Comentando o Primeiro Capítulo de Carrossel

Como estava curiosa, decidi dar uma olhadinha na versão de Carrossel do SBT. A novela original é mexicana (*como boa aprte das exibidas pelo canal*), teve 375 capítulos e foi produzida pela Rede Televisa em 1989. Lembro que meu irmão e minha mãe adoravam a novela que foi exibida no Brasil entre entre 20 de maio de 1991 e 21 de abril de 1992. Depois, foi reprisada outras tantas vezes que nem me lembro. A Wikipedia diz que foram três. Mais curioso é descobrir que Carrusel (Carrosel) já era remake de uma novela argentina da década de 1960. O fato é que eu odiava, achava irritante e primária, mas só tínhamos uma TV e eu ficava lá observando...

A primeira coisa a registrar sobre a nova adaptação é que eu aposto que a Record – talvez até a Globo – terá sérios problemas de audiência. Apesar de esquemática, com atuações limitadas e imitando ao máximo o original, eu acredito que Carrossel será um sucesso para os padrões do SBT. Afinal, crianças são carentes de produtos para si na TV aberta, especialmente nesse horário, e há adultos que efetivamente curtem esse tipo de abordagem rasinha. Tem tudo para emplacar e o SBT vai se esforçar para popularizar o programa.

Eu não assisti o capítulo inteiro, mas algumas questões merecem ser pontuadas. Achei de mau gosto a Prof.ª Helena se aproximar da menina Laura – que junto com Cirilo é a única não-branca da escola – e comentar sobre ganho de peso. Foi gratuito, não houve introdução de um problema (obesidade infantil), fora que a questão dos distúrbios alimentares em crianças é algo cada vez mais freqüente em nosso país. E, pior, aproximadamente 80% dos casos são com meninas. Ficou parecendo o bullying corretivo da Cleyciane, sem nenhum compromisso pedagógico. Se essa for a batida, e a novela fizer sucesso, teremos crianças sendo pressionadas por colegas e pais de forma irresponsável em todo o Brasil.

Maria Joaquina continua Maria Joaquina, é a reprodução mais perfeita, mas se me lembro bem, Cirilo nunca bateu nela ou disse que ela era má... Se o fez, foi lá muito adiante na novela. O menino rodar a baiana (*discretamente, claro*) logo no primeiro episódio foi surpreendente e perigoso, já que o charme da personagem, o que o tornava querido e irritante ao mesmo tempo, era sua paciência com a riquinha branquela. Deveriam também avisar ao SBT que não se usa mais castigos corporais nas escolas brasileiras faz tempo.

A professora de música pegou Cirilo pela orelha e foi puxando até a presença da Prof.ª Helena. Não houve comentário por parte da professora boazinha. Em qual escola deste país uma professora pode bater em uma aluno? Conselho tutelar iria baixar na escola. De resto, arrancaram os óculos da Valéria, afinal, a "Menina" Marisa precisa mostrar bem o seu rosto. Passaram os óculos para a Carmem Carrilho. Uma das coisas fofas da personagem eram os óculos. O menino que faz o Daniel tem cara de garoto sapeca de propaganda dos anos 1970. Outra muito lindinha é a Marcelina. E o menininho que faz o Kokimoto é ruivo. Aliás, salvo Laura e Cirilo, são todos brancos. Não é de surpreender, fora isso, todas as crianças são umas gracinhas.

Bem, bem, devo olhar Carrossel de vez em quando para ver como a coisa se desdobra e se os atores e atrizes conseguem render melhor. De qualquer forma, a produção parece ter recebido uma boa verba, ainda que a trama vá ser indigente. Colocar a Prof.ª Susana como inimiga é de uma pobreza incrível, fora que o motivo é homem. No original, elas eram amigas, agora, devem reforçar a idéia de que as mulheres são as piores inimigas das mulheres... Ainda assim, duvido que não faça sucesso. Duvido mesmo!

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ATUALIZAÇÃO: Direto do F5: "O primeiro capítulo de "Carrossel", do SBT, marcou 13 pontos na prévia do Ibope da Grande São Paulo ontem. No horário, a Globo marcou 35, e a Record, 8 pontos.". Não falei? E a coisa deve piorar par ao lado da Record. Agradeço a Nani Usagi pela informação.