Passeando pela internet ontem, acabei tropeçando em uma página sobre uma antologia de quadrinhos inglesa feita para meninas chamada Bunty. E a revista foi publicada entre 1958 e 2001, continuamente. Os autores eram em sua maioria homens, ao que parece, mas é muito significativo que tenha existido uma revista especializada focada nas meninas. Mais curioso é que uma das histórias mais importantes da revista, The Four Marys, tenha sido publicada sem interrupção de 1958 até o fim da revista.
O quadrinho criado por Barry Mitchell tinha como protagonsitas quatro Marias – Mary Field, Mary Cotter, Mary Simpson e Mary Radleigh – que são internas em um colégio feminino chamado St. Elmo. Duas meninas são classe média, uma é nobre e outra das classes trabalhadoras e bolsistas. Segundo a Wikipedia, o quadrinho tentava mostrar as mudanças pelas quais passava a sociedade inglesa na década de 1950, mas, conforme o tempo foi passando, a experiência do colégio interno feminino foi se tornando cada vez mais rara na Inglaterra e o quadrinho se tornou obsoleto. A vantagem que The Four Marys tinha, virou contra a série.
Não deveria ser nada demais, afinal, as meninas foram adolescentes de 1958 até 2001. Só o contexto foi atualizado. É um esquema muito comum nos quadrinhos americanos, também. Ao que parece, as meninas resolviam pequenos problemas, como detetives, mas o quadrinho também focava em coisas triviais. As imagens mostram a passagem do tempo e como o character design da série foi mudando. Roupas, uniformes, corte de cabelo e, claro, qualidade ede desenhistas.
Eu conheço praticamente nada do mercado de quadrinhos inglês, mas a data de 2001 é exatamente o começo do boom dos mangás nos Estados Unidos. Sailor Moon, para ser mais específica, explodiu nessa época. Os mangás publicados nos EUA circulavam na Inglaterra. Pergunto-me se tiveram alguma responsabilidade na extinção da Bunty. Para maiores informações sobre a revista, visite a Wikipedia.
3 pessoas comentaram:
A Inglaterra tem uma tradição toda própria de quadrinhos. Antes dos japoneses produzirem quadrinhos de esportes, os britânicos já tinham materiais do gênero em suas revistas. Infelizmente, só lembram dos autores e desenhistas ingleses quando eles são importados pelos Estados Unidos para produzir os mesmos personagens de sempre na Marvel e DC. Mas eles tem coisas muito boas, mesmo – e praticamente desconhecidas fora da Inglaterra. :\
O mercado de HQs britânico parece bastante interessante, mas como o Lancaster falou, eu próprio só conheço os roteiristas da Verigo; Gaiman, Moore, Morrisson...
Uma curiosidade: os que eu conheci tem um formato mais proximo aos dos jornais tablóides, então tem poucas páginas – umas oito por capítulo – mas compensam com muitos quadrinhos. É narrativamente denso mesmo, e há revistas semanais, como no Japão. Tenho aqui a coleção completa da tentativa de se publicar a 2000 A.D. Inglesa no Brasil (coisa da Ebal nos anos 70). O formato é 23x28 cm.
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