Fiquei dois dias sem postar no Shoujo Café, porque estava fora participando das atividades do III Seminário sobre Quadrinhos, Leitura e Ensino e do I Fórum Nacional de Pesquisadores em Arte Sequencial, em Leopoldina, Minas Gerais. A grande responsável pela organização do evento foi a Natania, que fez os contatos, conseguiu os patrocínios, e se dá bem com um monte de gente que entende e trabalha com quadrinhos.
O primeiro dia do evento (30/03) foi reservado para o III Seminário. Eu participei do primeiro, não pude ir ao segundo, e fiquei feliz em estar presente e participar de uma mesa redonda no terceiro. Este evento era todo dedicado a professoras (maioria absoluta) de Ensino Fundamental e Médio. Foram bem mais de 200 inscrições e o número de presentes, contando com alguns alunos do CEFET, passou dos 300. Foram três palestras e uma mesa redonda, o suficiente para que ficássemos lá o dia inteiro. Pela manhã, começamos com a palestra do professor e quadrinista João Marcos Parreira Mendonça. Eu não o conhecia pessoalmente e fiquei realmente encantada com a forma inteligente e sensível de abordar sua experiência como artista e educador, sua produção acadêmica e até o trabalho como roteirista da Turma da Mônica. Tinha um livro dele, Traça Traço Quadro A Quadro – Produção de História em Quadrinhos no Ensino de Artes, que é muito bom, mas só fui unir a pessoa ao nome quando o vi. O site dele é este aqui. De manhã, tivemos também a palestra com o Prof. Gazy Andraus, que expôs resumidamente a sua tese de doutorado sobre leitura de quadrinhos. No retorno, foi a vez da mesa redonda com os professores Iuri Andréas Reblin, Amaro Braga e eu. Apresentei um trabalho prático (afinal, as professoras devem ter condições de usar como modelo ou ponto de partida) com o título de Gênero nas HQs: Perpetuando desigualdades, questionando valores, construindo práticas (depois coloco o power point em algum lugar). E, por fim, houve a palestra dom o professor Paulo Ramos sobre a questão das adaptações de clássicos da literatura para os quadrinhos. Foi um belo fechamento para o evento. Aliás, eu aprendi muita coisa mesmo.
No sábado (31/03), tivemos o do I Fórum Nacional de Pesquisadores em Arte Sequencial. Foi um marco, porque conseguiu reunir um número razoável de pesquisadores que trabalham com quadrinhos nas mais diferentes áreas, começando por educação e artes, passando pela comunicação, sociologia, design, história e até teologia. Eu deveria coordenar junto com a Natania um GT (grupo de trabalho) sobre gênero nas HQs, mas não deu. De qualquer forma, foram ao todo quarenta e três trabalhos divididos em seis GTs. Eu realmente lamentei não termos o GT de Gênero, porque não pude assistir vários trabalhos, inclusive um sobre Aya de Yopougon do Júlio Nunes Sandes Martin que disse que conheceu o quadrinho pelo meu blog. Só que, para o meu azar, nossos trabalhos eram exatamente no mesmo horário... Acontece! E antes que eu me esqueça, a abertura do Fórum foi com uma palestra do professor Waldomiro Vergueiro da USP.
Eu espero que tenhamos vários outros eventos desse porte ou maiores. É bom ver que há cada vez mais gente trabalhando com quadrinhos no Brasil dentro e fora das universidades. Ainda temos um longo caminho a percorrer para que os preconceitos dentro e fora da academia possam ser diluídos, mas já caminhamos um tiquinho e eu fico muito feliz em fazer parte dessa história. Outra coisa importante é reforçar que nada disso se realizaria sem a força de vontade e o esforço da Natania. Ela é um modelo de seriedade, disciplina e dedicação quando se trata de trabalhar com quadrinhos e para que o preconceito em relação a arte seqüencial possa ser deixado de lado, vide o trabalho com a gibiteca. Para quem quiser ver a programação do I Fórum, o site é este aqui.
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