Sabe aquele papinho misógino de que as mulheres não contribuíram em nada para as ciências, artes ou filosofia? Pois é, trata-se de uma falácia. Isso se torna particularmente evidente quando observamos a vida de algumas mulheres e não falo daquelas que tiveram suas potencialidades castradas, mas mesmo daquelas que conseguiram vencer inúmeras barreiras e, ainda assim, tiveram seu papel obscurecido. Este foi o caso da britânica Rosalind Franklin. Nascida em 1920, morta precocemente por um câncer de ovário aos 37 anos, ela começou a desvendar a estrutura do ácido desoxirribonucleico (DNA, na sigla em inglês). No entanto, seu trabalho foi roubado (*não há outro nome*) e repassado por um colega de de trabalho – Maurice Wilkins – para os cientistas James Watson e Francis Crick. Em 1962, o trio recebeu um prêmio Nobel de Medicina pelas pesquisas que conduziram à descoberta do DNA. Sem desmerecer a capacidade do trio, afinal, eles fizeram descobertas, costuraram teorias e evidências, é preciso marcar o mau caratismo dos três, afinal, nunca citaram Franklin, ou deram-lhe qualquer crédito. Morta, ela caiu no esquecimento até que essa história podre veio á tona.
E não há panos quentes a colocar, foi a misoginia do meio científico e que habitava dentro dos três cientistas que lhes deu a escusa para fazer o que fizeram. Afinal, segundo o portal Terra, cartas reveladas em 2010, revelam que Wilkins se referia à Franklin com termos como “bruxa”. E James Watson tem uma carreira pontuada por afirmações misóginas, homofóbicas e racistas... No entanto, só virou escândalo e sofreu retaliações pelo racismo mesmo. Ou seja, homens assim não teriam nenhum escrúpulo em tentar esconder que estavam em débito com uma mulher. Mas o tempo passa e historiadores da ciência – em muitos casos, feministas – conseguiram dar visibilidade à Franklin. Hoje, nos seus 93 anos, o Google lhe prestou justa homenagem.
2 pessoas comentaram:
Nossa, bom texto. Não sabia de nada disso. Essa homenagem do Google é pouco pra ela. Ela deve ter se sentido arrasada por ter seu trabalho roubado e ainda enfrentar calúnias.
Achei ÓTIMO ficar sabendo dessa história, Valéria. Como sempre, a "supremacia" do homem conservador mostra serviço ao longo da história de uma forma pouco ou nada louvável.
Eu imagino quantas vezes a contribuição de mulheres, ou qualquer outra "camada da sociedade" definida como "minoria" (NUNCA VOU ENTENDER O SENTIDO DE "MINORIA" NA MAIORIA DOS CASOS EM QUE A PALAVRA É EMPREGADA)foi omitida, não somente na ciência...
Postar um comentário