Quarta-feira terminei de ler o volume #13 de Black Bird. Talvez algumas pessoas tenham pensado que eu tinha desistido de resenhar o mangá, mas não era isso. Simplesmente, me confundi e achei que tinha encomendado o volume junto ao Book Depository e fiquei esperando. O volume, claro, nunca chegou e eu descobri que não era culpa dos correios... Tsc... Tsc... Pois bem, lá em fevereiro, resenhei o volume #12 que era centrado nos dai-tengu, pelo menos alguns deles, e no sacrifício de Kyo por seus amigos. Aliás, Kyo termina o volume muito ferido.
O volume começa com Hoki, irmão de Sagami, tentando matar Sho. Como esperado, ele não tem nenhuma chance, mas o irmão malvadão de Kyo recua no último momento e não desmembra Hoki. Pois bem, o rapaz muito ferido é levado de volta para o quartel general de Kyo. Um dos temas desse volume é a questão da utilidade. Tanto Hoki, quanto Misao, não se vêem úteis o suficiente à causa de Kyo. Sakurakouji vai defender a tese de que amigos de verdade não o são por seu sentido utilitário, da mesma forma que você não ama alguém porque essa pessoa pode lhe oferecer uma compensação, você simplesmente ama.
Misao em sua primeira aparição está curando Kyo com seu sangue. Como o dano foi grande, o processo é lento e prazeroso, também. É o único momento “quente” do volume. Mas percebemos nessa seqüência o quanto Misao está estagnada. Ela teve um grande crescimento no volume #3, por exemplo, mas depois disso o amadurecimento da personagem foi restrito. Ela se acha inferior à Kyo em tudo, ela só se sente bem por ser “útil” ao líder dos tengu. Só que Misao se sente triste pela separação entre os irmãos. Kyo percebe que ela não está totalmente com ele, ou entregue à paixão...
Não acredito que a autora esteja trabalhando seriamente a idéia do triângulo amoroso. Misao ama Kyo e ponto final. Essa questão está claríssima. Só que Sakurakouji trouxe Sho de volta munido das características do vilão sedutor. Ele já era bonito, com seu porte e longos cabelos, agora, ele tem um tapa-olho e uma melancolia que comovem. Além disso, ele confessa seu amor e, ao que parece, sua virgindade. Ele nunca amou outra mulher, só Misao. Amar a moça é uma fraqueza, claro. Tanto para Sho, quanto para Kyo. Só que, de novo, a autora não é tão experiente para construir um drama que seja realmente tocante. Se ele sempre a amou, por que nas suas primeiras aparições foi tão cruel?
Se Sakurakouji tivesse temperado um pouco mais Sho no começo da série, o triângulo seria possível, do jeito como ela desenvolveu a personagem no início, ela eliminou a possibilidade. Misao se sente culpada, já que ela é a senka maiden, por separar os irmãos. Nós, leitoras, sabemos que não é bem assim, mas esse tipo de neurose é clichê. Ela quer ajudar Sho de alguma forma, sabe que ele sofre. Sho está morrendo. Quer dizer, como ele foi ressuscitado por meio de magia, está se deteriorando, por assim dizer. Ele não consegue mais controlar seu campo de força e Misao abre uma porta e acaba saindo na presença de Sho!
O desespero de Kyo, enfraquecido pelos ferimentos que sofreu no volume anterior é tocante. Ele teme pela vida de Misao. Só a muito custo ele aceita que os dai-tengu procurem por ela e aceita ficar no quartel-general. Enquanto isso, Sho se declara, se derrama aos pés de Misao, diz que nunca vai tocá-la, que só a quer perto dele. Trata-se de uma grande reviravolta, mas Misao o rejeita com muito tato. E ele desfalece, está morrendo. A única salvação é o sangue da moça. E Misao, claro, comete a grande traição...
Kaede – que eu acho que ainda terá alguma função sinistra na história – é encontrada. Aliás, os aliados de Sho estão sem rumo, por assim dizer. Kaede faz seu grande discurso sobre as grandes virtudes de Kyo, sua perfeição humilha os que não são como ele, produz ódio. Kyo simplesmente diz que não age como age por seu povo, por virtudes que julga corretas, mas por Misao e somente ela. OK, ele até pode acreditar que é movido por um amor egoísta por Misao, mas eu, que venho lendo esse mangá, sei que não é bem assim.
Por fim, temos o confronto. Sho, belissimamente desenhado, chega com Misao nos braços. Ele está coberto do sangue dos seus aliados. Kyo sabe o que Misao fez, que deu seu sangue, mas, talvez, imagine que algo mais aconteceu. Isso só saberemos no próximo volume. A moça, debilitada pela grande perda de sangue, se sente culpada, profundamente traidora do amor e da confiança de Kyo. E ele, claro, saca da espada e desafia Sho, agora fortalecido, para um duelo final. E temos um dos melhores ganchos de Black Bird até agora.
Foi um volume irregular e que, no geral, não foi dos melhores da série, mas teve momentos muito bons. Ou seja, pontuou alto em arte e por oferecer cenas muito bem articuladas. E não somente as de Sho e as de Kyo, uma das mais legais foi a cena em que Sagami chama o irmão ferido de “Hoki”. O garoto, que queria ser reconhecido como um igual pelo irmão mais velho, simplesmente pede que ele continue tratando-o como o irmãozinho menor por mais um pouco de tempo. Essas pequenas cenas fizeram a diferença, tornaram o volume #13 tão terno e, ao mesmo tempo, tão violento. Aguardo ansiosamente pelo volume #14 e pelo fim da série que está bem próxima.
2 pessoas comentaram:
Em qual volume vai encerrar?
Jally, eu só sei que está no arco final. Imagino que a autora feche a série em breve.
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