De tempos em tempos, o governo japonês faz uma sondagem com a população sobre alguns temas. O sistema parecer ser o seguinte, são enviados formulários para a casa dos cidadãos e eles e elas devolvem depois de respondido. Não é obrigatório, tanto que a sondagem sobre igualdade de gênero distribuiu em outubro 5 mil formulários e recebeu 3.033, ou 60.7%. O que surpreendeu os pesquisadores é que pela primeira vez desde a primeira sondagem, em 1992, aumentou a porcentagem de pessoas que diz acreditar que os homens devem sustentar a casa e as mulheres casadas não devem trabalhar.
Segundo o levantamento, 51,6% dos japoneses acreditam que lugar de esposa é em casa. Isso significa um aumento de 10,3% em relação à pesquisa anterior feita em 2009. O maior crescimento – 19,3% – se deu exatamente entre a população na casa dos 20 anos. De forma similar, o número dos que são contra diminuiu, conforme é possível ver no gráfico. Entre os jovens, 55,7% dos homens e 43,7% das mulheres são a favor dos papéis tradicionais. O aumento das mulheres a favor nesta faixa etária subiu 15,9%.
O Jornal Yomiuri entrevistou a professora Kakuko Miyata, da Meiji Gakuin University, defendeu que a prolongada crise econômica teve papel preponderante na mudança de opinião entre os jovens. Diz a professora: “Eu suspeito que os jovens de hoje estão profundamente preocupados com seus futuros, porque a dificuldade em encontrar trabalho e a desaceleração da economia, então eles vêem o lar como uma fonte de suporte emocional. Outro fator pode ser o fato da população passar a dar mais importância à vida doméstica depois do grande terremoto.”
Curiosamente, houve crescimento entre aqueles que acreditam que homens e mulheres devem ser tratados de forma igual no ambiente de trabalho: 28,5%. Por mais minguado que seja este índice, são 4,1% pontos a mais que na última pesquisa. Quando perguntados sobre em quais trabalhos gostariam de ver mais mulheres, 54,5% responderam a Dieta (*parlamento*), as prefeituras e entre os membros das assembléias municipais. Cargos de gerência nas grandes corporações vieram em segundo com 46%. As pessoas poderiam marcar várias opções.
Eu acho o ranking da igualdade de gênero problemático, mas quando vejo essas pesquisas japonesas, imagino que para o Japão – pior país entre os mais desenvolvidos – os índices estão corretos. Em momento de crise econômica, sonhar com papéis tradicionais que representariam mais miséria tanto para homens, quanto para mulheres, além de dificuldades para o sustento da família é um absurdo. Mais curioso ainda, é a contradição aparente (*28,5% é muito pouco*) com a outra parte da pesquisa...
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