Hoje, 25 de novembro, é Dia Internacional de Eliminação da Violência Contra a Mulher. A data foi criada em memória do assassinato de três das quatro irmãs Mirabal (Patria, Maria Teresa e Minerva) em 25 de novembro de 1960, elas eram ativistas politicas que se opunham ao ditador da República Dominicana, Rafael Trujillo (1930-61). A data começou a ser lembrada, porque violência não é algo a se comemorar, a partir de 1981, e, em 1999, a ONU colocou a data em seu calendário.
O é Dia Internacional de Eliminação da Violência Contra a Mulher dá início aos 16 dias de ativismo contra a violência de gênero. A movimentação termina no dia 10 de dezembro, aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Hoje, cerca de 2 mil organizações em 154 países participam das manifestações. Ano passado, eu fiz um post por dia durante este período. É fácil encontrar matérias que toquem na violência contra as mulheres, porque, bem, a violência de gênero é, por assim dizer, universal e alarmante. Não prometo fazer as postagens este ano, há dias em que mal consigo atualizar o blog, as precisava, pelo menos, marcar o início e o fim dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres. Outro motivo para não fazer o post diário é que isso é muito depressivo, muito mesmo...
O Brasil é o 7º país do mundo no ranking de violência contra as mulheres. É preciso esclarecer, porque há quem realmente não saiba e quem goste de distorcer, que estamos falando de violência de gênero, isto é, aquela que atinge as mulheres por serem mulheres. Por exemplo, a cada 2 minutos, 5 mulheres espancadas no Brasil, a maioria delas por companheiros ou ex-companheiros. Mas fiquem contentes, 10 anos atrás, tínhamos o dobro de agressões... Melhoria ou subnotificação? Quando o homem – normalmente, é homem – agride uma mulher, ele o faz por acreditar que aquela mulher de alguma forma é sua propriedade e ele tem o direito de espancá-la.
Quando falamos de feminicídio, outro termo importante, estamos nos referindo a assassinatos no qual o fato de ser uma mulher a vítima seja fundamental. Nesse sentido, entram os assassinatos de mulheres em Ciudad Juarez, no México, onde os criminosos via de regra estupravam ou mutilavam as vítimas em partes eminentemente femininas, como seios e genitais, ou os crimes de honra no Paquistão, ou ainda os vários assassinatos de mulheres por seus companheiros no Brasil. Não é feminicídio, por exemplo, a morte de uma mulher no trânsito; salvo se ela tenha sido morta deliberadamente por ser mulher, coisa que não se mostra estatisticamente relevante.
Homens morrem em maior número, mas morrem pelas mãos de outros homens, não raro, em situações nas quais se evidencia um modelo de masculinidade agressiva e destrutiva. Já uma boa parte das mulheres é morta por homens – íntimos, familiares, ex-companheiros, etc. – em situação que, também, evidencia esse mesmo modelo de masculinidade criticada pelos feminismos. Trata-se de um problema social, fruto do machismo estrutural, que causa perdas de milhares de vidas e danos econômicos, também.
“Quem ama não mata!”, foi slogan importante, quase três décadas atrás, na luta pela criminalização dos (*antes chamados*) crimes passionais, infelizmente, ele precisa continuar a ser repetido ainda hoje. Triste? Com certeza, mas se não houver mobilização, denuncia, reiteração de que mulheres tem direitos e que eles devem ser respeitados. Um dos direitos em questão é o de dizer “não” para um assédio indevido, para uma relação abusiva, e ter a certeza de que não perderá a vida por causa disso.
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