Hoje faz uma semana que a minha Júlia nasceu e estou escrevendo um relato – pessoal, mas que pode, talvez, servir para alguém – sobre como as coisas aconteceram. Chegamos em casa no domingo; ela nasceu na madrugada do dia 18, lua cheia, através de uma cirurgia e, não, por parto normal, como era o meu desejo. Na verdade, preciso digerir algumas coisas ainda e, bem, nem tudo está muito resolvido dentro de mim. Ao mesmo tempo que estou muito feliz, afinal, minha filha está aqui comigo e é perfeita, é como meu parto – que deveria ser domiciliar, humanizado e natural – se tornou cirurgia é algo que me atormenta. Nos primeiros dias, na verdade, até por conta da carga hormonal, tive uns altos e baixos emocionais que deixaram todos por aqui preocupados – marido, mãe, doula, as enfermeiras obstétricas que acompanharam meu trabalho de parto e estão me atendendo até hoje – pois acreditavam que eu estava (*ou ainda estou, sei lá*) em uma espiral depressiva. Enfim, vamos para os acontecimentos – como me lembro deles, claro – e espero que a narrativa não seja longa, ou cansativa demais, mas tenho uma série de coisas a relatar.
A minha última semana de gestação – a trigésima nona – foi bem complicada, tive um acidente doméstico (*uma prateleira de livros despencou em cima de mim no domingo dia 13*), preparativos para a chegada da minha bebê não estavam prontos (*os caras dos móveis e aplicação do papel de parede furaram vezes... estamos sem o berço do conjunto até hoje*) e eu não tinha controle sobre os acontecimentos, e minha pressão descontrolou. Na academia (Programa Dani Rico na Body Tech), a professora na aula de hidro da segunda-feira, identificou que havia algo errado com minha pressão arterial. Como esta professora sempre conseguia aferir uma pressão acima da correta, fiz a aula tranqüila, mas, ainda assim, fiquei com a pulga atrás da orelha. Tirei a pressão em casa e no posto de saúde, estava 13/9, alta para meus padrões, sem dúvida, mas não os 15/10 que tinha aparecido no dia anterior.
No posto de saúde, estranharam que a médica do Hospital da Força Aérea, onde me consulto, não tivesse marcado uma consulta semanal. A médica tinha dito que só precisava me ver na quadragésima semana e que faria um exame de toque... aposto que se minha Júlia decidisse ficar mais uma semana na barriga e se eu aceitasse o exame, teria saído de lá com um descolamento de membranas para acelerar o trabalho de parto ou um indicativo de cesariana sem motivo. Hoje sei que um pré-natal no posto de saúde quase do lado da minha casa talvez fosse muito mais saudável para mim, mas já era tarde, muito tarde. Enfim, tive que ficar controlando a pressão, fazendo exames na emergência do HFAB (*onde me trataram muito bem na emergência, conforme bem comprovei*), e temendo a possibilidade de uma pré-eclâmpsia, que inviabilizaria o meu plano de parto domiciliar. Logo, eu que tinha uma pressão normal e até baixa durante os nove meses? Como as coisas poderiam terminar desse jeito? Os resultados dos exames terminaram por descartar o problema e a pressão alta foi considerada como resultado do meu estado emocional. E ela voltou ao seu normal nas vésperas do meu parto e esteve assim durante todo trabalho de parto e a cirurgia.
Minha mãe chegou do Rio de Janeiro no dia 15, bem à noitinha, e, como se Júlia estivesse esperando pela avó, ou pelos caras que montariam seu quarto, pois eles começaram a aparecer aqui em casa antes de 7 e 30 da manhã, comecei a sentir fortes pródromos (*contrações doloridas, mas de treinamento*) a partir desse horário. Ao logo do dia, elas foram se tornando contrações regulares e passaram a ser de 5 em 5 minutos a partir das 11 da noite, ou um pouco antes. Minha doula (*Vanja Mendes*) veio na minha casa e fez algumas recomendações. Foi uma noite longa, dolorida, mas cheia de boas expectativas. Como já estava com três cm de dilatação e colo favorável, acreditava que tudo iria correr bem. As enfermeiras obstétricas do Luz de Candeeiro, Iara e Ana Cynthia, chegaram na minha casa na manhã do dia 17 e segui em trabalho de parto. Chuveiro quente, agachamentos, bola, a piscina (*que meus gatos destruíram*), caminhada... As contrações eram fortes, mas foram se tornando irregulares, quando o esperado era o inverso. Os exames de toque permitiam sentir a bolsa muito baixa e a cabeça da minha bebê, só que ela não parecia encaixada da melhor maneira (*cefálica defletida, com a testa e não a parte “certa” da cabeça posicionada*) e a bolsa impedia a sua descida. Pouco depois das duas horas da tarde, elas conversaram comigo sobre a única intervenção possível, e eu permiti que rompessem a bolsa. Líquido nítido, odor normal e muitos cabelinhos da minha Júlia. Acreditávamos que o trabalho de parto prosseguiria mais rápido, afinal, a bolsa – que era enorme – parecia estar impedindo a bebê de descer e eu já estava com quase nove cm de dilatação.
Infelizmente, as horas passaram e o trabalho de parto não evoluiu, as contrações foram se tornando cada vez mais irregulares. Comecei a ter medo e, cada vez mais acredito, foi aí que eu perdi o meu parto. Perto das sete da noite, as enfermeiras perceberam o quão cansada eu estava, que do jeito que o trabalho de parto evoluía, poderia se prolongar muito ainda, e que seria uma saída mais segura ir para o hospital e tentar uma indução com ocitocina, afinal, faltavam somente dois centímetros e tudo poderia terminar bem e rápido. Sim, é assim que funciona um parto domiciliar, os profissionais envolvidos – enfermeiras obstétricas, médic@s – observam os sinais da mãe e da criança, nunca colocam nossa vida em risco, e é preciso ter um plano B bem amarrado. A primeira parte estava OK, mas paguei o preço de não ter um plano B de qualidade. Confesso que a ida para o hospital já sinalizava, para mim, que eu terminaria na mesa de cirurgia, mas acredito que ambas, Iara e Ana Cynthia, avaliaram bem o meu psicológico. Fui para o HFAB, por um instante houve a possibilidade de ir para a Maternidade de Brasília, a melhor da cidade em termos de parto humanizado, mas não havia vagas. E terminei transferida em uma ambulância extremamente desconfortável para o Hospital Alvorada de Brasília, não me deixaram ir no carro do meu marido, o que seria muito menos desconfortável.
Chegando lá, havia somente uma médica plantonista, ela iria “fazer” o meu parto, pois, a partir de agora, eu não era mais sujeito e, sim, objeto. Meu marido brincou depois que a médica parecia uma profisssional militar de hospital de campanha, fazendo de parto até amputações... Entrei com minha doula, que disse ser minha prima, enquanto meu marido cuidava da burocracia. A médica aceitou alguns pedidos, como a não episiotomia (*obviamente, eu não estava acreditando muito nisso*), que esperaria o cordão umbilical parar de pulsar para fazer o campleamento, mas nada de bizarrices como “parto de cócoras” ou “de quatro” (*e isso sem que falássemos nada*). Com alguma demora, depois da técnica arrancar o acesso do soro que veio comigo do HFAB fazendo espirrar sangue para todo o lado e de me furar várias vezes de forma negligente, estava na ocitocina, ou assim me disseram. Digo isso, porque o efeito não foi imediato, ficaram dizendo que a “posição da minha mão atrapalhava a descida do soro e as contrações continuaram as mesmas. Não me obrigaram a ficar deitada, andei, agachei, tentei, enfim, ajudar a Júlia a descer. Só que quando as contrações ritmaram, um dos efeitos colaterais do hormônio sintético apareceu, os batimentos cardíacos da Júlia despencaram, ou assim me foi dito, porque não vi o visor e nem me lembro do som da leitura, isto é, se era diferente do que ouvi o meu pré-natal inteiro e durante o trabalho de parto. De qualquer forma, vaticinaram cesariana de emergência.
Com toda a presteza, em menos de 40 minutos tudo tinha sido preparado, e eu estava anestesiada. Fiquei consciente o tempo inteiro e tive a certeza de que minha bebê, que não vi nascer ou ouvi chorar, estava “salva”. O anestesista e as enfermeiras me disseram que nunca viram uma mulher tão calma em uma situação de cesárea de emergência. Ora, se você sabe que o procedimento é necessário para garantir a vida da sua filha, não é hora de fazer drama, é preciso encarar a situação, fora que não havia alternativa, então é respirar fundo e ir em frente. A equipe, da médica de campanha, passando pelas enfermeiras muito gentis e o anestesista, um dos médicos mais atenciosos que já conheci na vida, trabalharam para o nosso melhor. Temia alguma violência obstétrica, mas tudo correu muito bem.
Só a pediatra é que destoou do grupo, falou para que meu marido nunca mais permitisse que eu tentasse um parto normal, insinuou que minha filha poderia ter problemas neurológicos, e veio falar comigo anestesiada que parto normal era “coisa de índio” e não de “gente civilizada”, e que minha menina tinha ganho um Apgar 3, mas que, por piedade, ela tinha lançado 5 (*mentira, consta 3*). Acredito que ela achou que eu iria me desesperar por não saber do que se tratava a tal nota e quando perguntei se no minuto 1 ou 5, ela bufou e foi embora... Bem, mesmo com a barriga aberta e sendo costurada, ainda é possível ver alguma graça na situação. O anestesista, que tinha ficado conversando comigo durante quase toda a cirurgia, não conseguiu conter o riso. Se minha menina tivesse Apgar 3 ao nascer iria para a UTI, ou ficaria em observação por várias horas, coisa que não ocorreu.
Para terminar, no fim das contas, minha menina nasceu bem, nasceu quando quis nascer, passado pelo trabalho de parto e recebendo os hormônios necessários, não foi para a UTI neonatal, e a mandaram para o meu lado ainda na sala da recuperação de anestesia, coisa que eu não esperava. O tratamento no hospital não foi humanizado, mas não fui desrespeitada pela maioria absoluta dos profissionais e nisso sou muito grata. Não me amarraram e permitiram a presença do meu marido em todo o processo e não me senti sozinha, nem desassistida. Mas minha doula não pode entrar. Imagina! E, o mais importante, o que doeu mais e dói, não pude poupar minha filhinha de nenhuma das intervenções desnecessárias: luz forte na cara, cordão prematuramente cortado, colírio de nitrato de prata. Ainda bem que o ar condicionado estava quebrado, ou sei lá... Meu marido não pode, também, ser coparticipante – filmar a cirurgia não conta – queria muito que ele cortasse o cordão da filha. Tínhamos sonhado com isso. Não pude amamentá-la ao nascer, não vou poder usar minha placenta para adubar uma nova árvore. Não queria “parto bonito” para colocar no Youtube, queria, sim, ser protagonista no meu parto e proporcionar o melhor para minha filha e marido.
De resto, o único porém no hospital foi uma enfermeira terrorista passar o sábado todo me azucrinando com o falso fantasma da hipoglicemia, pois não vira minha menina mamar “direito” nenhuma vez. Foi um inferno. Só que minha Júlia foi bem avaliada em todas as revisões. Ela foi liberada com as 48 horas protocolares e está mamando maravilhosamente bem. Ela nasceu pouco depois da meia noite do dia 18. Uma das coisas que descobri durante a cirurgia é que meus dois pequeninos miomas externos (*subserosos*), relatados como inofensivos no início da gravidez, eram pelo menos quatro. Meu marido filmou tudo. Os miomas eram grandes a ponto de um deles ter sido confundido com um pedacinho da minha filha durante o final da gestação. Apesar de acreditar que meu emocional interferiu, os miomas provavelmente foram responsáveis pelas contrações irregulares, pela dificuldade na evolução do trabalho de parto. Se as Enfermeiras Obstetras não tivessem sido tão cuidadosas e profissionais, poderia ter acontecido o pior. O curioso é que, apesar de imensos, eles não foram relatados nos últimos ultrassons. Se minha teoria procede, os médicos das ultrassons colocaram em risco a vida da minha filha ao não relatarem o que deveria estar evidente na tela.
Enfim, o processo foi longo, as coisas não aconteceram como eu desejava e esperava, mas saí do hospital com minha menina nos braços. Não fui protagonista do processo, fui chamada de “mãezinha” em vários momentos, fiquei impotente, fui conduzida. Enfim, não tive um parto, foi uma cirurgia e tento acreditar que necessária para o bem de minha menina e o nosso. Chorei algumas vezes desde o nascimento da minha Júlia, penso naquilo que não consegui fazer acontecer, se a coisa dependeu mais de um amadurecimento emocional meu, ou se não havia jeito mesmo. Por isso, me agarro na história dos miomas. Será que eles realmente atrapalharam tudo?
Não tive um parto, passei por uma cirurgia; extraíram minha filha, não fui parte ativa. Em tempos de campanha contra o parto humanizado, pois os cesaristas se incomodam da mesma forma que a turma do “orgulho branco” e do “orgulho hetero”, não me sinto “menas mãe” por conta de tudo que aconteceu. Agora, é que começa o trabalho, aquilo que se chama de maternagem. E aí, pouco importa se você pariu (*e como*), se retiraram sua criança por meio de cirurgia, ou se você adotou, ser mãe ou pai é exercício, acerto e erro, esforço, e muito amor. E, pelo menos no meu caso, já que tive uma gravidez desejada, tive oito meses e meio para aprender a amar a minha menina. Não é instinto, destino biológico, nada disso, é algo construído culturalmente e, talvez, estimulado por alguns hormônios... mas é melhor deixar esse papo para outro dia... Continuo militando pelo parto humanizado, pelo respeito às mulheres, algo mais que fundamental. Cesariana deveria ser m recurso somente para salvar vidas; mas uma mulher, desde que esclarecida dos contras (*porque dos supostos prós, todo mundo sabe*) da cirurgia tem todo o direito de optar por ela. Só não peça, em nome de um suposto respeito ao direito de escolha, que a gente se cale em relação ao problema da cultura cesarista no Brasil, ou engula mentiras contadas para justificar o que não é justificável.
Mas é isso, minha doula insistiu para que eu lembrasse os bons momentos. Do trabalho de parto, dores fortes, sim, mas que abriam as portas para uma nova vida, do cuidado das profissionais envolvidas, do carinho e preocupação do meu marido, da Júlia finalmente nos meus braços. Quando saí do hospital, eu chorei, de felicidade por tê-la comigo e por imaginar que muitas mulheres não tiveram nunca essa chance. Para alguém que espera nove meses, que deseja aquele ser que cresce em seu ventre, deve ser um golpe dos mais terríveis sair de barriga cortada (*ou, não*) e de mãos vazias do hospital. Eu fui abençoada e continuo sendo. Mesmo com a dor do não-parto, algo importante, uma espécie de luto, há uma felicidade maior que do que tudo, já que recebi o maior de todos os presentes e das responsabilidades, também.
12 pessoas comentaram:
Eu imagino um parto como um filme de terror. Sério mesmo! Acho uma situação terrível. E quando eu fui ficando ciente da realidade que é parto normal x cesária pelas suas postagens, entendi a sua preocupação.
Bom Val, eu só posso dizer que você precisa ter a certeza que fez o melhor que poderia ter feito.
Outra coisa: Além da sua inteligência e a sua bravura como militante, você tem um grande coração. E mesmo que as coisas não tenham saído como você queria, nada vai mudar o fato de que a Júlia vai ser criada por um grande ser humano. Então tudo vai ficar bem <3
É isso. Um grande abraço querida Valéria!
Fiquei muitíssimo emocionado com o seu relato, Valéria.
Nunca antes eu li ou ouvi uma descrição semelhante referente ao Parto, ao Dar à Luz.
Fiquei com raiva da pediatra estúpida, pois a postura dela me lembrou muito a mesma postura indigesta e grosseira que minha mãe precisou enfrentar, alguns anos atrás, em um famoso hospital de São Paulo: profissionais da saúde que não sabem lidar com seres humanos,não tem bom senso, empatia, e nem mesmo ética para discernir o quê, ou como, falar com o paciente que, basicamente, eles têm nas mãos.
Mas achei divertidíssimo imaginar a frustração dela diante da impossibilidade de subestimar você...rs
Também me revoltei com a postura da tal enfermeira: como uma ENFERMEIRA não sabe calcular se uma mulher que acabou de ter uma filha está em condições psicológicas - e, principalmente, emocionais - de ouvir insinuações nada éticas sobre a saúde do bebê ou a sua própria?
Falta de delicadeza e ausência total da Sensatez e do Bom Senso...
Mas no final das contas, se me é permitido dar uma opinião pessoal sobre o seu relato, eu diria que foi um dos mais bonitos que eu já vi. São as palavras de uma Mãe, uma mulher refletindo- não sem discernimento - sobre a Natureza da sua própria Natureza de Mãe, de Mulher, total e absolutamente consciente de tudo em relação ao nascimento da própria "cria". E digo "cria" por que o que li aqui, me fez entender verdadeiramente por quê uma Mãe é comparada culturalmente à uma Leoa. E isso é muito, muito lindo mesmo.
A Júlia teve muita sorte. Eu mesmo sou o fruto de uma mãe biológica que me deu para a adoção antes do meu nascimento, e por essa razão aprendi relativamente cedo a enxergar tudo o quê significa Mãe naquela que me criou e me amou a tal ponto, que não consigo e nem teria por que considerar qualquer "mãe" além dela.
O que li aqui foi a prova cabal da beleza existente na Maternidade.
Não fique triste,Valéria: No mínimo a Julia recebeu todo esse Amor com tal intensidade, que nenhuma intervenção médica fez diferença: nasceu ela, nasceu uma Mãe junto. E das fortes. A impressão que eu tive é que esse amor todo fez tudo ser, para a Julia, da mesma forma que teria sido num parto normal - isso fica evidente pelo fato de você estar calma como descreveu...
E ponto pro seu marido, que deve ser um cara muito incrível!
Abraços,
Adriano
Relato emocionante T_T
Fico imensamente contente que no fim das constas, apesar de tudo, o saldo tenha sido positivo.
Depois que procurei saber mais sobre o modo como as mães são tratadas durante o parto, um temor muito grande nasceu em mim, mas é importante ter consciência de tudo o que ocorre para não se deixar amedrontar por péssimos profissionais.
Bom, de qualquer forma não tenho vontade de ser mãe, não XDDD
Aqui estou eu a beira das lágrimas, Valéria seu relato foi belíssimo.
Não fique triste, pois você lutou até o último momento pelo melhor da Júlia e de seu marido; não dizem que a criança mesmo dentro da barriga entende o que se passa no mundo exterior e com a mãe? Com certeza a Júlia sabe o quanto é amada.
Quanto a pediatra... Ela teve sorte que você é educada. Eu na sua situação, teria a chingado até...
E parabéns por sua garra e coragem. Muitas mulheres ao sentirem um pouco de dor, ou ao entrarem em falso trabalho de parto já optam pela cesariana. Eu mesma fui uma dessas :/ meu parto foi um pouco traumático, mas tudo acabou "bem", com um parto natural não humanizado.
Ao ler seu texto percebi o quanto era imatura e que deveria ter lutado pelo melhor da minha família, e não ter sido obrigada a fazer o melhor como foi.
Peço desculpas pelo desabafo Valéria, sei que não era hora, mas não pude deixar de me emocionar e sentir as lembranças vindo ao ler seu relato.
A pequena Júlia tem muita sorte por ter nascido nessa família maravilhosa! Parabéns!
É importante esse ativismo contra violência obstetrícia, cesáreas desnecessárias. Sou bem ignorante no assunto. Li há pouco tempo um post no blog da Lola sobre o assunto, que me direcionaram pra outros blogs, enfim.
Mas o que me soou estranho lá e também aqui, é essa ideia do "protagonismo" no parto e que se você passou por uma cesárea você não foi protagonista, não foi sujeito, foi objeto.
Com todo o respeito, Valéria, acho que essa parte do discurso não é nada saudável e acaba é por diminuir quem fez uma cesárea, necessária como no seu caso ou desnecessária, por falta de informação, por pressão ou porque mesmo tendo acesso à toda a informação a mãe preferiu a cesárea.
Achar que a mãe é protagonista, é sujeito, no parto normal é que o médico é protagonista e a mãe objeto em cesáreas me soa tão estranho.
Porque não ver como protagonista do processo a criança? Afinal é por causa dela que está ocorrendo tudo aquilo, seja parto normal, cirurgia, o importante é que sua neném está bem.
O nascimento é pra todos nós um trauma, seja em uma sala de cirurgia com ar-condicionado ou no conforto da sua casa.
Enfim. Felicidades para você e para sua filha e desculpe qualquer coisa.
Abraços.
Oi, Valéria! Primeiro, fico muito feliz por saber que você e a Júlia estam bem. Graças a Deus por ela ter nascido perfeita e desejo muita saúde pras duas. =)
Acompanhei seus relatos pelo facebook e sua camapanha em prol do parto humanizado. Aprendi muito com a sua militância. Apesar de ter sido sempre a favor do parto normal (mais por medo de cirurgia, bisturi, injeção, essas coisas de hospital. =P), não tinha consciência da real importância do parto humanizado para a mulher e para o bebê.
Eu era uma dessas pessoas que também não tinha a dimensão do problema da imposição da cesariana no país. Sempre achei que os médicos pensavam na melhor opção, não que isso era um comércio tão cruel. =(
É uma pena que o seu parto não tenham acontecido exatamente da maneira como planejou, mas pense que você tomou uma posição diferente do que eles esperavam de uma "maezinha". Você enfrentou a situação, que não te favorecia, de cabeça erguida. Eles não se admiraram com sua calma? E você fez até o anestesista rir? Parabéns! ^_^
Acredito também que os miomas podem ter atrapalhado sim o seu processo, pelo que você relatou.
No mais, você fez um trabalho excelente, tanto de conscientização quanto no controle do nascimento da sua filha. E com certeza está sendo uma excelente mãe. =D
Abraços e fiquem com Deus.
Laurinha, o rumo das discussões no último post lá na Lola me incomodou muito, mas se não me fiz entender no meu post, eu explico:
1. A ignorância de muita gente que comentou, em relação à parto humanizado, riscos da cesariana, necessária, ou não, e, claro, nem se fala em acreditar na balela de que a evolução nos empurra para a mesa de cirurgia. Nós humanos estamos fadados à extinção, então, não fossem os santos médicos (*Foucault, explica...*).
2. O discurso “menos mãe” de quem se sente ofendido. Ah, me desculpe, mas quem passou por procedimento cirúrgico em hospital sabe muito bem que você não é sujeito, é objeto de discursos e práticas. A criança, no caso da cesariana, muito menos. Nascer em casa, ou em um parto humanizado, ou mesmo no que alguns estão chamando de “cesariana humanizada” (*procure saber, todas deveriam ser assim*) poderiam, sim, diminuir o trauma.
3. O movimento pela humanização do parto não quer impor parto normal (*hospitalar a moda brasileira, cheio de intervenções e violências, nem pensar*), muito menos analgesia, menos ainda, parto domiciliar. Há as militantes extremadas, como em qualquer movimento, mas, para a maioria, o que conta é o direito de escolha da mãe, desrespeitado o tempo inteiro. Todas os embates que eu vi em grupos pró-humanização começaram com alguém que fez cesariana entrando no espaço com o discurso “não sou ‘menos’mãe...”.
4. Não me sinto inferior por ter passado por uma cirurgia de extração de bebê. Sim, gosto de dar nomes certos as coisas. Não chamo embrião e feto de criança, não vou chamar cirurgia de parto para não ferir sentimentos de quem quer se enganar. Assuma-se que foi necessário, algo que no meu caso não sei se foi, nem saberei (*as maravilhas do sistema!*), ou que fez porque quis e para de resmungar que está sendo ofendido. Como eu coloquei, no país das cesarianas, dizer que militância pró-parto humanizado é ameaça é tão risível como o pessoal do orgulho branco e hetero. Pior ainda, se o discurso parte de mulheres.
5. Maternidade é exercício. Maaternagem pode ser exercida por mãe, avó, pai, primo, irmãos. Ser mãe – no feminino – não depende de ter gestado, coisa que une quem pariu ou passou por cesárea. Mães adotivas são igualmente mães, sem tirar nem por.
Isso é ser radical? Eu sou. Mantenho. E apaguei meu comentário no post da Lola e não comentai nada por lá, porque estava com náuseas, muita mesmo, de certas colocações irresponsáveis, ignorantes e mimizentas.
Força pra você Val!
Pena que não foi exatamente como você planejou mas nem sempre temos domínio de tudo. As vezes acontecem imprevisto.
E acho que a sua amiga esta certa, fique com a parte positiva da experiencia!
É isso que importa no final!
beijos e muita saúde pra sua filhinha!
Confesso que fiquei nervosa lendo seu relato, Valéria.
Filme de terror - porque não foi o que era esperado da forma que era esperado ver rostinho da Júila pela primeira vez.
Espero que tudo fique bem!
Um abração!
=)
Fico feliz que, apesar de não ter sido como você queria, pelo menos, sua pequena está bem e saudável.
Infelizmente, nem sempre conseguimos as coisas como queremos e na maioria das vezes que somos tratados por "profissionais" de saúde, eles imaginam que estão fazendo um favor para nós pacientes, que não estamos de alguma forma pagando pelo *bom* serviço e atendimento deles...
Claro que há exceções...
Abraços e felicidades pela pequena Júlia! Saúde para vocês!
=)
Querida,
Parabéns pelo relato detalhado.
Gostaria de ter lido mais de um parágrafo das coisas maravilhosas que viveu na sua gestação e trabalho de parto e parto.
Você é vitoriosa em vários sentidos e uma pessoa importante no movimento de humanização do parto e do nascimento.
Continue conosco nessa militância.
Prazer imenso em te conhecer e de ter tido permissão, sua e de seu esposo, de participar com vocês dessa aventura que é gestar, parir e maternar.
Ah! Julinha é linda demais!
Parabéns!
bjs
Oi Valéria,
Primeiro, parabéns pela filha linda, parabéns pra vc também, tão corajosa e calma mesmo com o imprevisto!
Nunca achei que cesárea torna-se alguém menos mãe; mas ainda me entristeço com o número avassalador de cirurgias e principalmente com essas grosserias de profissionais da área da saúde; meu filho nasceu de parto natural 17 anos atrás, mas sim, teve grosserias da emfermeira, teve episiotomia desnecessária (9 de dilatação!!), luz, nitrato...
Mas o que importa neste exato momento é a saúde de mãe e filha!
E vcs estão abençoados com esta gatinha linda linda!
Felicidades e muita saúde a todos!
beijosssssssss
léia
ah! aprecio todos os seus comentários na Lola. Todos mesmo.
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