quarta-feira, 16 de maio de 2012

Comentando o Livro Catching Fire - Parte II: De Volta à Arena



"Lembrem-se, vocês não estão mais em um ringue cheio de crianças trêmulas. Estas pessoas são assassinos experientes.”
Haymitch


Como tinha prometido, aqui está a segunda parte do meu texto sobre Catching Fire, segundo livro da série The Hunger Games. Esta parte será centrada somente nas personagens e na trama. O plano de fundo, isto é, o mundo de Panem, já foi apresentado e discutido na primeira parte. Eu só me desculpo, porque provavelmente irei puxar coisas de Mockinjay para cá. Afinal, já passei de 30% do livro e estou caminhando rápido na leitura. Não há como fugir de spoilers neste texto, nem pretendo, então, continue por sua conta e risco.

Quando começamos o livro 2, Katniss está morando na vila dos vencedores, que só tem três casas habitadas, a dela, a de Haymitch e a de Peeta. Afinal, o Distrito 12 é o mais ferrado de todos e fazia quase 25 anos que ninguém de lá ganhava um Hunger Games. A moça aguarda angustiada o tal tour da vitória pelos distritos e se preocupa com algumas questões: o retorno como mentora de novos tributos, o tour em si e a frieza de Peeta depois que o jovem tem a certeza de que ela fingiu gostar dele. Katniss também tenta retomar mal e mal a sua vida, especialmente, a sua relação de amizade com Gale. Obviamente, nem a nossa distraída dos assuntos do coração Katniss acredita que as coisas vão voltar ao mesmo patamar.

Gale, agora, está trabalhando na mina (*turno de 12 horas*) e eles só podem se ver nos domingos, quando saem para caçar. Durante o livro, somos informados que ele foi apresentado pela equipe de cobertura dos jogos como “primo” da moça, já que seria um problema para a manutenção da imagem dela e de Peeta como casal super apaixonado se descobrissem que ela passava horas e horas rodando por aí com um sujeito tão bonito e viril... A época do tour se aproxima e Peeta sempre consciente das suas responsabilidades (*e apaixonado*) volta às boas com Katniss, mas o Presidente Snow, o ditador de Panem, aparece na casa da moça e a ameaça. O truque usado por Katniss no final dos jogos acendeu uma centelha de revolta, daí a ponte com o título do livro. Se a moça quiser que Gale continue vivo, ela tem que provar para toda a nação que ama Peeta e que tudo o que fez foi por ele e, não, um ato de desafio ao regime. Obviamente, isso não será fácil já que Katniss não tem controle sobre a recepção que as pessoas tiveram de seus atos, fora, claro, que ela é bem desastrada. O talentoso com as palavras, é Peeta.


A primeira parte de Catching Fire mostra uma Katniss acuada, confusa e traumatizada. Eu realmente acho isso completamente aceitável, afinal, ela teve sua vida roubada aos 16 anos e, agora, não sabe o que pode fazer para tê-la de volta. Na verdade, ela sabe que não a terá de volta. Aliás, uma das coisas importantes nos livros de Suzanne Collins é ressaltar que ninguém sai ileso da arena. Katniss, Peeta e Haymitch estão unidos pela mesma maldição. A cada ano devem se lembrar de novo e de novo dos jogos, dos mortos, de como são prisioneiros da fama midiática que não pediram, nem desejaram. Enfim, ninguém fica livre dos Hunger Games. Não existe, entretanto, uma forma única de reagir, de tentar superar o trauma. A autora se mostra muito sensível à diversidade humana nesse aspecto. Haymitch se torna um alcoólatra (*algo que todos sabem e veem*), Katniss tem pesadelos e crises de pânico... Como a narrativa é em primeira pessoa, só sabemos o que Peeta sente através de Katniss. Ele tem pesadelos, mas se refugia na pintura para tentar superar o trauma. "Ter um olho para o belo não é a mesma coisa que ser fraco. Exceto possivelmente quando se trata de você." , diz Peeta. O livro, aliás, é cheio de frases interessantes, memoráveis.

O tour, no entanto, é marcado pela percepção de que a revolta já está em andamento e nada do que Katniss faça poderá parar o processo. O incidente no Distrito 11 – terra de Rue – é de uma violência extrema. De novo, não há como não ver aquela relação como a mais brutal das escravidões. Peeta fica sentido ao descobrir que Katniss e Haymitch estão escondendo dele todos os fatos, mas ele acaba tentando ajudar Katniss. Neste livro 2, podemos ver o quanto Peeta é uma personagem adorável e só alguém muito insensível não vai ficar mortificado em relação ao destino do rapaz quando terminamos o volume. Adorável é um termo esquisito? Mas qual outro termo eu teria para ele? É honrado, inteligente, prestativo e, como na frase que eu coloquei acima, tem um gosto para o belo que não pode ser confundido com fraqueza. A força de Peeta certamente não reside na sua capacidade de matar, mas, ainda assim, ele até se esforça por Katniss... É um sujeito do bem, por assim dizer. Além de ser uma personagem muito madura, se comparada com Katniss, que demonstra pouca maturidade emocional. Afinal, ela trabalhou muito pouco esse lado, reprimiu seus sentimentos para sobreviver, e bombardeada de todos os lados, não consegue reagir com a presteza e o equilíbrio necessários.


Não se trata de um defeito, eu diria, é característica da personagem. Também, não é uma redução da personagem ao clichê da pobre mocinha, pois isso, Katniss nunca será. Katniss é uma personagem forte, mas é acima de tudo uma menina sob pressão. Mas a graça é que se fosse um menino no seu lugar, a reação talvez fosse a mesma. Porque Peeta poderia ser uma garota sem problema, enfim... É muito interessante, por exemplo, ver como ela começa a tentar compreender a mãe, uma pessoa que ela culpava por ser fraca. Vemos, também, que a mãe de Katniss é tudo, menos isso. Simplesmente, a força dela é diferente, assim como a de Peeta. Como passa a admirar as virtudes e o amadurecimento da irmãzinha. Katniss é uma guerreira, a mãe dela uma curandeira, Peeta um encantador de multidões. Ninguém é fraco ao extremo, ou forte ao extremo. Acho positivo nos livros de Collins é que ela não se prenda às convenções de gênero. Ela distribui democraticamente as características ditas femininas e/ou masculinas entre personagens de ambos os sexos. Não vejo The Hunger Games como uma série feminista stricto sensu, mas ela vai muito além nessas questões do que a série Harry Potter, por exemplo.

Como Katniss não consegue convencer o Presidente Snow, nem com o anúncio do seu casamento com Peeta, ela passa a ter a certeza de que vai morrer. E então que começa a trama do Quarter Quell, os jogos especiais que acontecem a cada 25 anos para comemorar a derrota dos rebeldes. As regras são diferentes e o último Quarter Quell foi vencido por Haymitch. A nova edição irá reunir vencedores dos jogos que deverão ser sorteados e voltar à arena. Katniss é a única vencedora do Distrito 12. Eis a forma que Snow encontrou para matá-la. Nesse ponto, temos o segundo erro do vilão. O primeiro foi permitir que o Mestre do Jogo anunciasse que uma dupla do mesmo distrito poderia ser vencedora, o segundo, que vencedores voltariam a arena. Se era para evitar a revolta, isso serve de fermento, afinal, os vencedores eram heróis na capital e uma das seguranças que possuíam é de não terem que voltar aos jogos. A crise de pânico de Katniss é muito realista e angustiante. A autora conseguiu me fazer ver o terror de se imaginar de volta aos jogos, a certeza da morte, especialmente, para alguém tão jovem. Talvez no filme, mostrem como Peeta reagiu... A narrativa em primeira pessoa tem prós e contras mesmo...

O livro 2 introduz várias personagens novas como Plutarch Heavensbee, o novo mestre do jogo que substitui Seneca Crane. Aliás, o filme apresenta o suicídio compulsório de Crane (*olha de novo a ponte com Roma*) no primeiro filme, nos livros, é Snow quem informa Katniss. Também são apresentados outros antigos vencedores, como Johanna Mason, Finnick Odair, Betee e outros. Eu fico imaginando a dificuldade de escalação de elenco para o próximo filme... Não vou dizer que fiquei imaginando todos, mas o Finnick é minha preocupação, pois é outra personagem fácil de gostar (*eu amo, na verdade*) e o sujeito precisa ser ao mesmo tempo lindo e bom ator, ou teremos uma tragédia em cena. O fato é que Katniss e Haymitch decidem que desta vez trabalharão para que Peeta vença. E há a frase de Haymitch, “Você sabe, você poderia viver mil vidas e, ainda assim, não seria digna dele”. Ouch! Mas é por aí mesmo... Peeta fará de tudo para salvar Katniss e a moça sabe que será inútil, pois o presidente não a deixará viver... E olha que Peeta joga uma bomba na sua entrevista: Katniss estaria grávida dele!!!! O público tem tudo para odiar o presidente Snow...

E antes de ir para a arena, Katniss tem que ver que um de seus conhecidos, um PeaceKeeper que tentou intervir no castigo de Gale, foi transformado em Avox. Já a última cortesia que o presidente Snow oferece para a garota é presenciar o brutal espancamento de Cinna, uma das persoangens mais sensacionais da trama. E não tenho dúvidas de que era um adeus... O que Katniss e aparentemente Peeta não sabem é que Haymitch e outros vencedores têm uma agenda secreta. Há uma combinação que exclui os vencedores dos Distritos 1 e 2 (*os Careers*) de manter Peeta vivo e Katniss, também, claro. Peeta é salvo repetidas vezes por várias personagens, como Finnick, gerando muita confusão na cabeça dos dois. Por que estão fazendo isso? Veja que como o romance é focado no público juvenil, Collins parece tentar criticar o fato dos adultos subestimarem os jovens, vendo-os como menos capazes. Os dois adolescentes são deixados no escuro em relação a detalhes importantes do plano. Talvez, a captura de Peeta talvez pudesse ter sido evitada se ambos estivessem cientes do plano de resgate. Ao mesmo tempo, há a questão midiática. Ao natural, eles seriam mais convincentes...

Além disso, o santo de Katniss não cruza com o de Johanna, a tributo do distrito 7. Ambas são sobreviventes, são fisicamente potentes, são traumatizadas pela arena, mas Johanna parece ser muito mais impiedosa que Katniss. E, claro, ela provoca a protagonista... Aliás, ela, Finnick e o tributo do distrito de Rue (*muito amigo de Haymitch*), aproveitaram para atazanar Katniss por ela ser tão inocente em questões sexuais... Aliás, convencer que ela e Peeta têm uma vida sexual ativa é um trabalho muito complicado, a não ser que as pessoas tomem como evidência o fato de eles terem passado várias noites no mesmo quarto... OK, para muitas pessoas isso é mais que suficiente. Mas sexo nós não temos em The Hunger Games até agora. Aliás, nem uma tensão sexual mais forte. Está no nível água com açúcar de Harry Potter neste quesito. E olha que poderia ter sido bem convincente para o público ver Katniss e Peeta fazendo amor. Mas não rola nada... ou quase nada.

E voltamos a um tema que o pessoal sempre tenta colocar como principal, o triângulo amoroso. Ele existe? Sim, mas continua sem ser o centro da questão. Katniss, mesmo confusa, não consegue colocar o seu drama amoroso acima do bem estar dose seus entes queridos, e entre eles estão os dois rapazes, claro. É mais fácil dizer que Katniss não é a líder rebelde que muita gente vê nela. Ela é catapultada à fama de forma involuntária, ela não quer ser rebelde, ela quer viver e da melhor forma que puder. Ela quer fugir. Gale, imbuído de todo o seu ódio contra o regime, se recusa. Ele prefere a revolta. Peeta iria com Katniss para o inferno se ela pedisse. E Haymitch (*que não sabemos estar envolvido com a revolta... ah, o velhoi disfarce de bêbado inofensivo!*) mostra para a menina que ela não iria longe e que não há Distrito 13, é tudo um sonho impossível. No entanto, a ameaça de Snow, a opressão no Distrito 12, o fato de Gale ter quase sido espancado até a morte, acabam tornando a situação insustentável. Katniss, que tinha dado uma rsposta Han Solo para a declaração de amor de Gale, acaba se decidindo pelo rapaz. Sinceramente? Para mim, ela já amava Peeta neste momento. Só não tinha certeza, nem terá por vários capítulos. O fato é que ela parece beijar Gale muito mais por pena, ou por confusão, enquanto Peeta recebe os beijos que realmente importam. E eles são contados: um na primeira arena; dois neste livro, o primeiro no trem (*quando Katniss pensava até em fazer sexo com ele*), o segundo (*vários seguidos*) na arena do Quarter Quell, quando ela imaginava ter poucas goras de vida...

Agora é continuar a minha leitura de Mockinjay. Pelo meu controle, cheguei a 40% do livro. Não entendo os comentários que o pessoal faz dizendo que Katniss demorou demais para se recuperar do trauma. O que eu vi até agora, especialmente depois do desfecho do Quarter Quell é a reação mais que normal de alguém coma personalidade dela e com o trauma que ela sofreu e continua sofrendo. Estou com o coração doído pelo Peeta, e falo sério, gosto muito dele, e pelo Finnick, este, sim, beirando a insanidade por tudo que passou (*perdeu sua mestra na arena*) e porque sua amada foi capturada pela Capital. Haymitch é uma personagem cada vez mais rica e eu gosto muito dele. Queria que tivessem realmente escalado o Hugh Laurie para o papel. Não que o ator que está não esteja dando conta, mas o Dr. House seria brilhante. Quanto ao Distrito 13, está na cara que eles são tão podres (*a sua maneira*), quanto a Capital... Mas esperem que eu termino o livro, logo, logo, e comento.

E, de novo, é preciso agradecer ao filme, porque sem ele jamais iria ler a série The Hunger Games. Para quem não viu, a resenha do primeiro livro está aqui.

20 pessoas comentaram:

Eu gostei tanto da sua resenha! (Eu penso muito como vc).

Sobre a demora da recuperação dela o argumento que eu escuto é o fato de Gale estar sendo "produtivo" enquanto katniss foge da nova(e imposta) obrigação de ser o mokinjay. Como se ela tivesse de ser algum tipo de heroína infalível.

Eu não achei a recuperação dela demorada, achei coerente com tudo que ela sofre e com a imaturidade emocional dela. Ela não é peeta, com sua gentileza e força inabalável. Como você disse, a força deles é diferente.

Deus, eu achei ela tão real, mas tão real. Foi uma das coisas que mais me tocou no livro. Eu sinto muito a falta disso nos livros em geral. A heroina nunca pode "falhar" com o leitor ou com o mocinho, é como se ela tivesse uma força inesgotável, mesmo os abalos mais pesados não são emocionalmente profundos e mesmo suas incertezas não são complexificadas. Somos antes de tudo pessoas, e pensamos muito em nós e em quem amamos, algumas vezes de uma forma não tão bela.

Existe uma banda que eu gosto muito, essa banda tem músicas doces com letras crueis. O vocalista canta para nós a verdade, que é cruel, mas o faz de maneira tão simples e doce que é belo. É mais ou menos assim que eu vejo essa série.

Na verdade, ela não deveria se obrigar a nada. Parece anti-heróico, mas tanto ela, quanto Peeta, foram usados. E o que alguns leitores e leitoras esperam é que ela abraçasse com toda empolgação o destino que lhe foi imposto. Ela até abraça, mas porque se sente obrigada e porque odeia Snow...

Enfim, o mundo de Panem não é realista, mas as personagens são e muito.

Obrigada por comentar.

Valéria, eu simplesmente AMEI a sua resenha! Se eu morasse em Brasília poderia ficar horas e horas conversando com vc em um café real! hahahaha

E de verdade, concordo com tudo o que você falou. Eu acho que os personagens são o ponto alto da série!

E de volta ao assunto da Katniss... Eu falei bastante no outro post né? A verdade é que eu amo a Katniss, e ela é uma das minhas personagens favoritas (só perde pro Peeta porque é impossível ser mais adorável do que ele. Eu o amo por todos os motivos que você expôs no texto, ele é maduro e forte na sua delicadeza). Ok, depois do Peeta e do Finnick (outra personagem que eu amo amar) Katniss é a minha favorita. Eu acho que peguei birra dela no terceiro livro por causa da cena em que ela se esconde em um armário...
Eu sei que é um detalhe aparentemente idiota, mas me irritou profundamente sabe? E ela faz isso várias vezes durante o livro. Foi por isso que peguei um pouco de antipatia pela personagem (apesar de amá-la e considerá-la, assim como você e a Raquel, muito humana).
Parabéns pelo texto, quando eu crescer quero me expressão tão bem quanto você!

Valéria, eu n tou mais recebendo emails avisando da atualização dos comentários... foi desabilitado ou é só comigo?

Então sua opinião mudou mesmo em relação "queria um livro com uma protagonista forte de verdade."?

Ler seus textos é um prazer, comentar também (:

Eu achei muito legal os seus posts sobre o segundo livro. Uma das minhas cenas favoritas é quando ela se desespera ao saber que irá voltar aos jogos. Pobre Katniss, usada por um governo, depois por outro e tão impotente perante a guerra, nada está a salvo, como proteger aqueles que ela ama? Ah, eu não sei qual dos 3 livros é o meu favorito. (Lá vou eu lutar com as letrinhas pra provar que não sou um robô. Eu erro toda hora... ;x)

Oi, Gabi!

Desculpe a demora em responder. Eu adoraria poder conversar com você sobre os livros... Na verdade, eu adoraria fazer um Shoujocast sobre a Trilogia.

Pois é, Gabi, eu realmente não acho que a Katniss demorou demais a se recuperar e agora que vi como o Finnick ficou, acho que você foi injusta, sabe? Katniss fica alheia, se rebela (*e eu adorei quando ela faz as pazes com o Haymitch*), mas ela está lúcida. O armário parece ser o único lugar onde ela pode ser frágil e ter privacidade. O pobre do Finnick chora, chora, chora... Até que Annie volta. E o que volta para a Katniss?

E como a Prim cresceu como personagem, ainda que apareça pouco. Estou na reta final do terceiro livro, daqui a pouco tem resenha.

Obrigada por ler e comentar. :)

Falmie, a cena do desespero e crise de pânico da Katniss no segundo livro, é uma das minhas favoritas, também.

Raquel, a Katniss é uma protagonista forte de verdade... mas volto a isso quando fechar o livro três.

Quanto aos e-mails. eu assinei o formulário e recebo todos os dias. Tente assinar de novo, OK? Vamos ver no que vai dar. :)

(Eu também não estava recebendo as atualizações dos comentários! Será que foi uma pane geral? huahah)

Eu acho que um cast sobre a trilogia ficaria incrível! :D

E realmente, a Prim é uma das maiores surpresas ao longo da história! Pra mim, ela se torna a personagem feminina mais forte. Ela é centrada e faz tudo o que for necessário.

E talvez seja um pouco injusto, a questão é que Katniss me decepcioonou muito no terceiro livro... Eu não sei até onde vc vai comentar, mas tem um momento onde ela tomará uma decisão incoerente com tudo o que eu esperava da personagem (Peeta obviamente não decepciona). Se por um lado é bom por mostrar um lado mais humano, sem nenhum tipo de idealizações, eu ainda acho que teria sido melhor se a autora tivesse tomado outros rumos. E eu sei que as ações depressivas de katniss foram coerentes, mas de fato, o armário me pareceu extremamente forçado, sob qualquer ponto de vista. Se a intenção era fazer uma Katniss humana e realista do começo ao fim, eu achei a cena dos armário nada a ver (quem na vida real se enfia dentro de um armário literalmente? Ninguém que eu conheça com mais de 5 anos!).
Além do mais, Katniss tem Gale, tem Prim, tem sua mãe (apesar dos pesares) e de uma forma terrível ela recupera Peeta. Eu acho que depois do momento que Peeta começa a se recuperar com o jogo de verdadeiro ou falso, Katniss deveria ter mudado suas atitudes com ele, voltado a ser pelo menos próxima do que era antes... É como Haymich diz, se Katniss estivesse no lugar de Peeta, ele definitivamente não estaria a tratando assim.
xoxo

Mas aí é que está, Gabi, Katniss não é Peeta, é Katniss. E a questão do armário, bem, emocionalmente, Katniss é alguém com áreas muito mal desenvolvidas.

Ela efetivamente abandona o Peeta. Haymitch lhe diz isso (*ele também demorou a assumir seu papel de pai*) e ela para para refletir e decide tentar mudar de atitude. Isso é uma atitude humana e responsável, dentro do possível, dentro do que o "jogo" de verdade permite. E a Katniss só ficou sabendo do jogo do "Real or not real" na guerra, não antes.

Mas é isso. Falta pouco para que eu termine. Até agora o que não gostei foi da forma como o Finnick morreu. Ele merecia uma morte com falas, muito drama e tudo mais...

Sim Valéria, eu entendo perfeitamente isso, na verdade a gente até comentou isso no outro post: Peeta é muito mais maduro emocionalmente do que Katniss, isso é um fato.
Mas como eu disse, é questão de birra mesmo! huahahahah acho que por ter uma idade patrecida com a da personagem, eu tenha me identificado muito com ela, e talvez a tenha idealizado demais e me decepcionado no fim... pode ser isso.
Por um lado é bom, personagens humanos críveis, eu entendo. Mas sinceramente? Eu queria entrar no livro, abraçar Katniss até ela chorar todas as suas mágoas, e depois bater nela até ela se recompor huahahahaha

E concordo, ela descobre do jogo na guerra e tenta mudar com Peera, fato, mas vc não entendeu o que eu queria dizer antes. Não era do pré guerra que eu estava falando, e sim do pós. Porque na guerra teve o verdadeiro ou falso, e a partir daí Katniss começa a mudar com Peeta, mas ela retrocede! Tanto que enquanto ela está sendo tratada de suas queimaduras ela sabe que Peeta também está lá! Mas ela não vai até ele nenhuma vez! E quando eles voltam ao distrito 12 ela demora a aceitá-lo. porque isso? Essa é a parte que eu não entendo. Antes da guerra a recusa que ela tem com ele é perfeitamente normal e compreensivo, mas as coisas mudam na guerra! Eu não entendi porque o comportamento dela no pós guerra volta a ser como era no pré (agora fica um pouco mais fácil para eu tentar explicar, porque sei que vc já leu o livro XD).
Uma Katniss deprimida eu aceito, mas no livro 3 a personagem já estava caindo no chilique, e isso me irrita (e me decepciona um pouco).
E o fato de ela ter votado para mais uma edição dos jogos vorazes? Ok, essa foi a ferramenta final da autora, o golpe de misericórdia pra quem tenha sequer idealizado Katniss, mas mesmo assim... eu fiquei indignada que nem o Peeta nessa cena huahahahahhaha

E com certeza vc definiu tudo sobre a morte do Finnick. Eu tinha odiado e não tinha entendido o porque até agora, e vc me ajudou a ver: ele é um dos personagens principais, mas teve morte de figurante. Finnick morrer já era triste por si só (ele é meu personagem favorito depois de Peeta), mas poderia ser o clímax dramático do livro. Ficaríamos tristes, claro, mas não teria sido despropositado.

Um, Gabi, se você fala do pós-guerra, eu não posso concordar com você. Katniss está destruída. Perdeu Prim. Perdeu a mãe (*que fugiu e deixou Katniss para trás, talvez por acreditar que ela sobreviveria*). Gale também foi embora. Ela quer morrer. Daí, o abandono total. Eu não tenho como culpá-la e nem acho que ela abandonou Peeta, ali, ela se abandonou mesmo. Só quando ela consegue vivenciar o luto, ela começa a perceber que pode, sim, continuar vivendo e que Peeta está lá, como sempre (*ou quase*), esperando por ela.

Eu gostei muito dessa parte, mesmo, porque eu estou vivendo o luto, perdi uma pessoa muito querida e sei o quanto faz falta e dói e como, às vezes, a gente não se permite chorar, chorar, chorar... Katniss perdeu muita gente que ama e quase perdeu a si mesma.

Já os Jogos, o que me incomodou é não saber se aconteceram, ou não. Isso, para mim, era informação fundamental. A impressão que tive ali, naquele momento, é que ela estava testando Haymitch: "Ele sabia dos planos de Coin?" Não, ele não parecia saber. E, também, confirmar a má índole da Presidente. Mas confesso que a cena da execução não me agradou muito. Faltou alguma coisa, pareceu forçada, sei lá...

E a morte de Finnick, quero que seja muito diferente no filme. Que consertem a falta de imaginação da autora ali. Finnick tem que morrer em grande estilo.

Sim eu compreendo, mas como eu disse, foi uma questão de birra minha mesmo com a Katniss sabe? Por isso que eu entendo todas as opiniões contrárias à minha XD
E eu acho que ela surtar no livro 3 foi perfeitamente compreensível, na verdade todos os vitoriosos surtam. Mas de todos eles, Katniss me pareceu a menos realista, menos crível... Johanna e Haymich são viciados, Finnick chega nos limiares da loucura, Anne é totalmente perturbada e Katniss... dá piti e se esconde no armário. Sei lá, eu esperava mais profundidade na crise dela, achei meio chiliquenta... mas reforço, essa é a minha opinião.

Quanto à questão do luto eu já vivenciei essa situação. É difícil, é destrutiva, mas também é muito particular de cada um (e eu já te mandei um e-mail sobre isso na época mas reforço aqui meus pêsames pela sua perda pessoal, eu continuo orando por você e que Deus vá amparando a sua perda, porque realmente é uma situação muito muito triste...)

Mas voltando ao livro...
Eu no lugar de Katniss procuraria conforto em Peeta, afinal ele sempre foi o porto seguro dela.

E quanto a Finnick, vamos esperar que o filme salve essa parte! Mas pra isso acontecer, primeiramente, QUE ELES N~]AO ESCALEM A LAGARTIXA PATTINSON! PELO AMOR DE DEUS!

Gabi,

Eu entendo, essa é sua opinião. Eu só quero fazer uma consideração. Você conhece uma doença chamada depressão? Não eu não tou falando de depressão na maneira que as pessoas usualmente empregam, estou falando da doença.

Essa é uma doença psicológica, que tira da pessoa a vontade de viver. Ela é silenciosa, você não percebe. de repente, é como se nada mais conseguisse te divertir. Então você tenta e não consegue, se frustra e sente-se tão cansado. Começa a virar um ciclo vicioso. É como se faltasse força, faltasse algo e vc não tem mais vontade de comer. Algo ruim está dentro de você, um mal estar perpétuo. Você não entende, mas de repente saem lágrimas dos seus olhos e nada faz sentido. de repente você se questiona qual é o sentido da vida... pq no momento tudo parece tão... sem sentido... sem graça... sem vida.

Isso é uma pequeníssima amostra dessa doença. Pessoas se matam por ela, pessoas tomam remédios pesadíssimos por ela e qualquer pessoa pode desenvolvê-la. Por que eu tou dizendo isso? Porque você disse que ela se esconder no armário não é crível, talvez não para você. Eu me lembro de uma época minha, no final de um relacionamento, que eu abracei um armário e chorei copiosamente.

Quanto faltava para eu entrar dentro dele? Não sei. Para katniss foram mortes e traumas. O meu caso não era depressão, mas eu estava bem destruída na época e era "apenas" o fim de um relacionamento. Acho toda a reação de katniss infinitamente justificável.

sobre a situação depois da guerra: Como ela, destruída que estava, iria procurar o amor? qual é, ela vai pensar em romance quando a irmã dela morreu? Quando nada faz sentido, nem mesmo existir? Além disso, Peeta pode ser uma lembrança de tudo que ela passou. Se eu estivesse no lugar dela, talvez nunca desejasse vê-lo.

É isso beijinhos

Raquel, o seu tom foi um pouquinho exagerado. Qualquer pessoa com o mínimo de instrução sabe o que é depressão em termos clínicos.
Eu mesma já tive depressão na época de colégio, e me tratei. Realmente é uma situação paralisante de tristeza e desgosto profundos. Se a autora tivesse feito Katniss em crises de apatia e largada em uma cama, em uma situação de inércia pura eu não teria achado irrealista, por exemplo.

E não sei porque vocês insistem tanto na validade da questão do armário... pra mim aquilo foi muito irritante, e na minha opinião a crise dela não foi realista nem crível. Poxa vida, eu sou da faixa etária da personagem, eu sou público alvo do material, eu acho que a minha opinião seja minimamente relevante. Eu conversei com outras pessoas da minha idade sobre o livro esses dias, e ninguém discordou que o armário tenha sido um exagero.
Eu acho que ela poderia ter feito uma crise depressiva bem pesada e bem realista pra Katniss, mas não foi isso o que eu vi. Entrar no armário é coisa de criança brincando de esconde esconde, foi apenas risível.

E eu não estava dizendo pra ela procurar amor no pós guerra, e sim conforto. Não vejo que mal um par de braços fortes e familiares, como ela sempre se referia a Peeta quando ele a amparava poderia fazer para ela. Mas como eu disse antes, a situação de luto é muito particular para cada pessoa. Quando em luto, eu procuro pessoas e situações familiares, pra me situar de que apesar da tristeza algumas coisas continuam. Isso me conforta.

Mas como eu sempre reforço, essa é a minha opinião.

Gabi,

ah, eu n sabia disso. Muita gente no meu meio não conhece depressão em termos clínicos e por isso da menos importância a doença. Sobre o tom exagerado, eu não achei (novamente discordamos em matéria de sentir). Eu já convivi e conversei bastante com alguém com a doença e achei que descrevi o que ela sentia.

Ok ok, eu vou parar de insistir na questão do armário. Nós nunca vamos entrar em um consenso... XP

Foi ótimo falar com você, qual graça teria se concordássemos em tudo?

Até o próximo post sobre Hunguer games :)

Raquel, na verdade vc descreveu a depressão muito bem, eu disse que vc estava exagerando no tom porque pensei que vc estava sendo irônica, mas eu me enganei, me desculpe por isso e pela minha resposta, que foi um pouco ríspida por conta do mal entendido.

Mas é claro, pessoas diferentes tem visões diferentes da mesma história, o que é muito interessante! Certamente não entraremos em um consenso, mas é muito válido saber que existem pontos de vista diferentes :D

Foi muito bom conversar contigo, até uma próxima vez :D

Adorei sua resenha
Penso qse igual a voce
acho que katniss ja amava Peeta muito antes do que ela percebeu.Todos percebem isso antes dela, penso que até mesmo Gale.

Eu ameei sua resenha
Penso mtt como vc tbm acho que Katniss amava Peeta antes do que percebeu,todos perceberam antes dele,acho que até mesmo Gale percebe antes dela.

O que eu mais gostei nesse livro, além da trama política bem interessante para uma obra voltada para o público jovem, foi a forma como a autora desenvolveu as personagens, sobretudo Katniss. O que eu mais gosto nela é o fato dela se abalar profundamente por tudo o que passou, algo raro de se ver em protagonistas. Você fala muito em Harry Potter nas suas resenhas em Hunger Games, então, vou usá-lo como exemplo também: Potter, por mais que a autora descreva momentos de tristeza, não aparece em cenas de fraqueza ou dúvida intensas, nem mesmo um leve sinal de trauma por tudo o que viveu. Já Katniss é uma colcha de retalhos: a fragilidade e o abalo que ela demonstra sofrer a tornou uma das personagens mais interessantes que já vi. Aliás, todos as personagens são muito bem escritas, com camadas e camadas para serem desenvolvidas.
Sobre o triângulo amoroso. Terminei o primeiro livro com a certeza de que Gale era o escolhido do coração da moça, e continuei com essa opinião no segundo livro. Só que por motivos diferentes: o amor de Katniss por Gale é real, mas acredito que os motivos dela sejam tentar resgatar a vida que tinha antes dos Jogos, se agarrar àquele tempo. Tanto que a autora usa o recurso de por a personagem imaginando o que teria acontecido caso não tivesse ido para a arena na primeira vez. Da mesma forma, é delicioso ver Katniss se apaixonar por Peeta, pouco a pouco. O que achei uma boa jogada nisso tudo, é que tanto Peeta, quanto Gale, são rapazes dignos do amor de Katniss. E, principalmente, que a autora não fez desse imbróglio a principal questão da vida de Katniss. Palmas para a autora e desespero dessa leitora, que sentiu falta de cenas mais longas de romance.

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