quinta-feira, 3 de julho de 2014

Mais algumas palavras sobre a "Copa das Copas"


Antes que venha o jogo de sexta, preciso fazer mais um micro post sobre a Copa.  Sei que deveria estar falando de Sailor Moon... Falarei, espero, mas a semana está sendo difícil.  Júlia está em adaptação na creche e meus nervos impactados.  Tudo vai bem, ela não chora, não reclama, vai com a berçarista e qualquer outra pessoa sem dramas.  Nem parece que tem mãe. ^_^  Só que é tenso mesmo assim.  Mas vamos lá.

Estou acompanhando o que posso desta Copa e, sim, é um grande espetáculo.  Fiquei contente em ver que 99% das tragédias alardeadas pela grande imprensa nacional (*que, agora, culpa em menor ou maior grau os estrangeiros*) não se concretizaram.  No entanto, nossa euforia – sim, Copa em casa empolga e anestesia – não pode fazer esquecer os que foram e ainda estão sendo presos em protestos e a limpeza urbana feita em alguns lugares, especialmente, no Rio.


Enfim, lembro razoavelmente de todas as Copas desde 1982.  Nasci em 1976.  Comentando acontecimentos marcantes: Em 1982, tínhamos a melhor seleção de todos os tempos, colecionei álbum de figurinhas de chiclete Ping Pong, minha mãe (*que estudou na Escola Municipal Itália no Rio de Janeiro*) cantou o hino italiano e perdemos.  Telê Santana foi chamado de burro sem merecer, claro.  Depois, mamãe ficou torcendo pela Polônia, porque eles não tinham ganhado nada até então... Meu irmão, que tinha três anos e pouquinho, ficou traumatizado.  Chorava quando via qualquer coisa verde e amarela.  Em 1986, tínhamos uma boa seleção, mas Zico em má fase, perdemos para a França.  Mamãe cantou o hino do adversário de novo, porque aprendeu nas aulas de francês na escola pública.  A educação deveria ser melhor, mas mamãe era aluna top da turma em quase todas as matérias. 

1990, primeira Copa fraquinha da qual me lembro.  Alguém se recorda daquele grupo de Inglaterra, Irlanda e sei lá quem que foi decidido no sorteio, porque quase tudo foi empate? Enfim, quando o Brasil foi eliminado, o culto demorou a terminar e meu pai ficou reclamando, Mamãe rogou praga, porque ele estava colocando futebol antes de Deus... Perdemos para a Argentina e feio...  Mas teve os tenores cantando na final, né?  Inesquecível aquilo!  E a Alemanha levou depois de sei lá quantos vice-campeonatos. Foi a última vez que mamãe interferiu diretamente nos resultados. ^_^ 


1994, Copa fraquíssima, meu irmão passou mal na cobrança de pênaltis na final.  Teve febre, tremedeira... 1998, foi aquilo que foi e, até hoje, está tudo muito, mas muito mal explicado.  2002, vencemos, mas, assim como em 1994, não achei a coisa tão empolgante.  2006... Alemanha... Sabe que é a Copa que menos lembro?  Curioso... 2010, perdemos, mas acredito que poderíamos ter ganhado.  Coisas do futebol, Dunga e sua equipe fizeram um bom trabalho dentro das suas condições de produção.  Ainda assim, seu trabalho foi desconsiderado, jogadores crucificados.  Um dos problemas de um país que parece só ter um esporte – e tem uma imprensa cretina boa parte do tempo – é que somente o ouro tem valor e todas as outras equipes são naturalmente inferiores a do “país do futebol”.  Não, não são.  Precisamos aprender a perder e empatar, a valorizarmos o bom desempenho mesmo quando ele não vem coroado com a vitória. 

Falando da seleção brasileira.  Eu não vi nenhum jogo dessa Copa no qual possa dizer que jogamos bem.  Não jogar tão mal, pessoal, não é jogar bem. Taticamente, e isso é culpa do técnico, a seleção é um fiasco.  Depender de talentos isolados, como Neymar e Oscar, é mau sinal, não o contrário. Felipão, a quem eu admiro, foi teimoso em suas convocações e podemos pagar caro por isso.  Se tudo der certo e, sim, pode dar, será reputado como corajoso.  A escolha de Júlio César, depois do jogo com o Chile, está “perdoada”.  Obviamente, bastará um erro para que seja crucificado.  Não desejo isso para o jogador, ele definitivamente não merece.  Fred não está no seu melhor e eu falo como fã do jogador, havia gente em melhores condições, mas ele como centroavante não tem obrigação de buscar bola.  É o meio de campo do Brasil que não funciona.  Desculpem as fãs de Hulk – que eu acho muito mais parecido com Maguila, o Gorila – mas ele é um jogador somente mediano e outros que estão em campo, como Daniel Alves, estão mal.  Há gente no banco que poderia substituir?  Sim.  Só que aí entra a teimosia de Felipão.  Ele vem agindo mais como incentivador do que como técnico.  


Quanto ao choro, sim, isso me incomoda.  No jogo contra o Chile, seleção com méritos, mas que não deveria impressionar quem é candidato ao título, o Brasil jogou mal, se intimidou.  Não que tivesse jogado bem nos três primeiros jogos, mas, nas oitavas, errou, está fora.  A resposta dos jogadores, ou de alguns deles?  Choro descontrolado e um capitão, Thiago Silva, que não conseguiu mostrar-se líder.  Pediu para ser o último a bater, mostrou-se abalado quando deveria mostrar-se calmo.  Ele parece mais jovem, só que já tem 29 anos.  Fora, claro, que é jogador profissional.  Por seu comportamento no jogo com o Chile, deveria perder a braçadeira.  Ótimo jogador, sim, sem dúvida, mas faltou comportamento de líder.  Faltou a frieza que outros capitães de seleção brasileira do passado e de outras seleções do presente têm mostrado.

Eu entendo a pressão de se jogar uma Copa no seu país, mas ninguém na seleção é coitado, são quase todos milionários que, mal ou bem, jogam em grandes times e estão acostumados a serem cobrados por alta performance.  Não se justifica tamanho abalo emocional.  Não eram juniores em campo, e não ter experiência em outras Copas não justifica o que vimos. Se não fosse Júlio César, estaríamos fora.  E isso nada tem a ver com homem não poder chorar, mas com equilíbrio, garra e segurança.  Estas características sobram em outras seleções como Holanda, França, Argentina e Estados Unidos.  Será que o Brasil, este que está aí, saberia jogar perdendo no placar em um jogo decisivo?  Eu duvido e muito.  E, se passarmos pela Colômbia, e eu acredito que passemos, vamos encarar quem?  Alemanha ou França.  Será que chororô e fé vão vencer jogo? 


Por fim, outros incômodos:  O Brasil não é a única seleção a entrar fazendo trenzinho em campo.  Mas quem inventou essa bobagem?  É feio, passa uma imagem infantilizada, e não inspira, pelo menos em mim, segurança.  Gritar o hino nacional – aquilo que eu chamo de “patriotismo ostentação” – até poderia servir para dar gás, intimidar o adversário, mas tem servido somente como exibição vazia mesmo.  É curioso ver os jogadores cantando.  Lembro de outras épocas em que mil explicações eram dadas para o não cantar o hino, que iam desde preconceitos de classe, como a baixa formação educacional da maioria dos jogadores, até coisas engraçadas como “no vôlei eles cantam, porque o hino é no final, depois da vitória, no futebol é antes e todos estão tensos”.  

De qualquer forma, me chocou bastante ver que a torcida mal educada – a tal “elite branca” – que vaia o hino do adversário e xinga a presidenta, vaiar a seleção ou se calar quando eles mais precisavam de apoio.  Se a seleção não estava rendendo contra o Chile, cabia à torcida incentivar, pedir o jogador x ou y em campo, mas nunca, nunca, nunca vaiar ou se intimidar.  Não senti vergonha, fiquei assustada com aquilo.  Agora, algo que acho líquido e certo é que, se o Brasil perder o jogo, não esse próximo, mas o das semi, por exemplo, que essa torcida se comporte pior que as organizadas e quebre o estádio.  Espero estar enganada, mas acredito que essa torcida finíssima ainda vai dar muito o que falar.

0 pessoas comentaram:

Related Posts with Thumbnails