Segundo matéria da Rádio Voz da Rússia (*um amigo me enviou o link*), o governo japonês está para colocar em ação um plano para aumentar a presença das mulheres de trabalho como uma forma de enfrentar o envelhecimento da população e a conseqüente falta de mão de obra e o aumento dos encargos com previdência social. Era isso ou – Horror! Horror! – passar a receber imigrantes em massa.
Segundo dados apresentados pela matéria, há pelo menos 2,2 milhões de mulheres disposta a entrar no mercado de trabalho, desde que lhes ofereçam uma chance que seja compensadora. Já comentei aqui no site várias vezes, que tudo dependeria de políticas que promovessem a igualdade de gênero no mercado de trabalho e benefícios sociais interessantes. Parece que o atual governo começou a botar o tico e o teco para funcionar e entender que a política machista, que é altamente preconceituosa contra mães que trabalham fora, por exemplo, em vigor não ajuda ninguém e ainda ajuda a ferrar a economia do país.
Enfim, quais são as propostas do governo de Shinzo Abe? Aumento das vagas nas pré-escolas, jardins de infância e maternais públicos (*o Japão investe pouco na área*); licença maternidade de 3 anos, atualmente, são 18 meses (*segundo li neste site, só dois meses são remunerados... Será que está certo isso?*); e toda empresa deverá ter pelo menos uma mulher entre seus quadros de direção e chegar até 30% até 2020 .
O site é pessimista em relação às medidas, inclusive atacando a extensão da licença maternidade como obstáculo às promoções. Fora isso, destaca que a lei anti-discriminação no mercado de trabalho data de 30 anos e pouco mudou. Além disso, traz a informação – que já apareceu aqui no Shoujo Café – de que as mulheres japonesas bem sucedidas no mercado de trabalho não querem se casar, seja para não serem pressionadas a abandonar a carreira a abraçarem o papel ideal de esposa-mãe-dona de casa, mergulhando, muitas vezes, em um casamento insatisfatório, ou por perceberem que podem, sim, viver de forma independente sem um homem como provedor. Aliás, o fenômeno não é só japonês, mas asiático.
Enfim, “(...) segundo previsões do FMI, a inserção ativa das mulheres nipônicas no mercado de trabalho com as perspectivas de promoção iguais em relação aos homens poderia proporcionar um aumento de 4-8% do PIB.” Para isso, segundo o Voz da Rússia, não bastam decretos governamentais, mas uma mudança profunda na cultura japonesa sobre papéis de gênero. Concordo, mas a lei é, também, mecanismo de mudança e ter o governo japonês se mexendo já é algo surpreendente. Especialmente quando poucos anos atrás Taro Aso, então primeiro-ministro, soltou que ter filhos é dever patriótico. Fora o político que afirmou que "as mulheres tem prazer em ficar em casa". Nesse sentido, qualquer medida já é um avanço.
1 pessoas comentaram:
Boa, Valéria! Li um relato muito tosco do casamento no japão, que depois do casamento acaba o sexo e o carinho, e que os filhos se tornam prioridade absoluta, e a mulher um objeto da casa resumindo a situação. Fora que os custos de ter um filho que possa ser no futuro minimamente competitivo no mercado de trabalho são muito altos, não que ele não possa ser competitivo estudando em uma escola mediana ou ruim, mas é realmente muito difícil alçar novos patamares profissionais sem uma boa estrutura. Acho válido ter filho, mesmo com todo esse custo, é questão de escolha mesmo, vai ter que se abster de muita coisa, mas vai ganha outras tão mais valiosas quanto, isso se quiser criá-lo realmente. Abraços
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