Eu quero ser como a minha mãe. |
Algumas propagandas japonesas às vezes me parecem muito estranhas, seja por serem culturais demais, o que faz com que o estrangeiro perca os sentidos que estão sendo passados, seja por serem meio enlouquecidas mesmo. Acho que todo mundo lembra de pelo menos uma. Por outro lado, algumas campanhas feitas por lá são sensíveis, carregadas de sentimentos e idéias que mesmo um não-japonês consegue entender, sentir junto, por assim dizer. Já chorei várias vezes com essas propagandas japonesas perigosas... Pois bem, o Rocket News 24 trouxe um post interessante sobre uma delas.
Eu me pergunto todos os dias se estou fazendo o certo como mãe. |
O chocolate em pó Van Houten entrevistou e acompanhou rapidamente o dia-a-dia de três mães trabalhadoras no Japão, seu lamento ao se perceberem como imperfeitas, já que estão sempre correndo, sem tempo para brincarem com seus filhos e filhas, gritando, especialmente, pela manhã quando precisam correr para colocar as crianças para a escola e irem elas mesmas para o trabalho. Os pais não aparecem na propaganda. Uma das mães parece ser mãe solteira ou, pelo menos, cuidar sozinha da filha.
Mas não ser capaz de ter tempo com minha filha por causa do trabalho. |
Se ser mãe trabalhadora em culturas que são mais flexíveis com a idéia de que uma mulher pode e até deve aspirar uma vida profissional implica em mutia culpa e insegurança, imagina em uma sociedade em que boa parte das mulheres dedica-se ao lar e aos filhos, uma sociedade que vê este papel doméstico como ideal, a vida profissional feminina como temporária, coisa de mulher solteira, e reforça essas idéias de muitas formas. Enfim, não é fácil para mim ser mãe e profissional ao mesmo tempo, mas nunca, nunquinha gostaria de estar na pele dessas japonesas.
Eu lamento tando. |
A segunda parte do vídeo mostra as mães recebendo a mensagem de suas crianças gravada em vídeo. O curioso é que a maioria dos pequenos enfatiza que o que mais gosta na mãe é do seu sorriso, algo que as mães lamentavam não oferecer muito. Gostam de brincar com ela, da comida que ela faz, do carinho. E, como bons japoneses, parecem entender os sacrifícios feitos por suas mães. Uma das meninas, a que parece ter somente a mãe, diz que quer ser como ela, que a mãe é a pessoa que ela mais admira. Ao término do vídeo, uma das mães afirma algo como "Talvez, eu esteja fazendo o certo.".
Talvez, eu esteja fazendo o certo. |
Não preciso dizer que fiquei muito tocada. O vídeo é deliberadamente lacrimogênico, mas realista na sua abordagem. Infelizmente, só há legendas automáticas do Youtube em inglês. O RN24 explica bem o que acontece nele, mas é em inglês, também. De qualquer forma, vale assistir. E a marca está de parabéns, afinal, nada meio contra a corrente ao oferecer apoio para essas mães que lutam contra o modelo ideal que é vendido todos os dias lá no Japão e, também, em menos grau, aqui, no Brasil.
1 pessoas comentaram:
Putz! Acertou na veia!
Chorei aqui.
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