quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Comentando Parade's End Mais uma Vez e Estamos Quase Terminando...



Eu enrolei para escrever a resenha do episódio 4 de Parade’s End, porque estava tentando avançar a leitura do livro.  No fim das contas, não avancei tanto quando queria, ainda estou no primeiro livro – Some do Not – que cobre os três primeiros episódios de Parade’s End. A prosa de Fox Madox Fox não é fácil de levar, demanda certo esforço com vocabulário e paciência, já que ele não coloca os acontecimentos de forma linear, trabalhando com as reminiscências das personagens.   É notável, portanto, a capacidade da adaptação em reorganizar os eventos, colocando-os na ordem em que aconteceram.  Agora, inventaram e excluíram coisas em prejuízo da narrativa.  Com a leitura do livro, entretanto, algumas das minhas suspeitas se confirmaram e consigo entender um pouco melhor a minissérie da BBC e as motivações das personagens.  As lacunas são muitas, ainda que a adaptação em si consiga arrastar a audiência.  Então, esse texto vai ser organizado da seguinte maneira, uma primeira parte sobre o episódio em si e a segunda parte sobre o livro até o momento.


Sangue, Bombas e Sylvia no cio...


Esse episódio quatro é praticamente todo centrado em Christopher no regimento de Rouen, suas agruras, a rotina que massacra o seu intelecto, e a disposição de Sylvia em conseguir a atenção do seu marido e levar o marido para a cama... Ou assim parece...  Como quase aconteceu uma cena de sexo entre os dois (*spoilers, vocês não leriam a resenha do episódio 4 se não tivessem visto o resto ou se estivessem se importando*), se multiplicaram na internet os gifs da cena, especialmente no Tumblr, levando muita gente a pensar que os dois teriam finalmente “se reconciliado”.  Porque parte do drama de Christopher Tietjens parece ser fruto da repressão sexual ou Bennedict Cumberbatch decidiu investir nessa linha de atuação, então, além do cansaço da guerra, na deterioração física da personagem, que foi muito bem apresentada, há, também, toda aquela tensão sexual que fica evidente tanto nas cenas com Rebecca Hall, quanto nas com Adelaide Clemens.  Mas a pobre Valentine mal aparece neste capítulo e não interage com o Christopher, então é um episódio da Sylvia.  E Rebecca Hall está estupenda como a personagem. 

 Sylvia é odiosa e ninguém vai me fazer acreditar, ainda mais lendo o livro, que esta mulher ame o marido de verdade.  Ela tem um sentimento de posse e sabe que perdeu o coração do sujeito faz tempo... Isso, claro, se realmente ele foi dela em algum momento.  Depois de fracassar em conseguir passe livre para visitá-lo durante um jantas com altos oficiais e magnatas, Sylvia tenta convencer Mark (*e é uma delícia ver o Rupert Everett atuando*), que ocupa um importante cargo ministerial, a arranjar para que ela possa visitar seu marido.  Mas Mark não moveu uma palha e tivemos a única cena na qual alguém esculhamba a megera desde o primeiro capítulo.  Mark é “team Valentine” por assim dizer e assume isso sem reservas.  Fora que é o Rupert Everett investindo pesado naquela pose de lorde inglês esnobe...  Sylvia então mostra uma das suas qualidades, a coragem, e vai para a França assim mesmo.  E alguém que tente impedi-la de chegar até o marido. 


O General Campion – personagem recorrente desde o primeiro episódio – não quer ver a criatura no seu quartel general, mas ela encontra o seu ex-amante, Potty Perowne, oficial responsável por levar correspondências para o general na estação de trem e, claro, Sylvia consegue dominá-lo com seu sexy appeal e inteligência superior.  Perowne é burrinho e covarde, isso nem se discute.  A cena dele gemendo achando que Chrissie iria quebrar-lhe a cara, foi impagável.  A presença de Sylvia se torna inevitável e o general ameaça mandar Perowne para o front por ter trazido a criatura para a área militar.  Sylvia a partir daí consegue quase tudo o que quer.  Inclusive fazer uma visita ao acampamento do marido, ela diz que “só quer vê-lo”.  Aí, se alguém acreditava que ela ama Tietjens, por favor, reconsidere... O estafeta do General vai avisar ao protagonista que há uma mulher esperando por ele, há mais um mal entendido, e Tietjens pensa que é Valentine...

 Bobinho da parte dele, mas lá vai o sujeito correndo desesperado para os portões, esperando encontrar com a moça dos seus sonhos.  Quando Sylvia vê que o marido está chegando, ela simplesmente manda o motorista ir embora, com um sorriso debochado nos lábios.  É o bastante para que Tietjens saiba quem é, mas a figura nem se digna a falar com ele.  No outro dia, ele é liberado para vê-la e, ao chegar no hotel, a encontra de papo com o ex-amante.  Tietjens, claro, mantém a fleuma, evita mais um escândalo e, de novo, Sylvia não se dá ao trabalho de ir falar com o marido.  A mulher forçou a barra para encontrá-lo, mas se comporta como um predador brincando com a comida... E ainda promete para Perowne, por insistência dele, que vai deixar seu quarto destrancado para que o sujeito venha vê-la durante a madrugada...

Ao encontrar o marido, ela comete a maior crueldade de todas até agora, a meu ver.  Chrissie pergunta pelo filho, por que o menino não tem escrito para ele.  Sylvia diz que o filho nem lembra dele.  Ora, isso é impossível, dado o carinho que o pai dava ao garoto, mas imagina o sujeito que vive no limiar da morte, e que ama desesperadamente aquela criança, ouvindo isso.  Tietjens cometeu vários erros, deixar Michael com Sylvia foi o maior deles. A expressão do Bennedict Cumberbatch é de cortar o coração, mas, de novo, ele tem que engolir o desaforo, ainda mais em lugar público. Ainda assim, Sylvia, por pouco, muito pouco, não conseguiu levá-lo para a cama. 

 Dada as circunstâncias, o grau de pressão a qual o sujeito estava submetido e os meios de sedução empregados por ela, se acontecesse não seria surpresa.  Só que aí, claro, o futuro dele com Valentine estaria acabado.  Sylvia não tem limites e Rebecca Hall merece o Bafta pela sua interpretação.  No meio da guerra, ela continua egoísta ao extremo, colocando o marido como responsável por todas as suas agruras, inclusive seu (*suposto*) voto de continência que já dura cinco anos.  Ela literalmente se descreve como um animal no cio.  Não usei o termo indevidamente, exalando odor e atingindo todos os homens ao seu redor.  A cena foi muito intensa, mas toda a incoerência da personalidade da criatura vem à tona quando o Perowne força a entrada em seu quarto e, bem, Chrissie acaba se metendo em uma grande confusão por causa dela... E Sylvia não tem remorsos, tem uma crise de riso e vai embora no final do episódio triunfante.  No livro, acreditem, ela é pior.  É tão rodrigueana a personagem que chega a ser assustador.


 A guerra e seus horrores são mostrados, também, neste capítulo, como não poderia deixar de ser.  Claro, pela leitura do livro já tenho certeza de que a parte do conflito foi muito enxugada.  A minissérie foca no triângulo amoroso e nas angústias morais da personagem.  Já o livro tem na guerra um de seus assuntos principais.  No entanto, o capítulo quatro nos dá a dimensão do conflito, o desperdício de vidas humanas, a falta de respeito dos oficiais superiores e políticos pelas necessidades dos homens e mulheres no front, a burocracia e, de novo, a teimosia do protagonista.  Tietjens tenta ser o oficial modelo, ele é responsável por despachar tropas, pela logística da coisa.  Seu irmão Mark desejava vê-lo cuidando de cavalos, mas uma indicação de gente muito mais importante enviou para o acampamento – e a função – um “especialista” que trata mal os animais para o desespero de Tietjens, que estava temporariamente acumulando funções.  Imagino que no livro os arranca-rabos desse tenente especialista em cavalos com o Tietjens sejam grandes, porque o protagonista tem paixão por esses animais, um carinho enorme e jeito todo especial para tratar com os bichos.  O capítulo mal toca na questão dos cavalos, mas oferece uma das poucas cenas na qual a autoridade de Tietjens como oficial é mostrada e ele não está acuado, por assim dizer. 

 Outra questão abordada é a culpa da personagem.  Ele nega uma licença rápida para um soldado canadense e o rapaz morre quando o acampamento é bombardeado.  Uma das cenas mais marcantes é Tietjens com as mãos sujas de sangue, o sangue do garoto, o sangue que ele pode lavar, mas que nunca sairá das suas mãos.  Apesar de tão certinho, o incidente – somado a outros – o leva a repensar seu comportamento.  Só que exatamente por liberar outro rapaz para uma licença de algumas horas, começa o seu problema com o General O’Hara, já que os guardas do campo queriam acusar o rapaz de deserção (*o que daria em fuzilamento*), mas Tietjens  percebe que foram eles que impediram a entrada do moço e ainda usaram de agressões racistas contra ele. Eu quero chegar nessa parte do livro, porque Tietjens é cheio de preconceitos (*ele diz que os galeses são sujos e nem inglês conseguem falar, por exemplo*) e se ele defendeu o canadense é porque a guerra lhe fez bem de alguma forma...

 O fato é que, por causa de Sylvia, Tietjens acaba cruzando com o General O’Hara e se estranhando com ele.  Para encobrir a indiscrição da esposa, mais uma, ele tenta acomodar a tentativa de invasão de Perowne aos seus aposentos, e acaba assumindo que desrespeitou o General, que ele, Tietjens, estava bêbado... Enfim, é corte marcial com dispensa desonrosa ou frente de combate.  Tietjens sempre escolhe a saída honrada e lá termina o nosso protagonista indo para a morte certa, junto com o cretino do Perowne (*outro punido por se envolver com Sylvia*) e um capitão bizarro que estava sob o comando de Tietjens, um sujeito versado em sete idiomas (*cinco, mais grego e latim, claro!*) e que entrava em pânico a cada bombardeio e ficava competindo intelectualmente com ele.  Quando o capítulo termina, Tietjens está doente, e Cumberbatch consegue realmente convencer que está às portas da morte.  A personagem está com pneumonia de novo.  Se  voltar para casa, deve ser com meio pulmão, sabe? 


 Pelo menos, Sylvia não sai sem arranhões, o General Campion percebe que ela é um problema e coloca Tietjens na parede.  O que ele deveria fazer, pergunta Tietjens ao comandante.  Campion é claro: Se separar dela (*da prostituta, esse é o termo que ele usa*) ou viver com ela como um homem.  O protagonista não consegue, e vem com aquele papo de que existe um termo chamado “parade”... tra-lá-lá... que é a exibição pública dos problemas pessoais, o dar escândalo... Mas é também a parada militar, e mesmo em tempos de guerra, vemos várias vezes a bandinha ensaiando e marchando.  Isso enquanto gente morre nas trincheiras... O General diz que não haverá mais isso, que as tais “parades” acabaram, o nome do segundo do livro é “No More Parades”.  Tietjens sobrevive, eu sei disso.  Estou mais consolada agora que tenho idéia do que está no livro, de que há esperança para ele... E eu não entendo essa gente que torce pela Sylvia, não com todas as crueldades que ela faz com o marido (*e outras pessoas*). Sexta-feira termina!


E o Livro?


O fato é que o livro traz informações preciosas que deveriam estar na minissérie.  Isso ajudaria muita gente, como eu, a entender melhor as personagens, as tramas, especialmente como a fofoca sobre Tietjens ganha as proporções que ganhou.  A cena do trem, a que enfiou Tietjens no casamento com Sylvia, não foi explicada ainda.  Nem se será.  Como já escrevi antes, para mim, é incompreensível aquilo que aconteceu.  Mas o livro mostra o quanto a personagem se sentia culpado por essa indiscrição, por ter feito sexo antes do casamento.  E, sim, como eu desconfiava Tietjens era virgem quando acaba fazendo sexo com Sylvia.  Depois de conhecer Valentine, além da culpa, o arrependimento se torna mais pesado.

 Valentine no livro é mais velha que na série.  Não sei por qual motivo lhe tiraram cinco anos.  Quando ela conhece Tietjens já está com 23 anos, ele tem 26.  A doida da Sylvia diz que ele é muito velho para ela, e não dá para entender como, mesmo se pensarmos que Val pode parecer mais jovem que é.  Mas Sylvia acredita naquilo que quer acreditar, lembrem do capítulo 3.   A situação dos Wannop é muito mais precária do que na minissérie.  Para ajudar a mãe e o irmão, Valentine teve que trabalhar como empregada (*maid*) em casa de família.  É essa experiência muito dura para uma adolescente, que molda a sua visão sobre os problemas sociais e faz com que levante bandeiras que Tietjens acha muito complicadas.  No livro, eles se vêem mais, ainda que conversem pouco como na série, mas ela é muito crítica em relação às opiniões dele, eles discutem e riem juntos.  E Chrissie, que é orgulhoso de seu intelecto, considera Valentine a pessoa mais inteligente de seu círculo.  Val é menos inocente que na série (*vide a cena com Edith*), igualmente casta, mas tem um caráter forte e, claro, abraça o sofrimento ao amar um homem cheio de problemas. 


 Tietjens no livro não é bonito, o efeito Cumberbatch ajudou muito na sua aceitação pela audiência, e é bem mais desagradável com quem considera seus inferiores (*intelectualmente, moralmente, e mesmo em termos sociais*), mas Valentine consegue ver suas qualidades para além dos defeitos.  E aponta os defeitos que ele tem, o que é importante.  E essencialmente, Tietjens é um homem bom.  Delirante, inocente, totalmente desinteressado do jogo político.  Imagino a frustração de Sylvia, que se casou com um homem que poderia se primeiro-ministro e descobre que ele não está interessado.  Além disso, Tietjens não tem apreço por dinheiro, e age como mecenas, especialmente de MacMaster, mantendo uma amizade que lhe traz muito mais prejuízo do que lucro.   MacMaster é outro que sonhava em ser o melhor amigo do mais jovem primeiro-ministro do Reino Unido... Fazer o quê?

 Lendo o livro fica fácil entender como Sylvia se sai tão bem de seu comportamento escandaloso.  Ela é encantadora, quando deseja.  Sabe seduzir tanto os homens, quanto as mulheres.  Ela é refinada e se dá ao direito de rejeitar modismos.  Isso se perde com a série, mas Sylvia se recusa e encurtar suas saias (*e parecer uma menina, na opinião dela*) ou cortar seus cabelos, arrumando-os de forma diferente da usada pelas mulheres comuns.  A cena dela entrando no salão de MacMaster está no livro.  O efeito que Sylvia causa sendo descrito é tão forte quanto quando colocado em imagens.  Além disso, Sylvia é muito, muito rica e exatamente por isso, algumas portas se abrem para ela.  Tem um primo que é duque e ministro, tem uma renda própria que Tietjens se recusa a usar, tem uma mãe que tem muito bom senso para encobrir os rastros dos seus mal feitos.  Ela tem amigos nos lugares certos.  E Tietjens protege a sua honra e ele é inteligente o bastante para conseguir fazer isso. 

 Na série, a questão do adultério de Sylvia não é tratado com a profundidade de detalhes do livro. Tietjens usou de vários recursos para que a imagem da esposa não fosse manchada.  E por quê?  Primeiro, porque ele se culpa por ter casado com ela.  Não vejo afeto da parte dele.  E, já escrevi, não entendo a cena no trem... Segundo, Tietjens pensa em um determinado momento que é melhor para uma criança ter um pai idiota, do que uma mãe com fama de prostituta.  E, bem, ele se sacrifica pelo filho.  Tietjens só adverte Sylvia em reação a alguém uma vez, ele diz para que não se meta dom Edith MacMaster, porque ela conhece pessoas nos lugares certos.  Sim, Edith no livro parece pior que Sylvia, ou tão ruim quanto.  E há uma animosidade entre ela e Tietjens desde o começo, porque ela acredita que ele atrapalhe o sucesso de MacMaster...

 Uma das coisas que foi quase que totalmente anuladas é a relação próxima de Tietjens com a mãe de Val.  E a romancista é tão expansiva quanto na série.  Só que, no livro, ela praticamente adota Tietjens, em parte por gratidão ao pai dele, que a salvou da miséria, em parte por gostar dele.  Depois do café na casa de Edith, por exemplo, ela convida Tietjens para almoçar com ela e Val e ainda o obriga a ficar hospedado em casa delas.  Toda uma seqüência longa de Val e Chrissie caminhando no campo, momento em que ele começa a se apaixonar por ela e a moça acha que ele vai entregá-la à polícia, foi cortada. Essa cena poderia estar na série, assim como a sugestão de que Chrissie e a mãe de Val tinham uma relação muito próxima.  Ela a ajuda, ela o mima e ele tenta não chorar.  E, sim, logo na primeira visita, ele conta da fofoca sobre ele e Val, a Sr.ª Wannop diz que não se importa, pois já passou da idade de ligar para fofocas ou convites para festas.  Só que ele se importa e muito com a reputação de Valentine. 


 Quando Tietjens volta ferido para casa, e o ferimento dele no livro é bem mais sério que na minissérie.  É a mãe de Val que o ajuda a lembrar das coisas.  Ele a visita todas as tardes, conversa com ela e lê a Enciclopédia Britânica. Há até uma frase importante que descreve seu estado de desespero “Quando um homem é ferido, é ferido no seu orgulho”.  No caso dele, sua mente superior.  Daí ter que recorrer ao básico que ele desprezava e corrigia, a enciclopédia.  E não pensem que Sylvia tem aquela ceninha carinhosa com ele na cama, contando como se feriu.  O diálogo existe, mas é em uma cena longuíssima e intensa, mas que começa com Sylvia virando um prato de salada em cima dele e estragando seu melhor uniforme.  Ela só pergunta como ele se feriu cinco meses depois, quando ele está voltando para o campo de batalha.  Mesmo com a situação lamentável do marido, que mal conseguia lembrar dos nomes de pessoas conhecidas, ela acreditou durante muito tempo que ele estava fingindo.  A cena pseudo-libertária de Sylvia dizendo que queria ser uma águia?  Esqueça, o homem com ela não era o marido e o objetivo não era nada nobre... 

 Aliás, boa parte da fofoca sobre ele é culpa de Sylvia. A tal Lady Claudine, fofoqueira irmã do General Campion, é casada com um ministro que é inimigo dos Tietjens.  E Christopher, claro, não tem nenhum problema em tratá-lo como um verme.  Ele estava no campo de golfe, mas a série não faz questão de aprofundar a relação dos dois.  Sylvia despeja pequenas maldades sobre o marido, que nas mãos desse ministro se tornam grandes.  Fora, claro, o Major Drake (*amante dela na época do casamento*) que espelha que Tietjens é espião francês, porque ele é crítico a forma como a guerra está sendo conduzida e, claro, é delirante a respeito da França... Há Brownie, o banqueiro, que recusa o cheque e espalha mentiras para conseguir fazer com que Sylvia se separe e case com ele.  E tantos outros... Até Edith semeia mentiras.

 Terminando com o pai e o irmão de Tietjens.  Bem, eu tinha pontuado antes que achava a relação entre o pai de Tietjens e a família Wannop muito estranha.  Mark também achava.  Ele imagina que Valentine pudesse ser irmã deles, filha bastarda do pai.  Chrissie faz os cálculos e diz ser impossível.  Aliás, Mark tira todos os pontos das fofocas à limpo com o irmão, mas o diálogo é melhor no livro do que na minissérie.  Tantas frases de Mark que poderiam estar na boca do Rupert Everett! Também é legal ver a preocupação de Mark em se fazer próximo da família que lhe sobrou e começa confiando na palavra do irmão e na sua honra.  Mark é 15 anos mais velho que Christopher e eles nunca foram próximos. 

 Já o pai de Christopher, bem, ele estava muito abalado quando a fofoca caiu sobre ele.  No livro, Christopher tem mais cinco irmãos e o velho tinha perdido dois filhos e uma filha (enfermeira) no mesmo mês.  A história de Chrissie acaba com ele, porque, e isso a série não dá pista nenhuma, o velho patriarca queria casar com Valentine. Ele era apaixonado pela moça que poderia ser sua filha e fica arrasado quando descobre que ela é amante e teve um filho com Chrissie... Enfim, velho babão e burro.  O livro sugere que o acidente de caça foi suicídio mesmo.  E o velho realmente culpa a reconciliação de Christopher e Sylvia pela morte da esposa.


 É isso.  O livro é interessante.  Tem capítulos longuíssimos, algumas descrições muito cansativas, mas é bom.  O autor não trata mal as personagens femininas e faz um elogio à amizade entre as mulheres – que ele pinta como mais fiel e duradoura, mesmo em casos de traição – que eu nunca vi tão simpática.  E isso é curioso, porque pelo que andei lendo, o autor era mulherengo e terminava sempre odiado pelas suas (*mais de 30*) ex-amantes.  Agora, não sei se era imaginação do Fox Madox Fox, já que Tietjens é inspirado nele, ou delírio próprio mesmo, mas a previsão da II Guerra que ele coloca na boca de Chrissie é um surto sem tamanho que nenhum analista seria capaz de colocar para fora depois do Tratado de Versalhes... Só lendo mesmo... E amanhã termina s série... O livro, nem sei quando consigo. ^____^ 

3 pessoas comentaram:

Olha faz tempo que eu não vejo um seriado com um personagem masculino que passa por tanto sofrimento. rs

As interpretações estão otimas e da para mostrar o estado terrivel pelo qual o heroi passa.

Ja li muitos autores dizendo que a Primeira Guerra Mundial (ou apenas a Grande Guerra como chamavam na epoca) foi tb o fim do "romantismo" nas batalhas, com o advento das metralhadores, armas quimicas e as trincheiras, as cavalarias foram destroçadas e no lugar dos "honrados" duelos de homem a homem oq se viu foi o massacre de milhares de soldados que mal viam seus inimigos, sem contar a febre das trincheiras e tantos outros males.

Sobre Sylvia eu juro que não acredito que tem gente que torce por ela. Provavelmente pessoal que acredita que o amor "regenera e salva" tudo.

Ela é uma predadota. Uma pessoa cruel, que gosta de controlar, brincar com os sentimentos, de causar sofrimento por puro prazer.

Triste dizer, mas lembra uma pessoa bem proxima a mim.

De qualquer forma,, apesar de dramas geralmente não serem a minha praia, a serie tem me agrado bastante.

Obrigado pela indicação :)

Anderson, eu também conheço pelo menos uma mulher como a Sylvia... E é gente da família, por assim dizer. Eu realmente não acredito que quem torcia por ela estava imaginando uma regeneração, a coisa é feia, bem feia. Acho que muitas mulheres – porque não vi homem postando sobre isso – Sylvia é um modelo de mulher poderosa e decidida, enquanto Valentine é passiva. Ora, poderosa ela é, porque é inteligente, corajosa, rica e sem escrúpulos, mas isso não lhe coloca como modelo. E vamos combinar que a Rebecca Hall, a atriz que faz a Sylvia, é espetacular. Não a conhecia, mas vou ficar de olho nela.

O Christopher, bem, ele escolhe o sofrimento. Ficou muito bem marcado o quanto ele se reprime no primeiro episódio. Ele é prisioneiro de um modelo de moral e uma forma de ver o mundo, e de papéis de gênero, também. Ele é sentimental e homens não podem ser assim. No livro, é dito (*personagem pensando, é isso o que ocorre o tempo todo praticamente*) que ele não vai ao teatro, porque se emociona e chora. Não fica bem um homem fazer isso. E, claro, há o amor gigantesco que ele tem pelo filho, acredito que sem a criança, a vida dele seria menos difícil. Bem menos.

Obrigada por comentar. Sei que fui insistente. ;-)

Eu só estou assistindo ao seriado agora, e cada vez que termino um episódio, venho aqui ler um texto! ^^ me deu uma ajuda, eu me confundo às vezes com algumas coisas; não sabia que haviam feito tantos cortes importantes! Fiquei até meio chateada por ter visto que o Chris do livro é tão diferente. Mas ainda assim estou gostando muito.

Se bem que, até agora eu não sei se sou team Val ou team Sylvia. sei lá, tinha esperanças de que ela gostasse mesmo dele e não soubesse como chamar a atenção do marido, mas esse episódio me fez perceber que ele é só um desafio para ela. Uma tarefa a ser completada.

Por fim, a coisa toda no trem faz sentido para mim - ela simplesmente conseguiu seduzir o cara. ele era virgem, não resistiu e tal. Ah, como o Chris deve ter se remoído pra vida com esse erro!! Talvez no livro, mais para frente, explique melhor. Agora que eu vi o quanto a série deixou de lado, fiquei com MUITA vontade de ler, mas temo não ter um inglês bom o suficiente...

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