Sexta-feira passada, na falta de uma sessão legendada a tarde de Jornada nas Estrelas (Star Trek), terminei optando por um filme que tinha tudo para ser muito bom, mas que se mostrou desinteressante boa parte do tempo. Vejam só, como juntar Colin Firth, Alan Rickman, Stanley Tucci e roteiro dos irmão Cohen e a coisa dar errado? Pois é, no caso de Um Golpe Perfeito (Gambit) todos os nomes envolvidos não salvaram a produção. É o tipo de filme que você assisti, se sente constrangida pelo tipo de cena que vê atores veteranos executando, e esquece... Daí, preciso escrever esse texto logo, ou pouca coisa vai sobrar em minha memória.
A historinha do filme é a seguinte, Harry Deane (Colin Firth) é um especialista em arte que trabalha para o homem mais rico da Inglaterra, Lionel Shahbandar (Alan Rickman), um sujeito arrogante, grosseiro, que humilha seus funcionários e é ávido colecionador, particularmente interessado em Monet. Deane contrata os serviços de um falsificador, o Major Wingate (Tom Courtenay), para reproduzir uma obra perdida de Monet e tentar vendê-la por um preço exorbitante para Shahbandar. Para tanto, ele contrata os serviços de uma texana rainha dos rodeios, PJ Puznowski (Cameron Diaz), e monta um plano mirabolante que envolveria um avô da moça, que lutou na II Guerra e levou para casa o tal quadro que teria sido roubado pelos nazistas. Obviamente, o plano só funciona na cabeça delirante de Deane, que, no meio do caminho, é demitido por Shahbandar do seu cargo de curador e substituído pelo afetado Martin Zaidenweber (Stanley Tucci).
Um Golpe Perfeito é um remake de um filme de 1966 – que eu não me lembro de ter assistido – com Shirley MacLaine e Michael Caine. Eu até acho digno que um papel que tenha sido de Michael Caine possa ser executado por Colin Firth, mas o mesmo não acontece quando penso em Cameron Diaz e Shirley MacLaine. No entanto, acredito que dentro do marasmo e constrangimento geral que é Um Golpe Perfeito, é Cameron Diaz, a menos dotada do elenco que se sai melhor, como a caipira, cheia de sabedoria (*clichê*) que aceita participar do golpe armado pela personagem de Firth e ensina uma ou duas lições para o milionário nojento interpretado por Alan Rickman. Stanley Tucci até poderia render bem como o sujeito que se vende como especialista, mas, na verdade, é um poser, e ainda havia a sua fixação pela boa forma e seu desprezo pelas musas (*gordas*) do Renascimento, que poderia render boa discussão, mas nada...
Aliás, em alguns momentos Rickman parece estar fazendo uma cara de “o que eu estou fazendo aqui mesmo?”, porque, bem, nenhum dos envolvidos precisava estar em Um Golpe Perfeito. As piadas são rasas, mal desenvolvidas, tenta-se reproduzir aquelas sequências divertidas de correria e comédia de erros dos filmes dos anos 1960, mas não dá certo. Colin Firth não tem mais idade para ficar fugindo pela janela de cuecas, ainda que a cara dos dois atendentes de hotel, ávidos por devorar Harry Deane achando que ele é um “garanhão” muito bem dotado ainda fizessem rir. Só que não vai muito além disso, não... Há a piada com os japoneses, que se fingem de bobos para enganar os ocidentais, mas acredito que ela foi esticada demais e acaba se desgastando.
O diretor, Michael Hoffman, também é um sujeito com um bom currículo, podem checar. Daí, como explicar que um filme que tinha tudo para ser legal, por causa do elenco, diretor e roteiristas seja um fiasco... Como fã do trio Firth, Rickman, Tucci, não vou dizer que vê-los atuando não tenha me gerado algum prazer, mas a coisa fica no nível fã mesmo, sem legitimar a película que não se sustenta como uma boa comédia e tem poucos momentos interessantes, nenhum deles memoráveis. De resto, o filme não cumpre a Bechdel Rule, nem passa perto, já que a única personagem feminina com falas de verdade é a de Cameron Diaz e ela interage quase que o tempo inteiro com os homens do elenco. É isso, Um Golpe Perfeito é um desperdício de recursos, um mico coletivo, e poderia muito bem ir direto para vídeo.
1 pessoas comentaram:
Eu vi o cartaz no cinema e pensei seriamente em assistir ao filme. Como ser ruim quando se tem Colin Firth, Alan Rickman e Stanley Trucci?
Ufa! Ainda bem que sua resenha saiu antes. xD
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