Comentando Hadashi de Bara wo Fume - Volume 5

Recebi ontem meu 5º volume de Hadashi de Bara wo Fume (裸足でバラを踏め), de Rinko Ueda, e o devorei em míseros 20 minutos... se muito. Em termos de roteiro, este foi o pior até agora, e, bem, isso não diminuiu meu prazer de leitura. O volume 5 marca o retorno de Rinko Ueda depois de sua licença maternidade. A cada free talk (*as mensagens da autora*) ela se derrama falando da filha, dos desafios da maternidade, e da VOMIC (voice comic) de Hadashi de Bara wo Fume, só que, ao mesmo tempo, essa retomada talvez tenha atrapalhado um pouco a ordem dos acontecimentos e a forma como ela desenvolveu a história, mas o traço está lindíssimo. Agora, depois de ler o volume entendi certas críticas. Acho que foi nesse momento que várias pessoas largaram a série.

O volume 5 continua de onde o volume anterior parou: a partida de Komai, o mordomo. É estranho, mas Soichiro que sempre foi tão inteligente, parece realmente não perceber que Keiko é “do mal”, ou, então, está muito aborrecido com a reação passional do mordomo. Sumi fica a mercê da maid espiã, que continua espionando para o primo de olhinhos cruéis de Soichiro. Já o rapaz se mostra cada vez mais apaixonado e desejoso de consumar o casamento. O problema é que, nesse volume, Nozomu coloca em andamento seu plano de vingança e Soichiro corroído pela incerteza e pelo ciúme acaba se tornando uma presa fácil. E Nozomu age sozinho, já que dispensa parceria com o primo de Soichiro.

Outras questões importante do volume é que o irmão de Sumi parece realmente disposto a se emendar e Soichiro, apaixonado, aceita emprega-lo na companhia Ashida. Obviamente, isso não vai dar muito certo. Keiko, que descobrimos ser apaixonada pelo primo de Soichiro, descobre o segredo de Sumi. Só que o patrão lhe dá um desprezo tão grande que não suspeitaria que ela passasse para o lado de Sumi, que é um doce. Já Miu, infeliz esposa de Nozomu, finalmente tem certeza de que o marido ama Sumi e se volta contra a moça. Não sei se é definitivo, ou temporário, mas Mil periga ser a personagem mais trágica desse mangá. E uma das crianças que Sumi ajuda – e que agora são cuidadas por Komai – vai morar na casa dela e freqüentar a escola. Aposto que o garoto vai ajudar e muito, já que ele parece ter mais neurônios do que todos os adultos juntos. :D

Este volume aborreceu muita gente porque, depois de um desentendimento com Soichiro, Sumi sai para procura-lo no meio da chuva. Ela encontra Nozomu – que já dá sinais de ser um psicopata desde o volume 2 – e aceita ir até a sua casa, inclusive toma banho lá. OK, nossa heroína é uma boba e a autora queria algumas cenas de nu. Este, aliás, é o volume mais erótico da série. Só que quando Sumi entra na casa de Nozomu, ela não sabia que ele tinha se mudado, ela acreditava que Mil estivesse morando com ele. Não desculpa totalmente, continua sendo uma grande bobagem, mas se a gente começar a prestar atenção nessas coisas, especialmente em uma obra que se assume desde o primeiro momento como trash, não vai conseguir se despedir. Nozomu não fez nem 1/5 do que o Leôncio de Escrava Isaura aprontou e ele, que não tinha a aparência de príncipe encantado, enganou várias personagens do bem e do mal fazendo muito menos esforço. Eu perdoo e vou adiante. E, claro, Nozomu consegue plantar a semente da dúvida bem fundo no coração de Soichiro. Quero muito que o meu volume 6 chegue hoje. *____*

O momento sério do volume, muito sério, aliás, pois expõe toda a miséria a qual uma mulher casada poderia ser submetida, fica por conta de Miu. A moça é delicada, bem educada, filha de um conde e se esforça sinceramente para agradar o marido. Só que Nozomu a rejeita, não mostra nenhum apreço e mesmo respeito por ela. Quando a moça descobre que ele é apaixonado por Miu, sua reação é novelesca, a culpa só pode ser da outra mulher. Ao reagir, ela acaba dando a desculpa para que o marido a deixe na casa de seus pais e vá morar sozinho. Miu cai em depressão, perde peso, fica prostrada. Quando seus pais a visitam, parece que estão preocupados e a moça é surpreendentemente direta “Há alguma forma de conseguir o divórcio?”. O pai, então, a repreende, a chama de egoísta, e diz que o casamento é indissolúvel. Suporte as amantes do marido, os maus tratos, tudo. É seu dever.

Não espero que Ueda faça alguma discussão mais séria, não espero mesmo, mas a exposição crua dos acordos de casamento foi muito bem apresentada. Queria que Miu, não ficasse contra Sumi, mas, também não sei. Na verdade, ambas foram compradas. Sumi era pobre, Miu, apesar de nobre, tinha um pai falido. Ambas são mulheres compradas e sem vontade própria. Podem odiar a Rinko Ueda, mas no destrambelhamento dela, a autora está mostrando uma situação que deveria se repetir muito. Não é isso que de forma mais elegante é mostrado em Waltz wa Shiroi Dress de (円舞曲は白いドレスで), de Chiho Saito? Ou seja, mesmo Hadashi de Bara wo Fume se presta para algumas reflexões.

É isso, se meu volume seis chegar hoje, certamente farei outra resenha. Se não chegar, tentarei colocar outros mangás negligenciados na frente, fora a segunda resenha de Escrava Isaura. De qualquer forma, a série, com todos os seus defeitos, continua viciante. É até hoje o melhor exemplo de “É ruim, mas eu gosto!”, que eu conheço! Acredito que as duas mocinhas ainda chorarão muito até o fim do mangá, e nosso Soichiro vai ser enlouquecido pelo frio e doentio Nozomu. ^____^ Ah, sim, e por que Sumi tem tanta aversão á rosas? Mistério...