O Comic Natalie noticiou que a protagonista da série Haikara-san ga Tooru (はいからさんが通る), de Waki Yamato, foi transformada em boneca pela Takara Tommy. Benio Hanamura aparece em duas versões, adolescente com o seu hakama de estudante, e já adulta trabalhando como jornalista. As bonequinhas são fofas, especialmente a com o hakama. Cada boneca custa 10,584 ienes. Há uma fala da autora no CN, dizendo-se grata e surpresa. Ao que parece, as bonecas estão ligadas às comemorações de 40 anos do mangá.
Enfim, eu tenho Haikara-san ga Tooru em duas edições, a japonesa e a italiana. É uma dramédia divertidíssima, que teve anime e 4 filmes live action. Infelizmente, a série animada nunca passou no Brasil, se tivesse vindo na época certa, início dos anos 1980, teria feito grande sucesso.
Para quem não conhece a história, em linhas gerais é assim: Benio Hanamura é uma garota tomboy de 17 anos. Ela é boa com a espada e literatura, péssima com as prendas domésticas, tem uma língua afiada e vive se metendo em encrenca na escola. Órfã de mãe, ela mora com o pai militar. Feminista, ela quer escolher seu próprio destino, casar por amor e ter uma profissão. Ela é o protótipo da mulher moderna japonesa. Seus melhores amigos são seu vizinho Ranmaru, que está treinando para ser um onnagata, ator que faz os papéis femininos no teatro Kabuki, e Tamaki, a perfeita Yamato Nadeshiko, linda e prendada.
Um belo dia, o pai de Benio lhe comunica que ela tem um inazuki (noivo) e que vai se casar com ele. O rapaz é o tenente Shinobu Ijuin. Na verdade, o pai de Benio e a avó de Shinobu tinham sido apaixonados e impedidos de casar. Prometeram, então, que casariam seus descendentes. Benio recusa – por suas convicções e porque Tamaki ama Shinobu – e temos uma série de confusões e tentativas de fuga com o pobre Ranmaru. Vendo que não conseguirá escapar, ela aceita cumprir o costume e ir para casa do rapaz aprender a ser uma esposa ideal segundo os costumes da família dele. Sua intenção, claro, era ser tão detestável que iriam devolvê-la.
Obviamente, as coisas não acontecem bem assim. Benio acaba se afeiçoando aos avós do rapaz e se descobre apaixonada por Shinobu. Continua resistindo, mas é em vão. No entanto, a vida de Benio sofre um grande abalo quando chega a notícia de que Shinobu morreu em batalha na Manchúria, se bem me lembro. Benio se desespera, tenta o suicídio de algumas formas bem absurdas. E, aí, temos a cena mais impactante do mangá que é Benio vestindo o kimono de noiva durante os funerais do rapaz e cortando seus cabelos em sinal de luto.
Benio decide ficar na casa dos avós de Shinobu e cuidar delas. Depois de algumas tentativas frustradas no mundo do trabalho, torna-se jornalista. Tamaki também toma as rédeas de sua vida e segue uma carreira. O chefe de Benio, Tosei, é machista, beirando a misoginia, tanto que é alérgico às mulheres. Curiosamente, ele consegue ficar perto de Benio, afinal, para ele, ela não é uma mulher... Ele acaba se apaixonando por ela, Benio, no entanto, permanece indiferente. Um belo dia, Shinobu reaparece desmemoriado e casado com uma condessa russa de nome Larissa. Benio sente seu mundo desmoronar novamente e termina aceitando casar com Tosei...
Vou parar por aqui, agora. Haikara-san ga Tooru não é lembrada à toa. Foi publicado entre 1975 e 1977 na revista shoujo Friend. Venceu o Kodansha Manga Award na categoria shoujo em 1977. Tornou-se animação em 1978 e teve 42 episódios, foi exibido na França, na Itália e em vários outros países. Eu vi alguns em italiano. Legendaram somente um episódio em inglês. O link para o torrente está aqui, basta clicar. O vídeo aí embaixo é com imagens do mangá e a abertura em italiano, na verdade, se você assistir o vídeo entenderá o básico da história e como ela termina.
Falando um pouco de Waki Yamato, ela continua ativa e publicando josei na revista Be Love, a mesma de Chihayafuru (ちはやふる). Seu mangá atual é Ishutaru no Musume ~Ono Otsuuden~ (イシュタルの娘~小野於通伝~). Ela normalmente é lembrada por Hikara-san, que é mais cômica do que dramática, e por Asaki Yume Mishi, (あさきゆめみし), sua aclamada adaptação de Genji Monogatari. Agora, é importante enfatizar que ela tem uma obra vastíssima, um lindo traço, e que seus mangás históricos geralmente falam de mulheres, papéis opressivos de gênero, e as rápidas mudanças pelas quais passou o Japão nas Eras Meiji e Taisho. Há muita coisa dela traduzida pelos grupos de scanlation, vale a pena procurar.
1 pessoas comentaram:
Esse é uma mangá que eu tenho muita vontade de ler, infelizmente não há scans em inglês e o anime como você mesma falou só consegui o primeiro episódio legendado em inglês, ou a série em italiano mas como eu não sei italiano. :/
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