Apesar de ser a primeira resenha do ano, tecnicamente, “Detona, Ralph!” vai ser arrolado como a última resenha de 2012. Afinal, assisti ao filme no sábado e juntando com o que vi ano passado, consegui a marca que desejava: ver pelo menos dois filmes por mês no cinema. Para muita gente, isso é nada, mas eu considero uma marca muito boa para mim. :D “Detona, Ralph!” é o 52º filme da Disney e tem todo o jeitão de Pixar que faltou para Valente, na minha opinião. Apesar das perdas por ter assistido dublado, algo obrigatório nos cinemas nos dias de hoje quando se trata de desenho animado, foi uma experiência bem divertida. “Detona, Ralph!” é o típico filme em camadas que pode ser compreendido pelas crianças pequenas sem problema (*apesar de volta e meia eu ouvir um “Pai, já está acabando?”*), interessar para crianças maiores e adolescentes que não têm as referências dos games citados; agradar aos adultos que jogaram, ou não, aqueles velhos jogos. O filme se sustenta com um bom roteiro e personagens simpáticas, além de colocar certas questões em discussão sem ser conformista. Enfim, trata-se de um filme delicioso e foi bom fechar 2012 com ele.
“Detona, Ralph!” segue o drama da personagem título – Ralph – que é vilão do jogo Fix-it, Felix Jr. há 30 anos. Deprimido por ser ignorado e mesmo hostilizado pelas outras personagens do game, Ralph decide partir em uma jornada em busca de uma medalha, afinal, heróis são importantes, porque as ganham no fim do jogo. Pensando dessa forma, ele vai em busca da tal medalha em outros jogos de fliperama, pois, durante a noite, depois do fim do expediente, eles se comunicam entre si, e é possível para uma personagem circular entre eles. Ralph consegue se infiltrar e conseguir uma medalha no jogo de tiro em primeira pessoa, Hero’s Duty, mas acaba tendo sua medalha roubada por um “bug”, a pequena Vanellope no jogo de corrida Sugar Rush. Enquanto isso, o jogo Fix-it, Feliz Jr. corre o risco de ser desativado, pois sem seu vilão, é impossível jogá-lo
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Felix Jr. se une à Sargento Calhoun, de Hero’s Duty para resolver o problema, ele quer trazer ela de volta, já ela deseja destruir um insetóide que Ralph levou para Sugar Rush por acidente. Já a pequena Vanellope quer usar a medalha para participar da corrida doce, já que não tem nenhuma moeda... Só que o Rei Doce – soberano do mundo de Sugar Rush – quer impedir Vanellope de participar da corrida. Por qual motivo? Já Ralph começa a repensar sua vida como vilão, sua importância, e estabelece uma relação muito curiosa com a espevitada Vanellope.
Eu terminei o filme com um único desejo: uma boneca da Vanellope. Bem, essa personagem, que permite ponte com as criancinhas, eu suponho, tem a mesma função do jovem Luke Skywalker na nova trilogia de Guerra nas Estrelas. Só que muito mais simpática e complexa, Vanellope me conquistou. E foi muito bom a Disney oferecer Ralph como protagonista e colocar uma menina – sim, não um garoto – como uma personagem ativa, inteligente e, bem, comportando-se como criança mesmo. Queria ver o filme no original, para avaliar a forma como Vanellope fala. No início, as piadinhas meio-escatológicas (*acho curioso a fixação por excrementos, peidos e outras coisas...*) me irritaram um pouco, mas acredito que estava no original. No fim das contas, Vanellope tem um drama tão forte quanto o de Ralph e a primeira coisa que me perguntei foi: por que em um mundo tão caricaturalmente feminino (*coisas fofas em rosa, lilás, rosa, lilás...*) o rei é um homem? Esse é um dos mistérios de “Detona, Ralph”.
Já Ralph é encantador desde sua aparição. Inspirado em Donkey Kong, vilão do primeiro Mario, ele é humanizado, ao mesmo tempo em que é mostrada a sua marginalização. Engraçadíssima é a seqüência do grupo de apoio para vilões, com Ralph questionando os fundamentos da sua função social. E a turma presente? Rei Kopa, o fantasma de pac-man, Mestre Bison... Claro que Zangief não deveria estar lá, poise le só é vilão nas animações e filmes, no jogo, só o grande mestre é assumidamente mau. Depois, Ralph mostra seu bom coração dando uma das cerejas roubadas para personagens de game sem-teto, Q*Bert e seus companheiros. Não lembro desse game, nunca fui game maníaca, mas a simpatia é pela situação, além do fato de Ralph sempre ser parado na estação por causa de sua aparência e pelo fato der ser vilão de game... Preconceito é algo que a gente entende e o filme trabalha bem com essa idéia de forma que até uma criancinha possa entender.
Conforme a história vai caminhando, pensei que iriam passar uma mensagem conformista, com Ralph voltando para a sua condição de vilão e para o lixão onde mora. O filme, no entanto, escolhe um meio termo. Toda história precisa de um vilão, eles são importantes em si mesmos, porque sem eles, não existe herói. Isso não quer dizer que as pessoas possam discriminá-los, desrespeitá-los, mantendo-os em situação miserável. É aquela história dos “empregos invisíveis” que a maioria só percebe que são importantes, quando deixam de ser feitos. Nesse momento em que escrevo, cidades como Duque de Caxias, a segunda mais rica do Rio de Janeiro, está cheia de lixo nas ruas, porque o prefeito que não foi reeleito decidiu atormentar a população. Faxineir@s, garis, empregadas domésticas são invisíveis para muita gente, mas sem eles... O mesmo é o vilão. Todos entendem o valor de Ralph no final, inclusive ele. Não é perfeito, mas foi muito bem executado.
Falei de Vanellope, mas há outra personagem feminina importante, a Sargento Calhoun. Ela é uma junção de personagens fanservice de vários jogos, ao que parece, mas é outra personagem forte. Obviamente, única mulher em um jogo de luta e líder de soldados, ela é usada para reproduzir a misoginia ao usar a ofensa padrão para os soldados “mocinhas”, como sinônimo de covardia. Calhoun também se torna interesse romântico de Felix Jr., e recebe um dos elogios mais engraçados, algo como “Seus gráficos são tão perfeitos...”. ^___^ Para um jogo de 8 bits, sem dúvida. O filme cumpre a Bechdel Rule, pois há várias personagens femininas com nome e quando Vanellope conversa com as outras corredoras sobre seu direito de participar da corrida, os três pontos são cumpridos. Algo muito legal, é que a personagem que aparece jogando os games – do violento Hero’s Duty ao colorido Sugar Rush – é uma menina, lourinha e de óculos. Sim, meninas gostam de games de todos os tipos. :) Nesse sentido, o filme questiona e brinca com papéis de gênero, especialmente o estereótipo da princesa, e é bem inclusivo, ainda que com os altos e baixos de Calhoun... Mas tem Vanellope!
Há várias aparições cameo ao longo do filme: Peach, Daisy e o cogumelo de Super Mario; Chun-Li e Cammy de Street Fighter; Sonic; etc. São muitos, alguns, eu perdi. Mas Mario mesmo não aparece, ainda que convidado para a festa de Felix Jr. :) Ryu e Ken têm falas... Já o 3D funciona muito bem e não é só perfumaria, por assim dizer. “Detona, Ralph!” é muito legal ficar tentando achar todo mundo. Enfim, se você não é absolutamente alérgico à dublagem, é uma boa pedida para as férias. A Disney acertou mesmo dessa vez. Me ofereceu tudo o que eu não vi em Valente e mais um pouco.
5 pessoas comentaram:
Adorei a resenha. Sobre Valente, concordo contigo, faltou muito.
Vi Detona Ralph e simplesmente amei também o filme e não questionado nada que foi comentado na resenha. Acho que este filme teve a intenção de segurar a família toda no cinema desde os pais até o filhos em questão do conteúdo. O incrível que teve a mistura de games antigos com os novos e todo o "mistério" do Ralph não poder sair do seu jogo e ser bonzinho. rs
Achei no domingo uma boneca da Vanellope!!
Lembrei de você!
hehehhe
Abraços!
Eu via a boneca da Vanellope no sábado em um shopping aqui de Brasília... o preço era absurdo.
Adorei o filme, *3*
Mas sobre uma aparição do Mario
Acho que o Mario apareceu como um barman na hora que o Ralph vai num bar contar suas tristezas
rs
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