Este foi o título da minha fala na mesa redonda no III Seminário sobre Quadrinhos, Leitura e Ensino, em Leopoldina (MG), no dia 30 de março. Organizei os slides e decidi colocá-los aqui. Eles foram apresentados para professoras (*eram somente quatro homens professores em mais de 300*) do Ensino Fundamental e o material foi feito pensando nelas. Enfim, para que pudesse ser usado como ponto de partida para exercícios que elas pudessem fazer com alunos e alunas. Enfim, espero que seja interessante para vocês.
Acho que ainda vou mexer no vídeo, colocar fundo e referências bibliográficas, não sei. Ao contrário da comunicação (*Quando as Mulheres Tomam a Palavra: Reflexões sobre o Shoujo Mangá*) no I Fórum de Pesquisadores, que era algo que eu precisava escrever, essa fala não exigia um texto (*embora, talvez, ai da se torna um artigo... Quem sabe?*) e eu tinha o dobro de tempo, quase 40 minutos. :D Também dividi a mesa com especialistas “de verdade”, que têm livros publicados... É isso. Os slides estão aqui. Se quiserem usar, por favor, citem a fonte.
6 pessoas comentaram:
lo quiero¡¡¡
Legal...e espero que se torne um artigo mesmo. Achei muito interessante. Ainda vou assistir a sua palestra, aquela que você postou aqui no blog. Não consegui ainda ver direito por causa da minha internet lenta.
Eu já tinha meus receios, agora posso dizer que tenho nojo de Turma da Mônica Jovem. =/
Muito bom valéria. Queria ter assistido ao vivo.
Achei interessante a primeira parte da palestra. A questão de gênero é biológica, mas também construída socialmente, como no exemplo das cores. Perceber como as classificações mudam de acordo com a época ajuda e sobretudo nos fornece uma melhor compreensão sobre esse assunto que é a diferença entre gêneros: mais do que apontar as desigualdades e preconceitos, deve-se atentar que tanto o homem como a mulher complementam um ao outro. Diferença não equivale a desigualdade; lembrando a recente polêmica com a personagem Estelar nos EUA, o que eu posso afirmar é que li os primeiros quadrinhos em que esta aparece (Jovens Titãs dos anos 80) e li Capuz Vermelho e os Foras-da-Lei. A diferença que existe nas duas versões é que a Estelar dos Jovens Titãs era uma personagem complexa, que embora tivesse muitos problemas conseguia ter uma postura otimista, e ainda tinha uma tendência à violência JUSTAMENTE por que sua raça tinha menos das obliterações morais que os humanos (do ocidente), algo como a vontade pontencial de Niestchze sem as amarras da religião judaico-cristã ocidental. A sexualidade era um aspecto muito forte, mas tratada de maneira saudável, realista. A Estelar de hoje em dia... é como se ela fosse uma tentativa falha de reproduzir a de antigamente. Ah, e as poses sexuais que embora não me incomodem tanto como o moe exagerado e as poses ginecológicas em certos animes e mangás, fica meio que...sem ser sensual, nem erótico, muito menos pornográfico. Algo visualmente vazio, como as beldades do Carnaval carioca. Como o polêmico final da primeira edição do reboot da Mulher-Gato que é vazio. De nada serve, nem pra ser sensual e nem sexual! Imagine só.
O único ponto de discordância é com Relação à Turma da Mônica Jovem. Claro que é uma definição muito rasa do universo feminino, mas é efetivo com relação à faixa etária e é preciso ressaltar que a história NÃO tem objetivo didático, mas sim de identificação justamente porque mulheres protagonistas com as quais as leitoras se identifiquem são raras. É apenas UMA parte do universo feminino, mulheres sim fazem compras, gostam de ler revistas femininas como Nova (para as mais velhas) e Capricho (para as mais jovens) sem que isso signifique inferioridade, pois o importante é o espaço conquistado, em primeiro lugar. O objetivo primeiro da Turma da Mônica Jovem é o entretenimento. Ao contrário de Aya de Yopougon, que é didático, literário e sobretudo uma janela para um novo olhar, assim como Persepólis. esses livros são sobretudo porta de entrada para um novo mundo e um novo entendimento, destruindo preconceitos se não ao todo ao menos parcialmente. O problema não é revista da Turma da Mônica Jovem, e sim a falta de quadrinho como Persépolis e Aya de Yopougon que mostre um olhar feminino e universal sobre o Brasil.
Através do entretenimento se ensina. Você falou em “objetivo primeiro”, pois é, há outros e foi isso que analisei. Essa premissa permeia boa parte dos estudos sobre as mídias (cinema, telenovelas, quadrinhos, etc.). Aliás, todo o tom da história é professoral. Veja que reduzir o campo de interesse das mulheres (e quantas outras personagens femininas há naquele quadrinho?) a dependência econômica, culto ao corpo, consumismo e opção por leituras socialmente desprestigiadas (ou há algum valor social em revistas de fofoca?) é, sim, rebaixar as personagens femininas e passar uma mensagem problemática para as meninas.
E, sim, gênero não é “natural”, não na perspectiva que adoto: é cultural, é construído, é performance. Eu não estou falando de sexo feminino/masculino (*que são, também, construções, mas deixa quieto*), estou falando de papéis. E, bem, como papéis são múltiplos e a heteronormatividade também é construção, não acredito em complementaridade de feminino e masculino. Aliás, isso somente nos poda. Vide essa idéia de que vaidade é “coisa de mulher”, é pobre e preconceituosa, para dizer o mesmo.
Eu gostaria que meninas de 11-14 anos tivessem material nacional que lhes mostrasse que podem ser atletas, pilotos de avião, presidentes do país, e não somente dondocas consumistas que querem agradar um homem.
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