No meu plano de férias estava assistir a segunda temporada de The Borgias e os cinco episódios que faltavam de The Scarlet Pimpernel da BBC. Acabei fazendo uma bobagem e apaguei os episódios do cartão de memória do tablet e não pude ver nem um, nem outro. No sábado, enquanto esperava pelo jogo de vôlei masculino, assisti o segundo capítulo de The Scarlet Pimpernel. O nome do episódio é Valentine Gautier. Foi um episódio excelente em que elementos que aparecem nos livros (*aqueles que eu não li ainda*) são integrados em um roteiro dinâmico e cheio de aventura.
Neste episódio, o Marquês de Rochambeau (Peter Jeffrey) foge da França (*e da guilhotina*), mas tem que deixar sua filha Helene (Julie Cox) para trás, escondida em um convento. O Marquês vai até Marguerite (Elizabeth McGovern) pedir ajuda, afinal, ela é francesa e casada com um homem muito poderoso. Só que o marido de Marguerite, Sir Percy Blakeney (Robert E. Grant) não mostra grande interesse pelo problema do Marquês. Na realidade, tudo era fingimento, já que Blackeney é o Scarlet Pimpernel. O herói planeja seguir para a França em companhia de Sir Andrew Ffoulkes (Anthony Green), um dos membros da Liga. Só que Marguerite acaba forçando o marido a levá-la junto aceitando-a como parte do plano.
Enquanto isso, a terrível agente do governo revolucionário, Gabrielle Damiens ou Mademoiselle Guillotine (Denise Black), aterroriza a vila em que acredita que a filha do Marquês está escondida. Robespierre (Ronan Vibert) quer a moça para chantagear o pai. Damiens executa várias pessoas por dia,,acusando-as de traição, até que o padre Joseph (Robert Langdon Lloyd), capelão do Marquês, se renda. Joseph é um padre refratário, que não jurou fidelidade à república e Damiens desconfia que ele sabe onde está Helene. Enquanto isso, Robespierre manda chamar Chauvelin (Martin Shaw) de volta ao trabalho. Ele havia sido demitido depois de fracassar em sua tentativa de capturar o Pimpernel. O que Chauvelin não sabia é que esta missão o faria reencontrar o passado e a filha que nunca conhecera...
Foi um episódio muito bom. A interação entre Marguerite e Sir Percy estava excelente. Ela continuando a desprezá-lo em público, ajudando-o a manter sua identidade, e Sir Percy cada vez mais afetado e tolo em suas falas. Ele é exatamente assim nos livros. Já na privacidade, os dois passam a agir como parceiros e muito apaixonados. Eles são o melhor Sir Percy e Marguerite como casal e tem momentos ternos e sensuais na medida certa. O elenco, como pontuei na minha primeira resenha, é pelo menos dez anos mais velho que as personagens originais, mas eles conseguiram ficar tão bem que eu deixei de me importar. E os diálogos dos dois são ótimos. :) Destaque para Marguerite tentando convencer o Pimpernel a levá-la e, já chegando no fim do episódio, para Sir Percy fingindo ser Chauvelin e pressionando Marguerite na frente da vilã. Os dois têm uma sintonia ótima e eu já entendi a frustração de muita gente quando Marguerite morre... Enfim, a maquiagem de Elizabeth McGovern está melhor neste episódio e o rosto dela parece mais bonito. Nada daquela aparência inchada do piloto.
Chauvelin é o destaque do episódio mais uma vez. Ele é um oponente terrível e o Martin Shaw é o melhor de todos os Chauvelin. Ele é o “Valentine Gautier” do título. Um homem que abandonou uma amante e foi para Paris, mudando de identidade. A amante terminou casando com o bondoso Marquês e a jovem Helene não é outra coisa senão filha do vilão. Nos livros da Baronesa Orczy há um livro sobre a filha de Chauvelin e a moça – pelo resumo que li – não sabia que ele era seu pai. O episódio da série da BBC foi buscar elementos nesse livro. Helene tinha fugido do convento e estava junto com um grupo de nobres revoltosos. Eles capturam Chauvelin, graças a intervenção do Pimpernel, já que os nobres não faziam prisioneiros, e Helene mostra piedade pelo vilão, levando-lhe alimento. Em uma das conversas, ele descobre que a moça só pode ser sua filha. Como seria de se esperar, até Chauvelin tem coração...
A vilã do episódio é a terrível Gabrielle Damiens ou Mademoiselle Guillotine (Denise Black), acredito que ela faça uma ponta no primeiro episódio, pois havia uma mulher trabalhando como agente do Tribunal de Salvação Pública no piloto. De qualquer forma, Damiens é dura, cruel e tem profundo desprezo pela nobreza e pela Igreja Católica. Ela tortura e manda executar padre Joseph e as freiras do convento onde Helene deveria estar escondida. Apesar do desprezo que sentia pela mulher, Sir Percy (*fingindo ser Chauvelin*), precisa seduzi-la. Aliás, ele fica ofendidíssimo quando ela diz que nunca ouviu falar do Scarlet Pimpernel. Já Damiens se derrete toda pelo falso Chauvelin e deixa de desejar ter nascido homem... De novo, o seriado da BBC bebeu nos livros, pois o último deles se chama Mademoiselle Guillotine e é sobre uma mulher a serviço da Revolução e que deu muito trabalho para Sir Percy. ^___^
Outra personagem de algum destaque é Henri, o líder dos nobres revoltados. Ele é interpretado pelo ator James Callis. Acho esse ator bem competente e ele estava muito bonito no episódio. O problema é que ele sempre faz o papel do sujeito covarde ou meio burrinho. Nesse episódio, ele é meio burrinho, além de suicida, já que atacar a base de Damiens não era uma boa idéia. Eu não imaginava que ele quisesse realmente morrer no ataque. Achava que era somente falta de juízo mesmo... O final dele e de Helene é trágico.
De qualquer forma, o episódio tem ação, drama e humor na medida certa. Estou lendo o segundo livro do Pimpernel e só posso dizer que o seriado da BBC é bem fiel aos personagens. Marguerite é uma mulher astuta e absolutamente apaixonada pelo marido. Sir Percy é afetado e tolo ao extremo. Sei Pimpernel talvez seja mais violento que o original, recorrendo mais ao combate do que à dissimulação, mas trata-se de uma série de ação, não há dúvida. E, claro, Chauvelin é aquele vilão de respeito, digno, inteligente, cruel na medida certa. A gente quase torce por ele. Devo assistir o último episódio da temporada esta semana. Daí, comento de novo.
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