Não, ainda não é sobre Os Dez Mandamentos, mas mais um post sobre Além do Tempo. Saíram as médias de IBOPE da segunda fase, que começou explodindo com quase 30 de audiência, e, agora, depois de passada a curiosidade, ela está em 17. Normal, bem próximo da média das últimas novelas do horário, mas longe dos 24 pontos de média da primeira fase. Será que foi somente a fuga dos amantes de novelas de época? Duvido e vou dar meus pitacos a seguir.
Eu já sabia que iria ocorrer uma queda de audiência, acho que comentei no último texto. A segunda fase está um saco, arrastada, doutrinária, sem humor, excessivamente triste, o charme do século XIX se foi. Fora isso, a autora, forçando a barra na sua leitura religiosa, colocou as protagonistas em um dilema moral meio que insustentável, pois é, agora adultério agora pode ser explicada por elos de outras vidas. Anotem essa nova desculpa em caso de traição.
Felipe e Lívia estão em uma situação muito difícil e, a saída, será vilanizar Melissa ao extremo, talvez, transformando-a em uma péssima mãe. É complicado tentar justificar aos olhos do público que uma família aparentemente feliz, um casal que vive aos beijos e amassos, na verdade, nunca era para ser de verdade. Se o mocinho é impoluto, Melissa já era vilã em vida pregressa. Para piorar, e eu ressaltei isso no meu último texto, a autora ainda desempoderou a mocinha que era muito mais ativa e independente no século XIX.
Estão dizendo que a nova Lívia é sonsa, o que eu vejo é uma mulher adulta que não tem controle de sua vida, apesar de muito bem educada, viajada e rica. Os deja vu excessivos e as pontas soltas, já que uns sentem muita aversão por seus algozes em vidas passadas, e outros nem tanto, ou a súbita gentileza de Emília com Gema no capítulo de ontem, depois de, no primeiro encontro ter tratado a melhor amiga dos século XIX com desprezo, esvaziam um pouco a própria força dos argumentos espiritualistas que são centrais para a novela. Ou vale para todo mundo, ou não vale para ninguém, ou será que não é assim?
Estão dizendo que a nova Lívia é sonsa, o que eu vejo é uma mulher adulta que não tem controle de sua vida, apesar de muito bem educada, viajada e rica. Os deja vu excessivos e as pontas soltas, já que uns sentem muita aversão por seus algozes em vidas passadas, e outros nem tanto, ou a súbita gentileza de Emília com Gema no capítulo de ontem, depois de, no primeiro encontro ter tratado a melhor amiga dos século XIX com desprezo, esvaziam um pouco a própria força dos argumentos espiritualistas que são centrais para a novela. Ou vale para todo mundo, ou não vale para ninguém, ou será que não é assim?
É isso a queda de IBOPE era mais do que esperada. Triste, porque Além do Tempo era a melhor novela no ar. Não, não adianta dizer que Os de Mandamentos é melhor, o mérito da novela da Record é ter uma roteirista capaz de criar no vazio e, ainda assim, segurar a audiência. Além do Tempo - século XIX - oferecia uma história enxuta, bem concatenada e com clichês utilizados à exaustão, verdade, com grande elegância. Agora, temos overdose de Emília amarga, Bento playboy falido, o marido escroto que arranjaram para Gema e nem existia na primeira fase e um Pedro que dá nojo sem que mobilize a trama. Eu assisto por inércia e curiosidade, mas minha angustia de perder um capítulo sequer foi embora... E isso, bem, é uma pena.
6 pessoas comentaram:
Uma vez li um livro espírita que também tratava sobre a questão do adultério. O marido era super mulherengo, tratava mal a mulher, não dava valor pra ela. Um dia ela sai chorando, morre atropelada e a partir daí o espírito dela passa a atormentá-lo.
Mais tarde na história, a gente descobre que ela estava pagando o que tinha feito na vida anterior, que era ter afastado o sujeito do verdadeiro amor através de vários artifícios...
Acho que numa sociedade machista como a nossa o que a gente menos precisa é de marido adúltero sendo visto como castigo merecido pra mulher que aprontou, nessa vida ou na anterior...
Laurinha, esse livro deve ser uma pérola...
Enfim, eu não sou simpática ao Kardecismo. Talvez, minha antipatia venha de um desconhecimento da doutrina e por receber informação demais de gente que lê e divulga essas vulgarizações alopradas como as desse livro e das novelas da Globo.
Aliás, normalmente, não vejo as novelas espiritualistas assumidas, porque, não raro, o que disseminam é obscurantismo, machismo e outras coisas que a gente não precisa ter reforçado na TV. Vide o caso da Zilda dizendo ao filho para não procurar um psicólogo para o filho, mas ajuda espiritual.
Concordo plenamente com seu post. Simplesmente não entendo esse excesso espiritualista na trama. Por que Lívia sentiu repulsa por Melissa e é noiva de Pedro? Não foi ele o verdadeiro concretizador da tragédia do casal principal? Ela não deveria temê-lo também? E por que Gema, que sempre foi tão boa, tem de suportar um marido machista e irritante? E por aí vai... Os flashbacks são cansativos e desnecessários, afinal os personagens não estão recordando nada. Outro ponto que me irrita demasiado são os nomes dos personagens. Qual a possibilidade que todas essas vidas sejam recicladas e os nomes permaneçam os mesmos! Chega a ser ridículo. E se o amor de Lívia e Felipe é o fator concatenador desse suposto retorno, por que pessoas que não tinham forte relação com o casal e sequer mereciam pagar um mal feito, retornaram também? Não compreendo, meu pequeno intelecto não assimila essas disparidades. E nem sequer tenho o consolo da charmosa caracterização de época. Há várias novelas coreanas e mangas com o tema da reencarnação, mas muito melhores. Ou até novelas brasileiras como Alma Gêmea, que eu adorava.
As novelas da Elizabeth Jihn sempre foram exageradas. Mocinhos são exageradamente bons e vilões exageradamente maus. Ela acertou na primeira fase na construção e relação se alguns deles, mas nessa segunda a falta de sutileza grita.
Ela deveria ter começado a tratar os novos dilemas de Felipe e Livia separadamente antes de eles se reencontrarem depois da cena do metrô. Um homem ciumento e possessivo e ciumento como o Pedro já era um problema independentemente do envolvimento com Felipe. Já Melissa vivia uma relação linda e teve seus defeitos realçados com a chegada de Lívia. Na teoria da autora, Melissa estaria pagando pelo que fez a Berenice, inclusive enrolada no mesmo drama. Mas apontar isso depois que os mocinhos estão apaixonados um pelo outro de novo, só mostra uma necessidade de vilanizar a mulher para que as pessoas entendam e aceitem essa situação. Vilanizar é outra solução no caso de Gema, que tem aquele marido exageradamente mau e intratável.
Elizabeth Jihn perde a mão em tratar os sentimentos e relações humanas ao conecta-los quase que exclusivamente a uma vida passada. E isso aconteceu com muitos personagens. Falta uma aproximação real, a construção de uma nova relação nessa vida ainda que tivesse relação com a outra. O conflito da Vitória é o único que realmente me agrada. Quanto aos demais, falta sutileza de uma Lícia Manzo.
Elizabeth Jihn acertou na primeira fase na construção e relação dos personagens, mas nessa segunda falta sutileza. Ela deveria ter tratado os novos dilemas de Felipe e Livia separadamente antes de eles se encontrarem depois da cena do metrô. Um homem ciumento e possessivo e ciumento como o Pedro já era um problema independentemente do envolvimento com Felipe. Já Melissa vivia uma relação linda e um ótimo casamento mas teve seus defeitos realçados com a chegada de Lívia. Na teoria da autora, Melissa estaria pagando pelo que fez a Berenice, inclusive enrolada no mesmo drama. Mas apontar isso depois que os mocinhos estão apaixonados um pelo outro de novo, só mostra a tentativa de vilanizar a mulher para que as pessoas entendam e aceitem essa situação. O marido de Gema é outro exageradamente vilanizado.
Os personagens poderiam desenvolver novas relações e sentimentos nessa vida, sem que isso estivesse sempre relacionado a passada, ainda que influenciasse. Não é só dispor as peças em lugares diferentes e pronto. Nesse contexto, a história da Vitória me agrada mais. Aliás, ela é a personagem que tem mais drama para desenvolver. A maioria falta sutileza, talvez de um texto de Lícia Manzo.
Pelo que vi nesta segunda fase, a autora fez algumas mudanças, não mudando muita coisa. O Amor é um sentimento que, persiste, quando vivido com verdadeiras intenções. Ele não se finda. As relações de Amor ou ódio, os males que foram causados a outrem deverão ser revividos, deverão ser quitados para a evolução do ser. Isto pode se dar no plano Espiritual ou no plano carnal. Esses personagens vivem no plano carnal o seu "céu e inferno" e deverão quitar seus débitos ou alicerçar o sentimento de Amor para os que os assistem. Este panorama foi criado pela autora neste folhetim que para mim é um dos melhores que já assisti na vida. Mesmo com aparentes vidas organizadas como as de Felipe com Melissa, de Gema com Queiroz, Vitória que cuida do enteado problemático e venera a casa, do Máximo que não quer nem pensar em casamento e rejeita a todo momento um compromisso mais sério com Rosa, mesmo assim, com o aparecimento de Lívia, Emília, Anita, Pedro e Alberto no contexto de Belarossa, irão estremecer com as estruturas dos que lá vivem e que de alguma forma por uma lei maior devem se encontrar. Esse contexto, achei muito bacana. É claro algumas vivências podem ser clichê demais, mas tem que ocorrer de alguma forma para que tenham sentido. O próprio nome deles não se altera, apenas os sobrenomes. Agora pontos muito adentro nessa nova versão, as lembranças do pequeno Alex que sofre pelas recentes lembranças da perda do pai que ele rememora em sonhos e que pela explicação da Doutrina Espírita, a criança pequena ainda tem os "pés" nos dois lados, (encarnação anterior e a recente), que se completa por um processo total aproximadamente após os 7 anos. A mãe de Melissa Dorotéia, com habilidades de jogo de cartas, a mentira do pai de Emília que a faz alimentar um ódio pela mãe porque ele se sentiu traído no passado, o retorno de Amor de Gema e o dom de seu filho Mateus que tem uma mediunidade raríssima de se ver. O marido dela que tem função de mostrar o tema do preconceito. Raul hoje não é adepto de violência. Seu amigo Bernardo que a priori por intervenção negativa do anjo Ariel, tem um encontro negativo com Emília, depois por intermédio do próprio Ariel, tem um encontro magnífico, na gruta, relembrando o passado de Amor entre os dois. A história dele nesta encarnação é recheada de mistérios que irão se revelar. O lar de Máximo será recheado de Amor das hoje sobrinhas e ele começará a ver que casamento não é uma "massada" como achava. Os outros atores e atrizes que se encontram, o Pedro vingativo e possessivo, a Carola submissa por um segredo e um sentimento a ele. As próprias relações de poder financeiro são outras para que os que tem pouco aprendam o valor de se ter muito e os que tem muito saibam valorizar o que tem, sem menosprezar o outro. Tudo isto estarão de acordo com o contexto. A Doutrina Espírita está sendo trabalhada de forma coerente em vários momentos, em alguns aspectos dela. Não em sua plenitude, pois não haveria como ser feito. Um sentimento. O Amor. A regeneração do ser se dá através da construção de laços fraternos e verdadeiros de Amor e o possessivo, o que se aproxima de sentimentos menos adiantados da evolução moral do ser, este ser que pratica esses delitos que o afasta das leis de Amor, tende a sofrer as conseqüências dos seus atos pelas leis de causa e efeito. Todos tem na reencarnação uma forma magnífica de evoluir, uma oportunidade de se tornar um Espírito de Luz, e que isso se não se der em uma só encarnação poderá ocorrer em sucessivas como mostradas na novela que nos proporciona duas, sendo no século XIX e no XXI. Para os que não crescerem, terão que voltar outras várias vezes aqui ou em mundos que estejam de acordo com o seu padrão evolutivo, visto que a terra passará por drásticas mudanças evolutivas. Desculpem o texto grande, mas precisava expor meu ponto de vista.
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