alguém mais bonitinha ou que tem o QI alto (QI - quem indica).
Bom...enquanto a Globo produz isso aí. Vários nipônicos sonham em serem atores, sim eles existem, mas ao olhar na TV a mensagem que vão receber é que não são ou serão bons o bastante nem pra reapresentar eles mesmo.
To triste.
O racismo contra orientais no Brasil é algo gritante, acho que as colônias de orientais deveriam se unir e de repente entrar com algum tipo de representação na justiça e exigir que os papéis principais desse tipo de história fossem protagonizados por atores orientais.
Gostei. Só não entendi sobre a Camila Pitanga, pois ela tem 38 anos.
Arrasooooou! Não tenho descendência de origem asiática, mas sou afro-indígena e me incomoda muito esse branqueamento propagado pela rede Globo e a grande mídia em geral. É triste ver grupos étnicos não brancos (negros, indígenas, japoneses, chineses, coreanos, indianos, entre outros) serem representados por pessoas brancas que não tem um pingo dessa descendência no sangue.
" "Luís Melo vai interpretar o patriarca da família japonesa de “Sol nascente”, próxima novela das 18h. Nascido e criado no Japão, Tanaka, seu personagem, será neto de um americano. Na história de Walther Negrão, Julio Fischer e Suzana Pires, ele virá para o Brasil nos anos 1960. A direção caberá a Leonardo Nogueira." Como encarar isso aí?"
Eu encaro como o seguinte ele e um gajin.
Ele nasceu no Japão ele e um mestiço,a novela pode tratar sobre as questões de ele querer encontrar sua familia real.
E aproveitando a onda imigratoria vira para o Brasil.
Não e a primeira vez que temos algo do tipo.
Quem assiste doramas sabe muito bem que o Japão adora fazer isso.
Basta pegar Ouran Houst Club e vera que houve uma liberdade poetica por parte dos produtores.
Tenho varios amigos orientais que são Atores e pior que os Negros nunca são escalados, Depois da Record fazer um Egito Branco esperaremos mais o que, boicote ja
No caso da Camila Pitanga, ela não tem idade para ser a Tereza. Veja bem, se a personagem tinha 18 anos em 1988, teria 46 depois de um salto no tempo de 28 anos. Dira Paes tem essa idade, Camila Pitanga está longe disso. Já Letícia Sabatela, atriz originalmente escalada, tem 45 anos.
Concordo !
É uma discussão complexa.
Eu não vejo isto como um ato deliberado de discriminação ou racismo contra orientais.
O fato é que existe aqui, o mesmo problema mercadológico que existe nos EUA - atores orientais, especialmente do sexo masculino não tem apelo público para gerar audiência.
Essa é a questão fundamental, as novelas e programas de TV são produtos comerciais que precisam atender as demandas do mercado, ou seja, o público para o qual se destina.
Eu sou um oriental do sexo masculino e eu sou o que deveria estar mais ofendido com isso, mas não estou.
O cinema e a TV são o reflexo da sociedade, seus problemas e suas virtudes. São o efeito e não a causa.
Combater a exclusão de atores orientais é uma tarefa a ser executada na base e não no topo.
Eu fico feliz com o fato de uma rede de TV tão importante esteja disposta a dar visibilidade aos nipo-brasileiros, mesmo que seja dessa forma.
Enfim, eu gostaria de suas referências sobre orientais não terem "apelo" mercadologico. As fontes que desmintam o racismo, porque eu sei que se fizessem yellow face nos EUA nos duas de hoje seria um escândalo.
Ademais, as coisas não mudam se não fizermos com que mudem. Esse mesmo argumento de apelo mercadologico é usado para mulheres protagonizando filmes de ação ou negros como heróis.
Não é a primeira vez,infelizmente, mas é algo lamentável. No mais,a população brasileira é muito diversa,enquanto a japonesa tende ao homogêneo. Há atores brasileiros de origem japonesa que não tem visibilidade, porque não lhes oferecem oportunidades. Nem como figurantes em novelas em SP orientais aparecem com frequência.
Não só a globo, se vc analisar, em vista a globo é a emissora com mais número de negros, olha o sbte e a Record! O SBT supera a globo no conceito racismo, as novelas só têm atores brancos de olhos claros
Pq?
Eu nunca li o livro, não sabia que ela no original era negra.
Não sei se vc já leu HP, mas uma personagem ( lila Brown) tbm ficou loira na adaptação do filme, no livro ela é negra
De fato uma pena não ter atores orientais escalados para novela. Agora dizer que os orientais são discriminados no Brasil, já é um exagero, nunca me senti discriminada aqui, muito pelo contrário, normalmente somos referência de inteligência, povo correto e de caráter (mesmo quando muitos japoneses não são). Agora tudo é politicamente incorreto???
Lembrando que as novelas do SBT vem a grande maioria do México, não são feitas aqui. Então não vale muito visar em relação a um preconceito que as emissoras brasileiras têm.
Parece bizarra, mas vamos seguir uma lógica: protagonistas de uma novela, sempre serão os atores renomados da casa, nunca um ator principiante. Nesse caso, a Globo prefere utilizar atores famosos e adaptar o roteiro (pondo o protagonista como neto de americano pra justificar o rosto não japonês) do que arriscar com um novo talento mirim com descendência japonesa e acabar podendo não ser aceito pelo público. Essa é a lógica, pela vista dos negócios e do ibope. Agora, se for pelo ponto de vista de tratar a realidade, e dar oportunidades, então é óbvio que seria necessário atores com descendência oriental. Acho até que essa novela, além de tratar algo importante que é a imigração, ainda vai abrir portas para atores coadjuvantes com descendência oriental, parece pouco, mas isso pode começar a modificar a mídia a aceitar novas etnias, e sair um pouco dos caucasianos/ pardos. Espero que seja assim, diferente de "Caminho das índias", onde não se usou ninguém com ascendência indiana, isso porque vamos convir que muito ator brasileiro mesmo não tendo ascendência indiana tem cara de indiano kkkk. Essa adaptação já fica mais difícil quando se trata de personagens nipônicos. Finalizando, vamos esperar pra ver, não vamos tacar pedra logo de cara, pois tem uma lógica, de que se pôr o protagonista um ator de olhos puxados desconhecido do público a novela fracassa na hora, infelizmente ¬¬...
Clara, seus argumentos são todos coerentes, mas vamos só pensar uma coisa: atores e atrizes de ascendência nipônica são brasileiros como quaisquer outros. Já Caminho das Índias mostrava supostos indianos e teve que quebrar galho com atores nacionais que, bem, poderiam ser indianos. É diferente. Um nipobrasileiro pode se comportar como qualquer brasileiro, sem necessidade de sotque, trejeitos culturais ou o que valha.
O grande problema é que não tem representação nipônica nos grandes meios de comunicação do Brasil, a exemplo de George Takei nos estados unidos; e infelizmente a natureza servil não permite que os descendentes que podem dar voz a comunidade o façam, pois o preconceito velado já é o suficiente pra inibir qualquer vontade de reação e manifestação, infelizmente a raça japonesa foi domesticada no Brasil, e o futuro não parece que trará condições melhores.
Aqueles que estão usando exemplos como Caminho das Índias não devem saber diferenciar etnias. Os asiáticos tem traços fortes e característicos. O pessoal da Globo vai bancar o saudosista e retroceder aos anos dourados do cinema americano e puxar os olhos dos atores com fitinha e tascar maquiagem em cima para esconder? Artistas orientais no nosso país tem de monte, só não estão na mídia, mas testes existem para isso. E vou ser bem radical agora, enquanto as pessoas aceitarem essa exclusão proposital nos meios de comunicação visual isso não vai mudar. Reclamam que tem poucos negros na mídia e quando tem é em papel secundário, mas dão ibope para as emissoras, estão reclamando agora que não vão usar descendentes de japoneses na novela, mas vão dar ibope pra ela. Que motivo eles tem para mudar e corrigir este erro se todos aceitam, por mais que reclamem? NENHUM! Ao final, todos batem palma e choram com o final comovente. Se eu não concordo com com algo, não pactuo com aquilo de nenhuma forma e é por isso que, há uns 5 anos, não assisto 99% das novelas brasileiras. Se querem que as coisas mudem, provoquem a mudança!
Concordo com o texto, para mim um dos maiores absurdos foi a india da Priscila Fantim sem falar em outros. Parece que quem somente pode nos representar e a etnia branca ne? Essa discussão para os negros, já vem de longa data e tanto qto os orientais e os indios qdo colocam o dedo na ferida e se manifestam, sempre aparece a turma dizendo que estamos com bla bla bla. E comodo pra quem esta dominando neh?... Legitima essa discussão com a comunidade oriental também apoiado.
Também acho que a novela, se tiver um bom roteiro, será importante para a cultura nipobrasileira e também abrirá portas para atores de descendência asiática (o que não significa que a emissora vai manter a porta aberta), mas dizer que nunca darão o papel de protagonista para atores principiantes é tolice, visto que tivemos diversos atores principiantes protagonizando, inclusive no horário nobre. Malhação esta no ar há décadas para contradizer essa sua afirmação. E essa sua lógica "de que se pôr o protagonista um ator de olhos puxados desconhecido do público a novela fracassa na hora, infelizmente" não tem lógica nenhuma. Você realmente acredita nisso? Pra você talento e etnia andam juntos? Você não assistiria a novela se eles se arriscassem com um novo talento japonês?
As emissoras não dão espaço para os atores com descendência asiática por terem uma mente pequena e ainda os verem com um olhar estereotipado e porque não dizer, preconceituoso (leia http://www.discovernikkei.org/pt/journal/2014/7/14/nikkei-actors-brazil). Ademais, o fracasso do personagem esta ligado a falta de preparo do ator para dar vida a ele não a sua etnia, tanto que diversos atores famosos fracassaram com seus personagens e muitos atores desconhecidos se projetaram para o estrelato logo na primeira atuação, como Taís Araújo (negra e totalmente desconhecida) e tantos outros. Tampouco o fracasso da novela esta ligado a etnia dos atores, visto que não somos uma nação predominantemente racista para usar a justificativa de que o drama fracassaria por ter um protagonista de olhos puxados. O fracasso da novela esta ligado ao enredo e roteiro ruim, péssima ambientalização e tantas outras coisas.
Acabei de ler uma matéria no noticiasdetv.com sobre a novela e o patriarca será feito pelo Ken Kaneko, mas agora a protagonista é a Antonelli que é filha adotiva dele. Corrigiram o erro dando o papel a um ator nipobrasileiro, mas arrumaram uma filha caucasiana adotiva para ele e que vai viver um romance com um "italiano", ou seja, nada de protagonismo para os japas.
Kriativa LZ, o link sobre os atores e atrizes nikkei está no texto. Quanto a não sermos racistas... Mas concordo com você quanto ao fracasso, ou sucesso de uma trama. O outro link não abriu, mas me pergunto se foi erro da Kogut, ou a pressão sobre a Globo, as reclamações surtiram efeito? Enfim, essa novela deve usar a imigração japonesa como um pano de fundo difuso. Só depois que tinha publicado o texto, lembrei que a protagonista era a Antonelli e o Bruno Gagliasso. Se duvidar, o Sol Nascente vai ser o sol de alguma praia por aí... Walter Negrão não tem andado muito inspirado.
Mais da trama de Sol Nascente: "A história dessa novela vai ser iniciada na capital da cidade de São Paulo, mais especificamente em um bairro chamado Mooca, onde a família da personagem da atriz Júlia Lemmertz [Mãe do Bruno Gagliasso], cujo núcleo, além dela própria, de Bruno Gagliasso e de Marcello Novaes, é completado por Aracy Balabanian, Francisco Cuoco e João Cortês, trabalha em uma padaria. Essa família é imigrante italiana, com direito a sotaque estrangeiro e tudo, ou seja, se mudou para o Brasil quando os filhos ainda eram pequenos. Ao longo da trama, esses personagens se mudam para uma outra cidade, fictícia, do interior do estado do Rio de Janeiro, onde compartilham as suas diferenças culturais com uma família imigrante japonesa. Apesar da cidade ser fictícia, as sequências vão ser gravadas em Angra dos Reis."
Novela de praia, essa história de imigração japonesa é chamariz.
Isaura era escrava branca gente. .....
No livro, ela é mais branca que muitas brancas, mas é escrava, porque assim nasceu, filha de mestiça muito clara e de um branco. Usar desse artificio era colocar em evidência o quão ignóbil era a escravidão. Obviamente, uma escrava comum não causaria a comoção que o autor desejava.
(Só um comentário chato - Se não me engano, a Serena de Alma Gêmea foi um bebê branco encontrado e criado por índios, por isso ela não tinha traços indígenas. Não q eu esteja defendendo a novela, nem lembro como era.) Mas concordo com tudo o que está no texto. A representatividade precisa ser mais forte, em cada detalhe. Lembro de uma prima minha que quando criança queria ser modelo, e ficava arrasada por folhear as revistas e não encontrar nenhuma menina de olhos castanhos como ela.
Enfim, a mídia dá a sensação de que ser branco é o normal, o resto é "étnico", "exótico". Daí vem aquela propaganda com várias pessoas brancas e apenas uma pessoa negra, e vc deduz que ela só está lá por cota. É racismo, por toda parte, ainda temos muito o que melhorar.
Quando o ator, o diretor e a Globo querem mostrar um trabalho difereciado eles passam por inúmeras palestras, e aulas pra poderem se caracterizar como personagem. O Tony Ramos como um indiano é exemplo disso.
A matéria foi bem escrita, sensata, causa reflexão e debate necessário. Eu como descendente não me sinto representado por esse tipo de coisa e mais uma vez decepcionado. Realmente não é desculpa não ter atores descendentes aqui no Brasil. Só no meu círculo de amizades contabilizo por alto 25 atores inclusive com registro profissional aqui em SP capital.
O preconceito ainda existe um pouco sim, no teatro não, mas sobretudo resiste ainda em outros veículos de comunicação por uma falta de conhecimento e/ou ignorância de algumas poucas cabeças fechadas ao mundo em que vivemos. Assim como acho surreal o black-face também acho o yelow-face. Não é só uma questão apenas de dar a oportunidade ao ator/atriz da etnia X ou Y, mas entra em uma questão de representatividade, respeito e identidade. Já que no teatro não se exige tanto a verossimilhança, na televisão, cinema e publicidade eles exigem e é no mínimo estranho quando esse tipo de coisa acontece.
Grupo minoritários (étnicos, religiosos, etc) sempre foram alvos de preconceitos. Acredito que lendo essa matéria me faz refletir sobre o mesmo problema que passam os atores afro-descendentes, claro que em outra instância (ainda mais pejorativo e preconceituoso acredito) mas no fundo o problema do preconceito, respeito, representatividade e identidade acaba sendo afetado em todos nós.
Sou claramente descendente de oriental, e sim, é até comum ser taxado por alguns apelidos clássicos e uns devo admitir que são criativos como, jaspion, japonaíba (algo sobre um japones e paraíba kkk) entre muitos outros. Falando particularmente, nunca me senti menosprezado, levo muito na brincadeira. Pode contar piada de negro, branco, amarelo, homossexual, transsexual, seja o que for, se é boa a piada, vou rir sem remorso e creio que nao esteja sendo preconceituoso, pois em minhas atitudes trato todos com o mesmo respeito e educação à qual recebi, trata se do nivel de respeito e a liberdade que se tem com as pessoas (amizade entre homens, os caras provavelmente me entenderão kkk ). Com a questão da globo, já é impregnado em sua história com a descriminalização, fiz alguns trabalhos como figurante e pra quem esteve la e tem o mínimo de bom senso sabe como eles taxam a sociedade brasileira, com chamadas do tipo "busco negros para interpretarem trombadinhas" "homens caucasianos sem barba para empresário bem sucedido" "jovens LINDOS para representar estudantes" mas ninguém é obrigado à assistir, logo já não acho válido criticas à um emissora que é baseada no capitalismo e claramente deve agradar os olhos e ouvidos daqueles que mantem o seu "ganha pão". Futuramente pretendo ser ator e estou batalhando arduamente por isso, mas pelo que já vi nas entranhas das emissoras de tv, em hipótese alguma trabalharia por elas.
Aí é que está, Marcio, é o que "agrada aios olhos e ouvidos" da audiência, ou o que a Globo acha que agrada ou deseja que seja visto como tal? A relação é construída, é uma troca, é muito mais do que satisfazer o desejo de quem assiste. Desligar a TV é uma forma de protesto importante, mas negar que a Telenovela é uma expressão consagrada da cultura brasileira e veículo de educação (*não deveria ser, mais é*) e mudança, é negar evidências dos últimos 35, 40 anos.
Isso também me lembra Caminho das Índias, em que todos os personagens indianos foram interpretados por atores brancos não-indianos e nem descendente de indianos :(
Márcio, a crítica não é a emissora e sim essa "coisa estranha" que dá uma conotação preconceituosa e discriminatória de se colocar atores não-orientais para representar os orientais, me dando a impressão de um "branqueamento". Talvez até mesmo a direção da emissora, autor, etc não tenha percebido isso. Mas que é muito estranho é, fora do lugar de um país como o nosso que foi criado e desenvolvido por uma pluralidade étnica e multicultural.
Seria quase a mesma coisa que eu fosse interpretar uma outra pessoa dentro de um contexto representando uma minoria étnica mudando até minha aparência e ainda de forma esteriotipada. Isso não é ético fazer, eu nunca não teria o direito de interpretar um afro-descendente, mudar minha aparência, tingir os cabelos, colocar lentes de contato etc dentro desse contexto. Nesse caso, até por uma questão de verossimilhança, deveria ser contrato um ator já nesse perfil, mesmo que seja no teatro que não há a necessidade tanto da verossimilhança, mas depende do contexto...e nesse caso parece ser muito claro o "branqueamento".
Globo sendo Globo! Ela não vai mudar, não é conivência com uma prática preconceituosa e arcaica, a Globo tem o objetivo de manter o precinceito e o atraso. É esse o compromisso dela com o Brasil.
"Agora dizer que os orientais são discriminados no Brasil, já é um exagero, nunca me senti discriminada aqui, muito pelo contrário, normalmente somos referência de inteligência, povo correto e de caráter (mesmo quando muitos japoneses não são)."
Olha, com todo respeito, mas há discriminação contra orientais no Brasil, sim. Conversando com descendentes, principalmente mais velhos, já ouvi relatos terríveis. Uma amiga, inclusive, sofreu bullying e chegou até a levar pedrada quando pequena porque cresceu em um ambiente onde se falava japonês e não dominava o português direito. Fora as piadas de sempre. Ainda que alguns possam levar numa boa, há quem não goste.
Também não acredito que ser oriental signifique imediatamente perda de interesse por parte das pessoas e por isso escolhe-se um ator caucasiano. Isso é desculpa. Um dos maiores youtubers americanos é um descendente de japoneses, o Nigahiga, com 16 milhões de inscritos. E ele faz sucesso "apesar de ser oriental" porque é engraçado e criativo. Se a novela tiver um bom roteiro, direção e boa atuação, a coisa flui.
Era filha de uma negra e um branco, então não era branca, no máximo tinha a pele clara. E os cabelos, os olhos, o nariz? Será que se pareceria com a atriz escalada?
Não podemos nos esquecer também de John Wayne como Genghis Khan.
Armazém de textos, eu li o livro, a descrição de Isaura não deixa dúvidas. O livro também faz questão de assegurar que a mãe da moça era "mulata" clara. Pela teoria da "1 gota de sangue", ela seria negra. Só que isso funcionava nos EUA, não aqui. A própria idéia do livro, que considero racista, era produzir o horror, a repulsa à escravidão, porque até uma moça branca, prendada, intelectualmente e moralmente superior, era escrava. O autor não coloca no centro uma moça de traços negros evidentes, por conta disso.
De resto, acho interessante ver como a coisa funcionava nos EUA. Talvez, Isaura fosse uma Octoroon (1/8 de sangue negro) ou menos até menos. Aqui um artigo falando sobre os escravos "brancos" desconhecidos dos EUA. Tão brancos como qualquer branco ou branca, mas negros, porque com uma gota (*ou mais*) de sangue negro. Eis Isaura.
Se vc leu o livro, sabe que sim.
Legal o post mas nem asisto mais tv direito quem dira o lixo da globo, filmes so selecionados. Espero que esse rebanho de pessoas atadas por sua condicao socio economica um dia se liberte dessas porcarias
Adorei a sua resposta:bem humorada, serena e principalmente democrática. Concordo que a Globo merece críticas, mas ninguém é obrigado a assistir. Pior é pedir censura, como nos regimes autoritários! Desejo a você uma maravilhosa carreira como ator, certa de que saberá representar muito bem qualquer ser humano, qualquer que seja ascendência étnica do seu personagem, pois o mais importante para um ator é ter empatia humana e conseguir sentir o que os outros sentem!
A mais pura verdade é, que é uma vergonha o pais que tem a maior colônia de japoneses fora do japão faça uma novela com atores brancos os representando! Eu tenho certeza que existe atores competentes e que fariam um ótimo trabalho, vide aquela minissérie que a band fez há um tempo atrás, seria apenas um pequeno esforço, se fosse essa fosse a questão, encontrá-los, aposto que com poucos testes teria gente, pois São Paulo e Paraná tem uma veia forte para o teatro, e mesmo outras regiões, quem não quer uma oportunidade? Mas como estamos cansados de ver, o que dita mesmo é o racismo disfarçado nessas desculpas esfarrapadas.Para todos aqueles que estão fora do padrão.
Tava lendo uns comentários aí mas gente a Serena é filha de uma índia com um garimpeiro, ou seja, não era pra ser interpretada por uma atriz branca.
Fonte: site Memória Globo
"No instante em que Rafael se desespera com a morte confirmada de Luna, em um distante casebre a índia Jacira (Luciana Rigueira) dá à luz uma menina, que ganha o nome de Serena. A criança é filha da índia com um garimpeiro, e cresce na aldeia indígena seguindo os valores e costumes de sua tribo."
http://memoriaglobo.globo.com/programas/entretenimento/novelas/alma-gemea/trama-principal.htm
Eu tinha achado estranho até ler que ele será um filho de americano. E como eu já soube de uma história dessas de verdade, me pareceu menos absurdo.
Sou filho de japonês e faço figuração. Há décadas nosso cachê não tem reajuste!
Agora, para piorar, houve corte! -11% (que para nós não era cobrado) e -R$20,00 do valor total!
Atualmente, só de passagem para o Projac "graças" ao BRT, são R$15,20/ dia! Antes do BRT era R$7,60!
Os pagamentos não estão sendo feitos à vista tanto qto antes.
A própria Globo tem atores orientais. 3 deles são amigos meus. E não é difícil ouvir até mesmo deles: "Não tá fácil pra ninguém!"
Agora, colocar ocidentais para fazer a personagem de orientais é o fim da picada!
O q dirá da figuração?
Vão usar fita adesiva para os olhos e maquiagem pesada para economizar nos cachês?!
#brasilopaísdapiadapronta
Assisti à chamada da novela e estou envergonhada!
Tem um doc muito, muito bom, sobre a representação do índio no cinema hollywoodiano, Reel Injun. Agora fiquei encucada sobre Velho Chico. Não assisto novela e não sei qual deveria ser a idade da personagem, mas Camila Pitanga tem quase 40 anos, a genética que é boa mesmo.
Tendo o sobrenome Tanaka de minha família sendo ''representado'' daquela forma na novela,só sinto em afirmar que meus antepassados erraram feio quando escolheram este país pra viver.Não estou reclamando do excelente ator que interpreta o personagem,mas sim estou indignado,com a falta de compostura por parte dos autores da novela,e principalmente por parte da globo,muita vergonha,globo enganando a nova geração que assiste suas novelas...
A discriminação dos japoneses aqui é muito forte ainda, apesar dos animes, da "evolução", dos fatos que comprovam a inteligência japonesa, enfim! Somos um povo que não aceita ser discriminado, mas fazemos isso com outros povos. O fato de nem se dar ao trabalho de buscar talentos descendentes de qualquer origem que seja, para o papel de sua nacionalidade, mostra que precisamos evoluir. Nada mais ridículo que a frase "vou montar uma barraca de acarajé no Japão e falar em português para que os japoneses fiquem com cara de paisagem". Como assim? As pessoas não são obrigadas a aprender seu idioma em 2 meses e muito menos viver em um país onde o preconceito é imenso como no Brasil, mas escolheram nossa terra para viver e merecem respeito. Muito me admira um país como o nosso, que recebe gente de todos os lugares do mundo, de portas abertas, não ter o mínimo de respeito. Mas esperar o que, se os nordestinos e nortistas são os primeiros a serem descriminados?
É o fim! Educação e respeito estão em falta...
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